terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Argumento para novela de segunda sobre a mais banal solidão

Bem vistas as coisas, ela nunca foi feliz, embora não soubesse. Mas ninguém é, por isso trata-se de uma banalidade.
Em pequenina, vivia numa casa enorme, com manchas de humidade no tecto, com uma janela virada a norte no seu curiosamente pequeno quarto. Mais parecia um corredor. Era frequente as centopeias assustarem-na. Só a sua imaginação de criança lhe permitia ver desenhos nas manchas de humidade: uma nuvem, uma montanha com casinhas, a cara de uma velhota, um anjo...
Disfarçava a sua solidão de filha única a desenhar ou a brincar com os búzios e beijinhos que apanhava na praia. Enchia a mesa da avó Rita com tudo aquilo e imaginava cidades, pessoas, construia bairros, a livraria, o pomar, a mercearia, a escola,...e os búzios ganhavam vida e transformavam-se em gente. Outras vezes, fazia cidades com lápis e os trajectos ficavam assinalados a cores. Assim podia imaginar as ruas mais movimentadas, como as pessoas se cruzavam, onde moravam...
Claro que havia os Legos, com que construia a sua casa de sonho, e as bonecas de papel que desenhava e a quem fazia vestidos.
Os pais discutiam muito e aquele casarão, cheio de adultos que não se entendiam, era desconfortável. Mesmo nas épocas festivas, a mesa tão cheia de gente nunca lhe aquecia o coração. Lembra-se ainda daquele Natal em que chorou baba e ranho porque o Menino Jesus não gostava dela, apesar de ter sido bem comportada todo o ano. Numa carta lindíssima pediu uma pista de combóios e recebeu uma mini boneca horrorosa num berço de palha. Podiam ao menos explicar-lhe que eram os adultos que decidiam essas coisas. Teria o consolo de não ter o Divino zangado com ela.
Gostava da casa dos outros avós, na encosta do rio Tua, numa aldeia saida de um conto de encantar, com as vinhas de uvas moscatel saborosas e a avó Joaquina a contar-lhe histórias da família, da casa grande, enquanto a levava às hortas, à Igreja, ao rio...aquela varanda virada a sul era soberba. Mas os adultos só a levavam lá dois ou três dias no ano.
Quando saiu de casa da avó Rita, foi viver só com a sua mãe num andar minúsculo, onde se lembra de chorar muitas vezes encostada aos vidros da janela, misturando as suas lágrimas com as da chuva, com saudades do pai que raramente a vinha ver. Calada, chamava sempre por ele.
As muitas casas em que viveu depois da reconciliação dos pais eram melhores um pouco, mas nunca a casa com que sempre sonhara em pequena. Tinham em comum o desconforto.
A mais bonita era uma casa moderna, dos anos 60, com um jardim cheio de brincos de princesa, que pendurava nas orelhas, até que uma enorme lagarta verde acomodada no seu brinco acabou com a brincadeira.
Uma explosão de pirotecnia quebrou os vidros todos da casa, enquanto os corpos voavam e aterravam na plantação de bananeiras ao lado da casa. Foi uma sorte não ter ficado toda cortada. O encanto da casa foi-se.
Outra casa tinha ratos, até que uma enorme cobra pendurada na despensa lhes acabou com a festa.
De qualquer modo, eram casas com história, enormes outra vez. Tinham um sótão só para si, para pintar murais e mais murais. Tinham quartos gigantescos (sempre desconfortáveis). Lembra-se de uma casa em que só habitavam o primeiro andar, porque o Rés-do-Chão estava atafulhado de mobílias antigas. Nunca ousou explorar o esse Rés-do-Chão porque imaginava todo tipo de histórias de terror, especialmente nos dias de chuva e vento em que o telheiro de metal fazia um barulho dos infernos mesmo ao lado do seu quarto. Foi nessa casa que viu os pivots televisivos assustados anunciar o 25 de Abril, essa casa, curiosamente, é hoje o Museu Carmen Miranda.
Os amigos de infância foram com as casas. Nómada, embora tivesse muitos, desapareciam ao fim de um ou dois anos, quando tinha que se mudar de novo. Era sempre a mesma história. Começavam por a gozar, por ser filha única, menina do papá, mas depois até se afeiçoavam a ela, era uma amiga sincera e, na altura, muito divertida. Gostava de aprender os costumes locais e nunca lhe ocorria gozar com a pobreza de espírito ou material de ninguém. Brincava ao prego, ao berlinde, à macaca...as casas estavam sempre cheias com seus amigos temporários. Hoje não se recorda do nome de nenhum. Apenas algumas caras esfumadas ficaram retidas na memória.
Sempre pensou um dia ter sua casa e a sua família de sonho. As noites de adolescência acendiam-lhe os sonhos. O que era (é?), aliás, um lugar comum entre as adolescentes da sua geração. Um engano educacional?
Os sonhos inatingíveis foram desaparecendo um a um, incluindo a casa de sempre. É o custo de ser adulto e de estar no Outono ou Inverno da vida terrena.
Hoje vive num andar minúsculo atafulhado de medos, memórias e tralha do passado e do presente. Rodeada de gente, continua solitária. Uns dias mais, outros menos, ao sabor da melancolia.
Já não é, sequer, a menina do papá. Está morto.

Questions

Porque é que há alguém que se antecipa e come sempre o último chocolate quando já estavamos a salivar por ele?

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Tonel quer revisão salarial

Que grande notícia! Também eu e muitos milhões de portugueses queriam e não aparece a nossa fuça desesperada no jornal. Já para não falar dos que não têm emprego. O tipo até é bom rapaz, não é nada de pessoal contra ele. Apesar de jogar no CLUBE de FUNES e PBL. Soccer rules!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Preciso urgentemente de harmonia


Dos sacanas

Os sacanas dos familiares deixam os idosos nos hospitais durante a época festiva, não deixam contacto ou desligam o telemóvel, trocam presentes, empanturram-se, embebedam-se, dão porrada uns nos outros, insultam-se, viajam para as Caraíbas a crédito, ou ficam por perto a ver o fogo de artifício do bairro, conforme o estatuto sócio-económico, e depois vão buscá-los lá para o dia 2 ou 3 de Janeiro de 2009.

Posters de sempre




sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

CIA & Pfizer: Arte azul


Para apreciadores, a arte na informação:
-"Tome um destes. Vai gostar!"

Piero Manzoni


Para apreciadores,


a obra intitulada "Merda d'artista", do artista italiano Piero Manzoni, consiste numa série de 90 latas contendo as fezes do próprio artista. É fortemente influenciada pela ideia dos ready-mades de Marcel Duchamp. Uma preciosidade!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dedicado à estrela do Natal do PBL, de nome o Cão

Estou balhelhas, por isso, que os comentadores, como Funes,

O Belo, que dizem detestar o Natal e afinal estão refastelados depois de terem comido, ressonado e sabe-se lá que mais... , me venham socorrer porque já não aguento esta quadra natalícia. Nem um postzeco! Só o Abrupto se mantém fiel, mas com umas merdices de alto teor intelectual que ainda tornam tudo mais deprimente. Hoje, ao ler o Abrupto, tive a certeza que JPP está deprimido. O poema é de chorar baba e ranho com as malditas saudades m....da infância. Já não tenho idade nem pachorra para continuar neste estado.
O PBL afirma estar em estado de graça, por causa do Cão. Mas PBL não conta, porque confesssadamente aprecia o Natal.

