quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O tempo perturba-me,


sinto a tensão de um ser prestes a parir, o abafamento de uma tragédia a iniciar-se, uma mulher raivosa a debulhar-se em lágrimas a qualquer momento, a morte a espreitar...não suporto tempo de trovoada, ainda mais quando uma senhora bonita, de olhos verdes expressivos, sorriso genuíno, intenso amor pela vida, vagamente prima, acabou de morrer há um dia. A mulheres bonitas com aquela, sempre em actividade, deviam ser proibidas de morrer, mesmo aos 77 anos. É isso, estou a pensar por associação na minha mãe, que tem 77 anos e, embora anónima, uma actividade que me faz sentir uma lesma.
Ao menos que chova, que esta capacete se solte, que o ar volte a tornar-se respirável. Que a terra se debulhe em lágrimas, que o ser seja parido, que o morto se liberte, venham trovões ensurdecedores, raios que iluminem a noite ... e digamos adeus a mais uma Rosa.