sábado, 28 de fevereiro de 2009

E estavam todos reunidos,

com rosas vermelhas ao peito. Uns vieram de perto, outros de longe, outros ainda de muito longe, com grande sacrifício pessoal, para adorar, talvez até tocar, o ditador irritadiço do nariz proeminente, que os enfeitiçara por artes mágicas e afins. Mas, de repente, sobrevieram as trevas e a luz não mais voltou. A EDP estava do lado das forças ocultas.
Ele, que sempre gostou de se fazer esperar, longe do templo, continuou a degustar o jantar. Afinal, era apenas um apagão socialista e ele não tinha nada a ver com isso.
-Ó Augusto, volta imediatamente para o hotel e serve-me lagosta suada.

O sonho

Se havia alguma dúvida quanto ao meu estado de destrambelho, retirei-a hoje. Estava a dormir tranquilamente, enquanto sonhava, quando o sono e o sonho foram interrompidos por um irritante despertador electrónico, que insistia em tocar de cinco em cinco minutos, vindo do além. O além era o quarto do meu filho que não acordava com a barulheira, mesmo em cima da cabeça, nem tinha de acordar. Simplesmente se esqueceu de desligar a geringonça. Lá fui eu, irritada, e acabei com o ruído.
Não consegui retornar ao meu sonho matinal, que ora recordo. Sonhava que Cavaco Silva, com uma grande comitiva, estava a caminhar aceleradamente junto ao Castelo do Queijo, onde teria de fazer uma maratona circular em marcha de 10.000 metros. Enquanto caminhava, falava para os media. Falava aceleradamente. Falava de economia, não para se queixar da crise, mas enquanto especialista, e criticava duramente o governo por causa de ter deixado fechar uma empresa com não sei quantos mil trabalhadores, por não saber legislar e por se ter tornado ditatorial. No entusiasmo do discurso, mandava perdigotos (também apelidados de fernandinhos) para os microfones e tropeçou num buraco, quase caindo de queixos, não fora um segurança atento.
Numa duna junto ao Castelo, ostensivamente de costas e com um microfone, indiferente à fúria da comitiva, aquele tipo do "Vai tudo abaixo" tocava numa gaita de beiços a melodia característica do programa: tititi titititi tititi titititi...

Cúmulo da aldrabice

Segundo o próprio Sócgates, o nosso pinóquio institucional recandidata-se a primeiro-ministro “em nome da ética democrática”. Porque, considera, “há um combate decisivo a travar pela decência na vida democrática”. Violinos de fundo, por favor, enquanto a frase é declamada.