Se Funes não aparecer já, que seja amarrado, com as mãos atadas, à mais alta árvore de Linhares da Beira, com os pés descalços e as suas queridas escolopendras a fazerem-lhe cócegas nos dedos peludos dos ditos, enquanto é obrigado a partilhar dois queijos da serra e vinte iogurtes com um rato do campo. A Claras pode dar-lhe às colheres. Caso Funes perca no concurso de "quem come mais depressa", que seja deportado para a Suíça (francesa) e obrigado a uma orgia de fondue de queijo, todas as sextas-feiras à noite, com muita cerveja à mistura, e que termina, invariavelmente, com ele em pelota de trenó a descer os Alpes até cair de fuças no lago de Genebra, acertando em cheio no geiser e sendo projectado para as alturas.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Um Natal diferente

- Não sei se volto. Não sei se resisto. Pensa.
As horas passam. A noite aproxima-se e com ela a angústia e o medo da morte. O medo da morte impede-a de viver. Todos lhe dizem que tem filhos para criar, que a sua tristeza permanente vai dar cabo deles, que o marido não tem que a aturar. Que outros passam pela doença e aguentam. Ela sabe disso tudo. Mas o medo é mais forte. Entrou em descontrolo. Sai de casa ao anoitecer. Diz que volta já. Mas vai ter com o pai.
Vê um carro preto a aproximar-se, talvez com uma família que se prepara para a Consoada. O carro atrai-a. Coloca-se mesmo em frente, já não pensa em mais nada. Liberta-se.
Na rua pacata começa um frenesim de sirenes e gente a amontoar-se. Mas ela já não está lá.
Está a ver tudo, fora do seu corpo ainda a cheirar aos fritos de Natal que passou a tarde a cozinhar. Não encontrou o pai e não suporta ver o sofrimento dos filhos ao olhar para o seu corpo frio. A angústia tornou-se eterna.

Marcas de prestígio









Para os comentadores amigos de marcas de prestígio, aproveito para as traduzir e para fazer as minhas ofertas natalícias virtuais:
-para PBL, uma camisa "Hugo Patrão" e umas calças "Paulo & Tubarão" a condizer.
-para os outros comentadores, "boxers" para rapaz (muito mais bonito do que cuecas) marca "Estrangulador".
-para as comentadoras, também "underwear" (muito mais bonito do que roupa interior) "O Segredo da Vitória".
-Para Funes, o Belo, umas calças e camisola "Buraco".
Não precisam de agradecer. Sei que ficaram comovidos com tanta bondade.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Millenium, Bárbara Guimarães e Titanic

O novo anúncio do Millenium, com Bárbara Guimarães na proa do barco, ressalvada a pobreza da embarcação à vela, e a música à La Féria, causa na minha mente uma associação imediata com o Titanic: é melhor tirar de lá o dinheiro, antes que vá a pique!

Período experimental III

Como é óbvio, o período experimental de 180 dias foi considerado inconstitucional.
Todavia, não me importava de ter dado um parecerzinho para aumentar os meus parcos rendimentos. Seria "trigo limpo farinha amparo".
- Ó Lopes, afinal só poderemos apreciar o seu bigode farfalhudo talvez durante 15 dias. Depois, teremos que o aguentar. A menos que a maioria de 2/3 no Parlamento nos safe.

Acreditem ou não...


Está à venda o Pai Natal anti-stress. Eis um exemplar:

Kaiser Chiefs- Never miss a beat

Das questões e incompletudes dos 10 Mandamentos

O meu filho descobriu uma falha num dos 10 Mandamentos. Na verdade, afirma-se: "não cobiçarás a mulher do próximo". Mas há uma omissão quanto a cobiçar o marido da "próxima". Podemos? Ou há que preencher a lacuna? Bastará a interpretação extensiva? Parece-me de longe preferível a interpretação literal.

Também falta um 11º mandamento: "não causarás um traumatismo craneano aos teus progenitores". A minha filha ontem caiu-me em cima, literalmente. Trepou a uma prateleira, desequilibrou-se, e apoiou o cotovelo na minha cabeça. Ainda estou sob observação e com uma raiva doentia. Além de parecer uma toupeira porque me partiu os óculos na violência da queda. Não consegui ainda perdoar. O meu corpo de dor não deixa, quero, mas não consigo. Vem-me sempre à cabeça a frase: "negligência também é culpa". O "foi sem querer", não me tira as dores, nem o medo. O meu Eu Universal está nublado.
O Natal está definitivamente arruinado por estas bandas.
Hohoho!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mário de Sá Carneiro: Quase

Mário de Sá Carneiro (1890-1916)
QUASE

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
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Assombro ou paz? Em vão ...Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor - quase vivido...
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Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
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De tudo houve um começo...e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
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Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas nunca mais fixei...
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Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
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Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
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Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Questions

Esta é especial para a Blimunda, que confessou destestar os "dias de... ". Pois hoje, 21 de Dezembo, estamos convocados para o dia do orgasmo global. Alguma sugestão?

Um casal de pacifistas da Califórnia convocou, para este domingo, um «orgasmo mundial pela paz» pelo terceiro ano consecutivo, às 12h04 de Lisboa. Esta iniciativa pretende assinalar o Dia Mundial do Orgasmo, escreve o 20 minutos.
O objectivo, segundo os organizadores Donna Sheehan e Paul Reffell, é conseguir o maior número de orgasmos sincronizados em todo o planeta, servindo de pretexto para que estas pessoas pensem um pouco mais na paz e não na guerra.
O casal, co-fundador da organização pacifista Baring Witnesse, que ficou famosa por organizar vários protestos com nus contra a guerra, apresentou três razões para este orgasmo funcionar como incentivo à paz mundial.
A sensação de bem-estar que traduz a harmonia com a qual se deveria viver na Terra. A compaixão, gerada pelo orgasmo, connosco próprios e com os outros. E a simbólica luta contra o aquecimento global, uma vez que, durante alguns segundos, se gera uma energia limpa.

http://diario.iol.pt/internacional/orgasmo-sexo-dia-mundial-do-orgasmo-paz/1024569-4073.html

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Fernando Pessoa /Ricardo Reis

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO: NADA
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Monges Budistas: Mantra

Ainda sobre o picheleiro

A corrupção, os ordenados astronómicos, meus amigos, não existem apenas entre os administradores públicos ou privados, nomeadamente da banca, e nos "jobs for the boys", ou nos craques do desporto, começa tudo por baixo, no esgoto, no canalizador/picheleiro, subindo pelo electricista, pelo tipo dos estores e passando pelo trolha. Para que é que estudei tanto? Para ter a vista cansada e o cérebro feito num oito. Se fosse canalizadora, estaria rica e bela, cheia de músculos bem torneados. E a médica nem me teria insultado, pois eu seria uma não licenciada, "um cidadão indiferenciado". Abaixo as licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Podem atirar os diplomas para a sarjeta. Virem-se para as saídas profissionais. Ganho infindavelmente menos do que um canalizador, um electricista, um trolha ou o tipo dos estores. Agora compreendo porque é que os centros comerciais estão a abarrotar e surgem como cogumelos.
Deixo o preçário de um canalizador minimamente competente. Atenção que eles acordam nos preços, mesmo que o Tratado da União Europeia proíba preços concertados. Estão-se nas tintas, ou melhor, borram-se para a lei.
Desta forma, a menos que conheçam o Sr. Joaquim picheleiro, que normalmente é incompetente e piora o que já estava mal, ou que tenham sorte e o Sr. Joaquim picheleiro seja competente e conhecido vosso, ou conhecido de um amigo, ou de um amigo de um amigo, e nem passe recibo... Se tiverem o azar de ter que recorrer a uma empresa:
Os preços são:
Deslocação: 40 euros
Mão-de-obra por hora: 100 euros
Material, depende...
Mais IVA.

