terça-feira, 31 de agosto de 2010

Saphou sózinha em férias, finalmente, no Arquipélago de Socotra,

a jogar ao esconde esconde com perigosos piratas por entre o arvoredo bizarro, em que se contam, a título de exemplo, florestas de olíbano, mirra, e a fantástica árvore dragão, ou dragão de sangue (dracaena cinnabari), para combater o stress.
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O pior são os ditados portugueses que nos perseguem para todo o lado. "Quem anda à chuva molha-se", "O lume ao pé da estopa o diabo lhe sopra"...
Estou a viver uma paixão tórrida com um pirata somali.
Tudo se passou quando eu aluguei um barco para mergulhar ao largo na nudez do Índico. Já estava a uma distância razoável da praia fabulosa de onde parti e atirei-me ao mar, nua e sem véu, quando retornei, lá estava ele, sentado na embarcação.
Foi paixão adolescente à primeira vista. Ele arranhava umas palavras em inglês. Eu um pouco de socotri (a língua nativa de origem semita). E lá nos fomos entendendo, com muita linguagem gestual pelo meio. É belo, não é um pirata somali vulgar. Lidera um grupo de malfeitores, depois de ter deixado a escola onde dava aulas por pouco dinheiro e muitas humilhações pelo meio. Sorri-lhe, aquilo pareceu-me familiar.
Temo-nos encontrado. Detalhes nem pensem, cuscos. Ele quer seguir-me para Portugal. No  way. O que acontece no Corno de África permanece no Corno de África. Hadibo ficará sempre uma cidade na minha memória, junto com as cordilheiras de montanhas escarpadas, as praias de areia luminosa e fina, o mar azul turquesa  e o barco...Sou é capaz de seguir a ideia de liderar uma organização de malfeitores, ainda não sei bem de quê. Quando voltar, vou pedir uma audiência ao Secretário de Estado do Desporto. Ele não negará uma ajudinha, já que teve a arte de exercer advocacia, durante quase uma década sem ser advogado e agora choca-se com palavrões proferidos contra prováveis malfeitores. Tudo a bem do Estado de Direito, claro! Em Portugal é importante ser malfeitor parecendo impoluto. É a regra nº 1 do sucesso.
Já agora, uma empate a 4-4 com o Chipre, essa potência do futebol mundial, obtido no Berço da Nação, parece-me um resultado excelente. As notícias chegaram-me através de um biólogo mais tolo do que eu, que está aqui há um ano e meio a estudar as cerca de 700 espécies de plantas e animais que não existem em mais nenhum lugar da Terra. Quando voltar, planeia estudar o Madaíl e os polvos da FPF.