E os advogados é que são os ladrões?

Do furto

Para afastar um cheiro nauseabundo vindo da casa de banho, evitar uma inundação por descargas sucessivas do cilindro e impedir o apodrecimento do armário do lavatório causado por uma persistente fuga de água de causa desconhecida, tive que chamar o canalizador três vezes. Podia ter tudo acontecido num dia, mas não. Cada cosa en su vez. Ninguém escapa à Lei de Murphy. Deslocações, mão-de-obra e material: duzentos e quarenta de dois euros. Cerca de metade do salário mínimo nacional. Duzentos e quarenta e dois euros pelo cano abaixo. Nem foram para presentes de Natal. E o tipo ainda levou embora a torneira do lavatório, origem do terceiro problema, pelo que nem o mesmo pode ser utilizado. Questiono: quanto custará a p... da torneira nova? Chegará antes de 2009? Se a Lei de Murphy funcionar na plenitude, o stock estará esgotado até, pelo menos, Março de 2009. Pode ser que, entretanto, ganhe dinheiro para pagar a torneira. Haja optimismo!
Depois de ser humilhada pela médica, agora sou vítima de furto pelo picheleiro. Já desconfiava, mas agora tenho a certeza que sou burra.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

2008 -AEDI

Está à vista de todos que 2008 foi o Ano Europeu do Diálogo Intercultural e que Portugal deu um grande contributo. Podiamos, ao menos, ser poupados à seca da "Gala de Encerramento". Eu queria ver o "Jogo Duplo".

Conto popular idiota. O grunho vai dentro, a mulher deixa de ser vítima burra que dói, e a tia Verde-Água cumpre pena por burla e cumplicidade

Havia uma mulher casada a quem o marido batia diariamente por não saber cuidar de sua casa. Não fazia almoço, nem jantar, não limpava e nem lavava nada. Temendo perder o marido, ela resolveu procurar a tia Verde-Água, a quem todos conheciam como feiticeira. Ao entrar na casa da velhinha, a mulher percebeu o seu asseio. Tudo em sua casa brilhava, havia flores e uma panela a fumegar no fogão. Então, a mulher contou o seu problema e pediu ajuda. A tia Verde-Água disse-lhe que fosse para casa descansada, pois no outro dia mandaria dez anõezinhos para a ajudar no serviço doméstico. Antes, porém, disse-lhe como deveria agir para ser ajudada pelos anõezinhos: primeiro, fazer a cama, depois, encher as vasilhas de água, a seguir, varrer a casa, limpar o pó, cozinhar e, enquanto esperava que a comida ficasse pronta, lavar a roupa, passar a ferro, costurar e bordar. A mulher foi para casa e, no outro dia, fez tudo como a tia Verde-Água recomendou. Ao retornar do trabalho, o marido encontrou tudo em ordem, a comida pronta e a mesa posta. Ficou maravilhado! A partir daí, com a ajuda dos anõezinhos, a mulher conseguiu salvar o seu casamento. Certo dia, resolveu ir agradecer à tia Verde-Água e pedir-lhe que continuasse a enviar os anõezinhos para a ajudar. A velha perguntou-lhe se ainda não os tinha visto em sua casa. Ela respondeu que não, mas que adoraria vê-los. Ao escutar sua resposta a tia Verde-Água pediu que a mulher olhasse para as próprias mãos e contasse os dedos, pois esses eram os anões que a iam ajudar todos os dias. Após rir muito de si mesma, a mulher foi embora muito feliz e confiante das suas capacidades.

Incitamento à escaramuça gratuita

Quem tem vontade de "molhar a sopa" em Funes? Acordei com esse desejo inexplicável.
Deve ser por causa da alusão de Mário Soares a Maio de 68 e do governo que o escuteiro mirim ousou sugerir no blog. Ou então, é o ego raivoso atacado pelas hormonas, ou ainda, o gene grego que há em mim. Não é nada de pessoal. Não me importo de "molhar a sopa" num representante de Funes, ou até num núncio.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Yusuf Islam (Cat Stevens) hoje.


via videosift.com

Questions

Porque será que Portugal é tão popular entre os presos de Guantânamo?

Cat Stevens

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Humilhação



Alguém já foi humilhado por um médico, em plena consulta, tendo depois que pagar 55 euros?
Nos hospitais públicos, os doentes são humilhados diariamente, toda a dignidade lhes é retirada (ressalvadas as excepções, dependentes de quem está de turno, do serviço e do hospital, ou seja, do factor sorte dentro do azar). Eduardo Prado Coelho, por quem nem tinha especial admiração, escreveu uma crónica notável sobre o tema.
Nos hospitais privados, tem dias... quando a minha filha nasceu e parte de mim morreu, uma freira atirou comigo para que eu, contorcida com dores, me virasse. Foi um dos actos crueis que me ficou na memória.
Agora, ser humilhada numa simples consulta privada, com a duração máxima de 5 minutos, nunca me tinha acontecido.
Sentenciou a médica: - "A senhora é licenciada, tem a obrigação de não se comportar como um cidadão indiferenciado, já cá esteve há seis meses, por isso recuso-me a fazer-lhe qualquer exame". Nem sequer me mediu a tensão, ou auscultou. Nada. Limitou-se a esta frase.
- "São 55 euros", disse a empregada.
Não paguei. Nem pago. Que venha a penhora.

O meu pai foi humilhado muitas vezes nos últimos anos de vida, inclusive foi vítima de negligência médica grosseira. Internado em hospitais sucessivos e várias vezes na Urgência, a humilhação, aliada à consciência de nada poder fazer para a evitar, foram de uma dureza extrema. O meu pai sabia exactamente como ia morrer. Por isso, quis morrer em casa. Ao menos isso conseguimos.
Uma vez que na minha memória ele morre todos os dias 15 e eu espalho as suas cinzas no mar todos os dias 16, em jeito de homenagem, deixo-lhe uma das flores de que mais gosto e que em tempos tivemos no nosso jardim. Já agora, estendo a homenagem a todos os doentes internados vítimas de humilhação.

Questions

Porque é que só um jornalista teve a coragem de atirar sapatos a Bush e de lhe chamar cão? Uma sapataria inteira e todos os palavrões em todas as línguas da terra e arredores seriam pouco para devolver a m...que este homenzinho fez aos EUA e ao mundo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No Top 1 da estupidez: Barney Bush

Questions


Porque é que a Ministra da Educação anda sempre de casaco castanho?

Da estupidez II


No Porto, cinzento de pobre, deprimido, ora húmido, ora chuvoso, e com um frio de cão, ontem, cerca de 14.000 seres humanos vestiram-se de Pai Natal.
Agora é que as poucas crianças que ainda acreditam no Pai Natal ficam baralhadas. Para cúmulo, puseram Mães Natais e Criancinhas Natais. Só não foram ao canil municipal porque os cães não tinham um euro para a inscrição e demasiada personalidade para fazer tristes figuras.
Tudo em nome de um recorde: o recorde Guiness da estupidez, agravado pela batota. A treta de angariar prendas para crianças desfavorecidas não passou de engodo. Há milhões de formas inteligentes de angariar euros sem passar por uma miserável parada de Pais, Mães e Criancinhas Natais ensopados pela chuva. Quem deve ter ganho bem foram as lojas do chinês, à custa dos disfarces vendidos.
Mas a alegria pacóvia da organização e da populaça fica aqui bem expressa: As inscrições ultrapassaram as 17.400, o que daria para estabelecer um novo recorde mundial, mas a chuva e o frio devem ter afastado alguns dos entusiastas iniciais. "Só saberemos exactamente quantas pessoas participaram mais logo, quando contabilizarmos os diplomas entregues a todos os que terminaram o desfile", "De qualquer forma, estou certo que é o maior desfile à chuva".

Como se não bastassem as iluminações pindéricas referidas por Funes, ainda temos que levar com o maior desfile de tudo quanto mexe vestido de Pai Natal à chuva.

domingo, 14 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

Da estupidez

Diz o nosso ditado popular que "quem não tem dinheiro não tem vícios". Nada mais afastado da realidade. Os centros comerciais, à razão de 1 para cada 50 pessoas, segundo me informam, estão a abarrotar de gente, supostamente, sem um tostão, já que estamos com quase 10% de desempregados, mais não sei quantos com salários em atraso e uma imensidão a ganhar o salário mínimo nacional ou menos. Naturalmente, recorrem ao crédito fácil que até aparece oferecido em chamadas inesperadas no telemóvel ou em cheques no correio. E nem se compra para trocar carinhos natalícios, é por consumismo ancorado na necessidade de manter as aparências ou numa psicopatia de combate à depressão colectiva.
O povo segue o Estado, que dá o exemplo do endividamento bacoco e estúpido: Portugal em recessão dedica-se a projectos megalómanos, como o TGV ou o novo aeroporto "Alcochete jamais", onde se vão gastar biliões, importando quase tudo, quando por muito menos se poderiam criar tantos projectos viáveis. Até o Governo se quer colocar em bicos de pés, para disfarçar o facto de estarmos na cauda da Europa.
A mediocridade é muito triste. Pior do que a gripe que me atormenta, como se já não chegassem as vertigens. Agradece-se um chá quente e carinho virtual.

Gershwin

Período experimental II

-É de casa do Lopes?
-É o próprio? Ainda se lembra de nós?
-Afinal, estivemos a ponderar em reunião de administração e achamos que o seu bigode não é assim tão farfalhudo. Venha de novo trabalhar connosco à experiência mais seis meses para avaliarmos se se adapta mesmo a limpar as sanitas.

Período experimental I

- Ó Lopes, neste sexto mês de contrato o seu bigode ficou muito farfalhudo, não gostamos nada, pode arrumar as suas coisas e voltar para o descanso.

(Cento e oitenta dias de período experimental? Isso devia ser para o casamento!)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Lengalengas

Lengalenga que me ensinou o meu tio-avô Leonardo Vaz, de alcunha o "tio pequeno".
Enquanto se conta a história, vai-se puxando, suavemente, quatro vezes por "Xixirixi", a orelha da criança/adolescente/adulto. Na frase final, dita lentamente, puxa-se com muita força, durante toda a frase (oito sílabas, oito vezes), até o ouvinte soltar gargalhadas ou gritos de "ai ai ai", consoante a sensibilidade e/ou a malvadez da execução. A orelha deverá ficar vermelha e quente.
Xixirixi, onde vais velha?
Xixirixi, vou à serra.
Xixirixi, o que vais lá fazer?
Xixirixi, vou buscar lenha.
Xixirixi, p'ra que é a lenha?
Xixirixi, p'ra cozer o pão.
Xixirixi, p'ra que é o pão?
Xixirixi, p'ra dar às galinhas.
Xixirixi, p'ra que são as galinhas?
Xixirixi, p'ra pôr os ovos.
Xixirixi, p'ra que são os ovos?
Xixirixi, p'ra dar aos padres.
Xixirixi, p'ra que são os padres?
Xixirixi, p'ra rezar as missas.
Xixiriri, p'ra que são as missas?
Xixirixi, p'ra nos salvar.

Rodrigo Leão

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira

Parabéns pelos 100 anos do nosso eterno grande cineasta Manoel de Oliveira, comemorados a trabalhar. Parabéns também à sua mulher, que deve andar pelos 90 e que sempre o acompanha.
Sacrifiquei a minha ignorância a assistir a vários dos seus filmes, um dois quais com a duração de 7 horas. Não aguentei com agrado todos os filmes. Nem os vi todos. Reconheçamos que não é fácil, mesmo admirando estética notável da sua realização. "Non, ou a Vã Glória de Mandar" é de génio. Mas o meu filme preferido, pela conjugação do burlesco com a perfeição estética, continua a ser "Os Canibais". Revejo-o na memória, consigo ouvir a música e ver a dança final. E já lá vão vinte anos.
"Comemo-lo, comemo-lo, e nem nos soube bem!"

Questões fracturantes


É uma discriminação ser feriado no dia 25 de Dezembro. Portugal é um país laico. Ou há feriados para todos os dias importantes de todas as religiões, ou não há feriados para ninguém. O melhor é haver feriados para todos, já que somos um país parco em festividades (compare-se com a Alemanha, por exemplo). Todavia, os ateus deverão ir trabalhar nesses dias, para serem coerentes. Se as empresas estiverem fechadas, deverão prestar trabalho comunitário.
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
A questão das seitas é duvidosa e levanta o debate profundo sobre a diferenciação entre uma religião e uma seita. O tema deverá ser tratado em sede parlamentar, com comissões especializadas.
Também são discriminatórios os enfeites de Natal em lugares públicos, podendo causar graves traumas em hindús, muçulmanos e judeus, nomeadamente. Ou há enfeites públicos para todos, ou não há enfeites para ninguém. Quanto aos ateus, como não acreditam no Além, não nos parece que sejam afectados. Levam, portanto, com os enfeites em cima. Tanto lhes faz que sejam Pais Natal ou Anões de Jardim. É apenas uma questão estética.
Nada de Presépios nas escolas do Estado, nem festas ou Árvores de Natal em locais públicos, sejam árvores normais, Samsung ou Zon, para não traumatizar as crianças, adolescentes e adultos de outras religiões. Os ateus terão direito de objectar a participação nos eventos religiosos de qualquer tipo.
As iluminações natalícias caseiras são outra questão de relevo, quando atinjam o espaço público. É duvidoso se será legal o vizinho judeu ter que gramar com o Pai Natal que trepa a varanda do 3º Direito/Frente. Ou o muçulmano do 2º Esquerdo ter que passar pelo Rudolfo sempre que entra no prédio.
É lamentável que uma questão tão fracturante este ano ainda não tenha surgido. No ano passado não escapou (sobretudo no país vizinho), mas aqui todos assobiaram para o lado.
As próprias férias de Natal, inclusive judiciais, levantam questões de inconstitutionalidade. Não sei como é que nenhum magistrado não levantou ainda o véu.
Alguém do Bloco de Esquerda deveria começar já a intentar providências cautelares. Não porque acreditem no Além, mas em nome dos crentes não cristãos oprimidos pelo Natal.
Acrescento que nos EUA, país sempre na vanguarda (resta saber de quê), já não é politicamente correcto dizer "Merry Christmas". Um tipo prevenido e sensato diz "Happy Holidays".

Portugal: só os estrangeiros é que podem? vivemos mesmo aqui?

a escapadinha de quatro dias

Que Portugal é lindisssimo, que devemos viajar lá fora cá dentro, inúmeros spots pubicitários a promover a escapadinha de três dias, com direito a promoções, nomeadamente nas Pousadas de Portugal , patati, patata, ranháhi, ranhánhá, e depois atiram-se aos deputados por eles terem faltado na sexta-feira passada, aproveitando o feriado para uma escapadinha, não de três, mas de quatro dias. Haja coerência! Já um tipo não pode ir ao Natal de Óbidos ou ao Advento de Freixo-de-Espada-à-Cinta sem ser incomodado?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pedro Abrunhosa

Conversas

A escola teve a ideia de levar alunos do 11º ano a ver o Museu Romântico (bahhhh!) e a Cadeia da Relação do Porto (o que já se aceita bem). Numa lógica que não entendo, a seguir irão a Ovar ver a fábrica da Toyota.
-Sabias que no tempo do Camilo Castelo Branco o adultério era crime? Disse ele.
-Sabia.
-E como é que um tipo se deixa prender por andar com uma mulher tão feia? Tinhas que ver, ela era mesmo feia, igualzinha ao Sebesta, mas com cabelo mais comprido.
(Uma nota editorial: o Sebesta é muito giro no género muito másculo)
Continuando,
-Achei bem que os que não pudessem pagar ficassem todos juntos nos calabouços a comer e defecar no mesmo sítio e os de classe mais endinheirada ficassem nos andares de cima com uma vista soberba para o rio Douro, com direito a casa de banho privativa e a passear-se por todo o andar.
Penso: o tipo está com os valores todos trocados, onde é que eu errei? Vendo bem, está é actualizado. O Sócrates mantém mesma lógica em relação aos banqueiros e todo o sistema penitênciário continua baseado nestas premissas.
O que me vale é que o tipo do 11º ano estava a ironizar (espero!).

Blake, William

Um poema que deixa knock out o Robert Frost e este early morning blog do JPP no Abrupto.



The Tiger

TIGER, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?

On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And what shoulder and what art

Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,

What dread hand and what dread feet?

What the hammer? what the chain?

In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,

And water'd heaven with their tears,
Did He smile His work to see?
Did He who made the lamb make thee?

Tiger, tiger, burning bright

In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?

William Blake (1757–1827)




Uma benzodiazepinazinha?

coisas simples, o tanas

Porque é que o JPP tem mania das "naturezas mortas"? Não gosto particularmente de quadros com natureza morta. Além disso, nem sequer são coisas simples. Veja-se o Abrupto há duas horas. Que desplante!
Uma benzodiazepinazinha?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Seal

vertigens

Fechado para obras por motivo de síndrome vertiginoso.
A acreditar no optimismo bacoco e grunho do Bola de Ouro, mais conhecido por C7, as vertigens "há-dem passar". Mas já duram há um mês. Não é "há-dem", ó CR e afins, é "hão-de" e sou do tipo que vê o copo meio vazio. Acho que já nem água, vinho ou groselha tem. Estou no inferno. Já agora, Hades é o deus dos infernos. Não se diz "há-des, mas "hás-de". Dass.......ist nicht Schön zu sagen!
E NÃO OUSEM PERGUNTAR:- Já fizestes uma ressonância magnética à merda do cérebro? É "FIZESTE" e ainda não FIZ e TENHO MUITO MEDO DE FAZER. Scheisse! Por muito que a língua seja um ser vivo, evolutivo, isto ainda são e serão ERROS ORTOGRÁFICOS.
Alguém de dá uma benzodiazepinazinha antes que parta isto tudo?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

literatura infantil



Pequeno excerto de O pequeno livro dos medos, de Sérgio Godinho (as imagens foram retiradas aleatoriamente da net):

Fiquei com pele de galinha,
com os dentes a bater
e os joelhos a abanar
sozinho no arvoredo
e a noite metia medo!

Estava branco como a cal
estava com palpitações
estava sem pinta de sangue
sem palavras, mudo e quedo
com certeza, era do medo!

Tinha os cabelos em pé
tinha o coração nas mãos
suores frios e coceiras
e na boca um gosto azedo

Queres rezar pelas alminhas?
Queres sentir dores de barriga
e tremer como varas verdes?
Vou ensinar-te o segredo
não há melhor do que o medo!




Quando acabou de ler, eu olhei para ele, intrigado. Estava a rir-se baixinho, parecia satisfeito com o seu poema (....).


-Vives sempre nesse sótão?- Perguntei-lhe.


-E hei-de sempre viver- disse ele.


.Então como é que conheces essas expressões todas? Não és nenhum génio...


Ele deu uma risadinha.


-Se calhar até sou, porque tomo conta dos medos de muita gente. (...)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Depressão

- Estou numa espécie de limbo de indecisão: acabar comigo ou não?
Ninguém ouviu a pergunta dela. Estavam todos muito ocupados com os preparativos para o Natal. Comprar os presentes, cozinhar os pratos típicos...
Deixaram-na sózinha, na sua espiral de medo e tristeza. Se não lhe apetecia ir ao centro comercial, que ficasse.
Quando chegaram, atafulhados de presentes com grandes laçarotes brihantes e coloridos, o vermelho jorrava dos pulsos dela, cobrindo o facalhão de cortar carne, orgulho de qualquer cozinheira.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Revoltas e Revoluções

Vamos fazer uma "Boston tea party" à portuguesa? Aceitam-se sugestões sobre o que atirar ao oceano.

Statements

Detesto o uso sistemático de frases muito populares no meio futebolístico contendo "e, quando assim é,..." Ilustremos com exemplos:
Diz o Bruno Alves: "o Benfica está em segundo lugar e, quando assim é, temos nos acautelar, e quando assim é, há que ganhar ânimo e sair a jogar, pois, quando assim é, marcamos golos".
Diz o João Pinto: "a nossa selecção está uma merda e, quando assim é, é difícil apurarmo-nos para qualquer mundial e, quando assim é, será melhor não pôr lá os pés, mesmo que por milagre sejamos apurados. Há que manter o fair play no futebol e,quando assim é, um jogador não pode agredir outro" (para o João Pinto só vale agredir árbitros, ou então tem Alhzeimer).
Diz uma ex do Bola de Ouro mais vaidoso e grunho do futebol: "O Cristiano Ronaldo tem espelhos por toda a casa e, quando assim é, tem que olhar para si próprio e, quando assim é, repete 60 minutos por hora "eu sou tão belo e bom", e, quando assim é, põe creme no corpo todo duas vezes por dia e, quando assim é, telefona à mãe para ver se ela aprova as namoradas e, quando assim é, elas estão tramadas porque nenhuma sogra, de direito ou de facto, gosta da nora, ou pseudonora".
E, quando assim é, este post não faz sentido nenhum, mas apeteceu-me. E, quando assim é, estou-me nas tintas para os comentários.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Questões existenciais

A solução para uma vida equilibrada consiste em mantermo-nos focados no presente, mas distanciados do ego, dos pensamentos e emoções que nos afectam permanentemente. Como se nos estivessemos a observar, deixando tudo fluir e mantendo a calma.
Admitindo que esta teoria está correcta, como é que isto se faz? Se no presente tenho uma doença, estou com dores, estou a ter um AVC, ou um enfarte, estou num conflito familiar, se, em geral, o presente é um inferno, como é que o Eu Superior se impõe? Como é que se consegue manter a distância nestas circunstâncias?
E se o passado não existe, porque são só memórias, não é muito perigoso não preservar essas memórias, nomeadamente colectivas, para não se repetirem os erros, as guerras, os genocídios? E o que somos no presente não depende do que fizemos no passado, a nível físico, emocional, ou intelectual? Se agora sou obesa, é porque andei a comer erradamente e nunca fiz exercício. Se estou deprimida, é porque fiz as escolhas erradas. Se sofro de fobias ou pânico, é porque tive traumas que se perpetuaram. Se estudei muito e geri bem a minha carreira, provavelmente tenho um bom trabalho que me dá prazer. Se escolhi a raridade do homem ideal, tenho um casamento feliz.
E se o futuro também não existe, para quê motivarmo-nos para qualquer projecto?

Só para chatear, o meu ego está mauzinho

1º de Dezembro de 1640, ou de como não aprendemos com os erros

Nunca fomos tão prósperos como quando estivemos sob o domínio dos Filipes.
Mas como é próprio do português típico, tinhamos que estragar tudo. Agora, nem com a corda ao pescoço Espanha nos anexa, ao menos como região autónoma. É um facto que estamos colonizados pelos espanhóis, desde a TVI ao Santander Totta, mas proveito, nenhum...
Nascemos de um pecado de desobediência contra a mãe e quando tivemos oportunidade de emendar o erro, D. João IV e os seus conspiradores, enganando o povo, voltaram a fazer borrada Os amigos de Olivença, que regularmente me escrevem, me perdõem, mas Olivença não podia estar melhor entregue. Oxalá o resto do país tivesse o mesma sorte. Saludos!

domingo, 30 de novembro de 2008

Keith Jarrett

BPN & Co e o nosso Presidente

Embora o Presidente Cavaco Silva nunca tenha dúvidas e raras vezes se engane, e não tenha uma boa relação com o bolo-rei, não merecia isto. Entre outras qualidades (que, por ignorância minha, desconheço), é um homem honesto. Não se fazem tantas maldades a um homem honesto, ainda por cima em vésperas de Natal.
Não se enerva o Presidente ao ponto de este se ver obrigado a justificar onde ele e a sua Dra. Maria têm as poupanças. Tudo porque os filhos ingratos do cavaquismo estão a dar cabo da mão que lhes deu de comer.
Dias Loureiro, no estado político de zombie, insiste em não se demitir de Conselheiro de Estado, apesar dos sinais de todo o tipo que Cavaco lhe deu durante a semana. Chegou ao desplante de ir a casa do Presidente e deixá-lo encalacrado. Isto, depois de na "Grande Entrevista" ter metido os pés pelas mãos (por exemplo, ao considerar um grande acto benemérito da sua parte pagar os 40% de imposto sobre o que tinha ganho em Marrocos e ao dizer que não tinha motivos para desconfiar de Oliveira e Costa, mas, poucas perguntas à frente, contradizer-se admitindo que fez queixinhas à entidade reguladora, que o Marta, ainda por cima, desmentiu).
Oliveira e Costa ("Zeca Diabo", ou o "Azeite"), por curiosidade, grande amigo de Gilberto Madail, deixa a autobiografia de Cavaco cheia de nódoas indeléveis. Além disso, o Presidente em tempos defendeu-o contra os mais sensatos, mesmo no PSD.
Não são fáceis os tempos para o nosso Presidente. Não vai ter no sapatinho os louros da glória, nem a oliveira da paz, apenas louro vulgar para temperar um perú assado, regado com azeite de fraca qualidade. O Cavaquistão já era.

Não posso deixar de acrescentar duas pequenas notas.
A primeira, sobre o pobre Rendeiro. Depois de três anos de "crochet" numa autobiografia a elogiar o ego, o lançamento do livro surge no mesmo dia em que é conhecido o buraco de 700.000.000 euros no BPP. O Universo é tramado.
A segunda, sobre o Bloco de Esquerda. Com tanto interesse pelas questões fracturantes, acabou por se fracturar no Sá Fernandes. "Cá se fazem, cá se pagam", lá diz o ditado popular.

sábado, 29 de novembro de 2008

É cavar do cavalo, do boi, dos tratantes e dos falantes

O gabiru gabarola, tapado com um gabinardo e deixando algumas gadelhas a sair do gabéu, dirigiu-se ao gaiulo, afastando-o da gajada e, apontando-lhe o fura-bolos, disse:
- Passa o gadé para a minha gadanha ou a fusca manda-te para a fábrica de tijolo de uma assentada.
O gaiulo, fanado, com a fajeca, ainda balbuciou que estava com falta de ar, arriscando ser feito em fanicos. Garantiu que ia fazer o correio, mais à noite tinha o cebo e entregava todo o produto da jarda. O gabiru acertou-lhe com a fusca na chaveta e deu-lhe uma carga de lenha, rematando com uma lagosta.
-Isto é só um aviso! Olhou para a cebola, deu-lhe mais uma hora e esgalhou no chiante.
O gaiulo lambeu o fundo ao tacho, limpou o larato e deu de frosques. Tentou um leilão, mas deu fussanga. O balcão não tinha cheta, ainda não tinha sido intervencionado pelo Estado.
Ainda por cima, a bófia bispou tudo. Apanhado com a boca na botija e com o fujante apontado, lá foi no boca-de-sapo para a canga.
Um falante oficioso livrou-o da choldra, embora o gaiulo implorasse para ficar. Mas o falante era cheio de nove horas e falava grosso.
Teve mala pata. Nessa noite, o fabiano tentou cavar, mas não escapou do gabiru. Foi direitinho para a quinta das tabuletas depois de cheirar a brilhantina vezes sem conta. Tanta desgraça por causa do boi, do cavalo branco e do falante fanfarrão.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lévi-Strauss

À luz dos estudos de Claude Lévi-Strauss, pode dizer-se que há um certo totemismo no Ocidente. Uma das provas está no facto de o cão de George W. Bush ser muito diferente do cão de Putin. Mostra-me de que raça é o teu cão e mostrar-te-ei quem és.
Obama vai usar o totem como instrumento político e levar um cão rafeiro para a White House. O homem não dá ponto sem nó. Cinco estrelas para Barack Obama.

Ritmos: Stomp

Natal Samsung


Nada de ficar atrás da Zon, nem a outra margem se deixa rebaixar. Sobretudo, não se pode deixar que o PIB arrase os portugueses.
Factos que levaram a Samsung portuguesa a iluminar o Cristo-Rei durante a época de Natal. Quatro anjos Samsung de mãos dadas, simbolizando a união e a paz, são visíveis a catorze quilómetros do monumento. Mas a Samsung quer um mundo verde, por isso preocupou-se com a poupança energética, optando pela instalação de LEDs, cujo consumo por lâmpada equivale a 1/8 de uma lâmpada não ecológica.
O Universo não deve ter gostado porque, em sinal de protesto, um raio atingiu a zona, desligando a iluminação natalícia da base do monumento, dois dias após a inauguração. A ocorrência deu-se numa altura em que relâmpagos e chuva forte atingiram o Concelho de Almada, durante cerca de 30 minutos.
Mas a Câmara de Almada, como é próprio das municipalidades, não sabe ler os sinais divinos e a iluminação foi reposta após alguns dias de apagão. É sabido que o povo gosta de iluminação artificial, até ao "raio-que-o-parta". Lamentável que ninguém se preocupe com a iluminação interior. Um povo interiormente iluminado seria perigoso para as municipalidades e afins. Nem o Cavaco, coberto de loureiros, ou o Sócrates, vestido por Magalhães, escapariam.


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O PIB e a infelicidade

Segundo estatísticas recentes, os portugueses são dos povos mais infelizes da Europa, havendo uma relação directa entre o grau de infelicidade e o PIB. Estamos ao nível de infelicidade da Bulgária, enquanto a Dinamarca transborda de felicidade.
Pelos vistos, a nossa melancolia característica, expressa no fado e na saudade, tem uma causa simples: o PIB.
Segundo a lógica PIBística, se saíssemos da pequena e egoísta Europa e alargassemos os horizontes ao resto do mundo subdesenvolvido, a maioria da população já se seria suicidado. Já nos países nórdicos, seria uma euforia permanente. E contudo...

Ritmos: Mayumana

Statements




Detesto Pais Natais a trepar tudo o que é varanda.

Saphou, empresária no more

Nos início dos anos 90, no boom do negócio das minhocas, porque eram grandes fertilizantes, porque os custos de investimento e manutenção eram baixos, porque o meu sócio betinho se encarregava de mexer na terra e tratar da criação, porque patati, patata, tornei-me, pela primeira e única vez, empresária. Era empresária no negócio das minhocas.
Regularmente, perguntava ao meu sócio:
- Então, quando é que começamos a ter lucro?
- Está quase! Era a invariável resposta.
As perguntas tornaram-se mais escassas e terminaram no dia em que ele me anunciou que as minhocas tinham desaparecido. Já não ia a Baião há algum tempo e, quando foi, minhocas "nickles"! Na versão dele, as minhocas tinham fugido - com se sabe, são espécies que se deslocam a grande velocidade -, ou tinham sido furtadas (pelo próprio?).
Compreendi, então, que não tinha jeito para negócios e que nunca seria empresária.
Mas com a janela do Adsense a piscar-me o olho, apareceu-me uma oportunidade virtual e, deslumbrada pelo capitalismo on line, lá preenchi tudo sem reflectir. Quando dei por ela, tinha uma horrenda janela de anúncios no blog.
A questão imediata foi: como descalçar a bota virtual? Passei o dia infeliz por a ganância bacoca ter estragado a minha recente criação. Não conseguia livrar-me da porcaria dos anúncios. Mas a sensatez e sabedoria da Filipa e do Privada livraram-me da embrulhada. Bem Hajam!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Para ti, mestre, que não desistes de mim quando eu estou quase a desistir

Questions

Quantos olhos tem uma aranha-lobo sem olhos, de olhos grandes?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Para Patrícia M., já com os copos, dançar, Bien Venida!

O Natal está on

A Árvore de Natal Zon já brilha, no cimo do Parque Eduardo VII, em Lisboa. É a maior árvore de Natal da Europa e, sempre que estiver iluminada, pode ser vista de vários pontos da cidade.
Ao todo, a árvore levou 1 625 000 microlâmpadas e quase 13 quilómetros de mangueira luminosa, assim como 1 500 lâmpadas «bolinha» e 90 estrelas néon. A iluminação da árvore aconteceu no dia 22 de Novembro à noite e foi antecedida de um grandioso fogo de artifício.
Um trabalho meritório da Zon. Há que distrair o povo e dar-lhe trabalho de curta duração, para comprar as tradicionais prendas inúteis.
Não sei se a fauna do Parque gostará de fazer tudo às claras. E daí, ainda cobram uma sobretaxa pelos efeitos especiais.

Para informações mais detalhadas: www.zon.pt/arvore/


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dedicado ao sucesso da operação Furacão

Sting, Forever II

Respondendo a Eça

Quem me conhece sabe que um dos meus escritores favoritos é Eça de Queiroz. Guardo fervorosamente os dois volumes de "Uma Campanha Alegre", editados pela Lello & Lello.
Sempre adorei o comentário intitulado "Uma nova penalidade", em que Eça desmonta, pelo absurdo, o raciocíno do juíz que condenou um marido a varrer as ruas de Gouveia, porque assassinara sua mulher e a partira aos pedaços.
Na sua ironia notável, Eça questiona se Gouveia será uma localidade com tal imundície que se equipare a pena de degredo varrer as suas ruas. A província está cheia de mistérios. Ou se, pelo contrário, varrer as ruas terá deixado de ser um emprego municipal para ser uma pena infamante. Neste caso, corre-se o risco de deixar de haver varredores, dado que nenhum cidadão quererá a incumbência.
Em suma, questiona Eça: "Que a justiça nos esclareça sobre estes pontos: se limpar as ruas é uma penalidade nova, e se, a troco de quatro vassouradas, qualquer cidadão pode ter a vantagem de espatifar sua esposa; se a imundície especial e pavorosa das ruas de Gouveia torna realmente essa pena igual à de degredo; ou se o sr. juiz de Gouveia entende que matar a esposa é acto tão meritório, que merece um emprego remunerado pela câmara".
Pois bem, caro amigo, apesar de não ter um cargo público, e com uns anos de distância, eu respondo-lhe.
Fazendo uma interpretação actualista da sentença, afirmo o seguinte:
Considerando que o movimento de libertação das mulheres, já de si um fracasso, chegou a Portugal ainda mais distorcido e prejudicial;
Considerando que o macho lusitano continua no seu empregozinho, mais ou menos merdoso, e nos seus hobbies, estando-se nas tintas para tudo o resto;
Considerando que as mulheres, além de terem que trabalhar para sustentar a prol, devem ser belas, fazer as lides da casa, e ainda aguentar com o mau humor dos conjuges, ou namorados adoptados e das crias,
Considerando as ausências do típico macho lusitano em viagens de negócios, reuniões, jantares e afins;
Considerando que o típico macho lusitano mente por sistema, pelo que a raça é conhecida pelo tamanho descomunal dos seus narizes;
Considerando que se fazem de santinhos quando lhes convém, ou seja, porque querem algo ou fizeram algo errado, sendo que o período de santidade é sempre de muito curta duração;
Entendo que o sr. juiz de Gouveia era um visionário. Não no tocante a matar a mulher, mas a acabar com o marido. Essa espécie, seja em união de facto, seja em união civil, seja unido pelos santos laços do matrimónio, ao fim de cerca de 5 anos de casamento, deve ser considerada como pertencendo ao grupo dos parasitas. Os parasitas não são bons para o planeta terra, por isso devem ser eliminados. Eliminar o esposo e, eventulamente cortá-lo em cubos, ou triângulos, deve dar lugar a emprego remunerado pela Câmara ou até pelo Ministério. Mas um emprego bom. Faça-se um upgrade. No mínimo, acessora de qualquer organismo público.
Já matar a mulher é outra história. Salvo casos absolutamente excepcionais, deverá redundar em pena de degredo para o Iraque, Afeganistão ou Sudão. A Coreia do Norte também não está mal, porque entram logo na linha.
Esta que muito o admira,
Saphou

Statements


Não suporto anões de jardim.

domingo, 23 de novembro de 2008

Para acalmar o meu espírito atormentado

O simulacro

O simulacro de sismo, segundo a Protecção Civil, foi muito útil para detectar as falhas. Ao que parece, teriamos quinado quase todos. O simulacro do sismo está ao mesmo nível do desnecessário e humilhante jogo amigável contra o Brasil.

Dos buracos negros

Fala-se muito dos buracos negros nas diversas galáxias e dos diversos tipos de buracos negros. Provou-se que no centro da nossa galáxia existe um buraco negro e que no centro da galáxia que está em rota de colisão com a nossa existe também um buraco negro. A fusão dos buracos negros vai ser um show de pirotécnia de tal ordem que o fogo de artifício no São João do Porto ou na passagem de ano na Madeira ficaram para sempre envergonhados, de tal modo que não ousaram reaparecer. O próprio país desaparecerá, com a vergonha.
Do que ninguém fala é dos micro buracos negros que existem nas nossas casas e escritórios. Pairam na atmosfera como quem não quer a coisa, mas papam e transforam em anti-matéria sempre os mesmos objectos.
Desde logo, as canetas, dos mais diversos tipos, cores e feitios e todo o tipo de lápis. Não contentes, sugam as borrachas e aparadores (aguças cá no norte), clips e afins.
Mas não se ficam pelo material de escritório. Não há ganchos de cabelo, nem fitas ou elásticos que lhes resistam. E agora alargam o suganço às agulhas, botões e outras merdinhas do género.
O pior é que estes buracos só são perceptíveis por seres muito sensíveis às vibrações do universo, como eu. A familória que comigo habita tem formas demasiado espessas para compreender o etéreo. Cambada que insensíveis, acham sempre que a culpa é minha.
-Emprestas-me a tua caneta, porque a minha desapareceu? Não, porque tu perdes as canetas todas.
-Tens uma fita para eu fazer um rabo-de-cavalo? Não, porque depois não tenho para o basquete, tu nunca as devolves.
Tenho eu que aturar estes imbecis ignorantes. Nem me vou dar ao trabalho de explicar como é que um buraco maiorzinho transformou em anti-matéria a chave de casa.

Clube de Leitura

Se vendem medicamentos em hipermercados, também podem vender livros em bombas de gasolina. Mas sempre pensei que seriam livros populachos, coisa de segunda. Fiquei chocada ao ver o meu eterno venerado no escaparate giratório da GALP. Alí, sem pudores, exposto entre os iogurtes e a comida para cão. De GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ, "A hora má: o veneno da madrugada". Ainda em estado de choque, qual foi a minha reacção? Comprar de imediato o único exemplar. Não fosse um paspalho comprá-lo. Traí um amor que remonta a "Cem Anos de Solidão". Ser obrigada a comer um pacote de batatas fritas com sabor a churrasco, seria uma penitência adequada.
Alguns livros deveriam ser apenas vendidos em templos literários, como a Lello, nos Clérigos.
Funes deve estar a rebolar de contente. Sempre preferiu Borges. Nem admite comparações. Não rirá por muito tempo. Nenhum autor escapa à fúria das gasolineiras.
Por último, uma sugestão de leitura para o interminável Domingo: "Os Anicetos também trabalham", de Linda Hayward e Irene Trivas, Col. Rua Sésamo. Este só se vende em locais de eleição.

sábado, 22 de novembro de 2008

Ao menos fica o genérico

"Quantum of Solace" ou o fim do 007

Acabou a lenda. Acabou o 007. "Quantum of Solace" é tudo menos um filme do 007. O protagonista nem é belo, nem charmoso, é mais pró trolha ucraniano, embora os trolhas ucranianos lhe fiquem a ganhar por largos pontos (há-os bons como o milho).
Não há gadgets. O cientista não aparece uma só vez. O pseudo 007 nem fechar um tipo com souplesse sabe. Tem que arrancar o puxador, o brutamontes. A crise é tal que usa as pistolas que vai encontrando. O Austin Martin só dura uns escassos minutos.
Os vilões tornaram-se banais e fazem exigências que qualquer criminoso da terceira divisão distrital faria. Enfim, acabou uma era (embora eu me esteja nas tintas).

Para alguém muito especial. A bem da cópia pirata.


Amelie - La Valse D' Amelie - Click here for more blooper videos

Quem me dera ser administrador

No ano passado aventurei-me a ir a uma reunião de pais porque não percebia nada do que se estava a passar no 10º ano da sui generis escola dos meus filhos.
Uma grande amiga fez-me de imediato membro do Conselho de Pais da dita escola. Não pude recusar. Como faltei às duas e únicas reuniões seguintes do ano lectivo 2007/2008, achei que este ano devia ir à 1ª reunião, nem que fosse por consideração para com a minha amiga.
Tivemos um "special guest", pessoa absolutamente extraordinária, que fez uma apresentação em "power point", com muitos círculos coloridos, deixando-nos cada vez mais extaziados com a sua presença e as suas ideias para a escola. Todos os pais/mães estavam rendidos.
Terminada a apresentação, seguiu-se o período de perguntas e respostas.
Um dos membros da administração achou por bem abrir esta fase, com os devidos respeitosos agradecimentos.
Disse, e passo a citar: "Mr. M...we liked very much of your balls...I mean not those balls, the other balls".

Dedicada a Dias Loureiro

BPN

Depois da entrevista de ontem de Dias Loureiro (no programa "Grande Entrevista"), questiono: o tipo está a dar uma grande tanga, ou é anjinho? Em qualquer dos casos, é isto quanto basta para ser Conselheiro de Estado?
Estou na fila. Acho que sou melhor.
As famílias conhecidas de apelido Loureiro tendem a dar asneira.

Sting, forever

Disparates

Falo, com todos eles a ouvir atentamente as inutilidades que transmito.
Imagino que as letras se materializam e ficam suspensas na sala. Que poluição divertida! Uma cortina de letras coloridas entre nós. Umas em bold, outras em itálico, Arial, Times New Roman, ou mesmo Webdings, algumas sublinhadas. Umas maiores, outras menores. Teria que soprar as letras para os ver.
Tudo isto penso, ao mesmo tempo que um raciocínio claramente exposto é partilhado e apontado avidamente por eles. Notável esquizofrenia.
De vez em quando, interrompo para umas piadolas motivadas pelas mais diversas causas.
O som de um telemóvel é motivo habitual.
- Gosto desse, é muito melhor do que o de o ano passado. Ahhh... Bach! Todos se riem.
- Podemos estar a gelar aqui, mas temos o privilégio da vista para o duplex de Jesualdo Ferreira.
- Baltazar, coma os rebuçados que lhe dei para estar calado.
-A si só respondo se fizer aqueles trejeitos com a boca como faz na televisão. Não trouxe o bigode, diz ele. Então, respondo-lhe quando trouxer o bigode.
Dou alguns exemplos de como não se pode resolver o contrato havendo entrega com espera de preço, a menos que se reserve a propriedade ou se coloque no contrato uma cláusula resolutiva expressa. Uso o Kadafi dos pneus que sempre fica na memória e é sucesso garantido.
De repente, entra o Senhor Alfredo. Um exemplo de profissionalismo. Assino a folha. Olho para ele enquanto se afasta. Tem algo de estranho debaixo do braço. A cor e a forma são-me familiares.
-Ó Senhor Alfredo, porque é que leva embora a minha carteira?
O homem cora, como se fosse acusado de furto à frente de uma multidão.
-Esta carteira estava lá fora, num banco, e alguém me disse que era melhor levá-la para a recepção antes que desaparecesse.
Risada geral. Agradeço muito ao Senhor Alfredo e ao Universo. É a segunda vez que perco a carteira hoje. Ontem perdi o cachecol. Mas algo em mim atrai os objectos, tendem a retornar.
Estou tentada a deixar notas de cem euros (não conheço as de 500) pela rua só para provar esta nova teoria da atracção.