sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fúria, mas é do açucar: acalmem-se camaradas, companheiros, irmãos! Cá vai musiquinha da República das Bananas

Jorge Jesus, conhecido, em machadez, como "o cretino",

pede desculpa aos adeptos se não vier a golear sempre as outras equipas. Ao que isto chegou! Isso apenas quererá dizer, em jorgez, que "ambos os jogadores das duas equipas jogaram bem".
O "cretino", em machadez, sente, em jorgez, " que a onda está a crescer e que é uma qualidade por mérito própio". Nesta linha de raciocínio, em cervanez, Sílvio Cérvan manifesta o seu júbilo, em "O Dia Seguinte", por dar cinco e seis. Nada temos a comentar, senão isto ia descambar.
BRACARA AUGUSTA nos valha!

Conto de sexta-feira : " As Mulheres"

A mãe de Rita esperava-as com a habitual liberdade histórica no olhar, na rua, numa discoteca, num café, na própria vida real, poderia ser irmã e não mãe de Rita.
Tal característica não serve para a distinguir, da maioria das mães dos anos 70, mais amigas do que educadoras, mais progenitoras do que fontes.

Ana e Rita partilhavam a história de um divórcio no seu passado, o deles, o dos pais hippies, do amor e da liberdade, da aventura e do ego. E havia milhares de jovens como elas e outros milhares a fazer o que os pais das duas fizeram.
Dessa experiencia resultou para as duas, uma premissa, que depois de assumidos os votos de casamento, em consciência, estes serão inquebráveis, trata-se de um juramento sobre a terra e o céu e quem não estiver cônscio disso, deve celebrar a união com festas menos comprometedoras.

Será que essa odeia era o julgamneto directo aos pais, pelo desapego à religião, pela leviandade com que fizeram promessas a si próprios, aos amigos e ao universo; podia esta geração pós-moderna fazer tal coisa?
Por estranho que pareça, a marca da geração auto-didacta de sentimentos, era precisamente a dúvida, a duvida entre a ânsia de desculpar o sentir com a razão, e a razão, que não desculpa a falta de sentir.

Em consciência tinham relegado, até à altura, tais votos. Ana tremia sempre que era obrigada a testemunhar a leviandade dos amigos no altar, a prometer fidelidade, amor e compreensão, muitas vezes apenas iludidos pelo sexo, esse tal factor, que de tão instável e humano, não pode ser critério base de promessa eterna.
-“ Desconfiem sempre de quem vos promete o amor eterno, na cama” – Esta geração era afinal, em alguns pontos, mais Salazarenta que os fieis de Fátima.

A força das mulheres da geração de Rita e Ana, vinha do arraso que as mulheres dos anos 70 tinham dado nos homens da época, deixando-os a penar pelos cantos, a engolir o divórcio e a solidão, com garrafas de tinto e whisky.
Foi com certeza um grande golpe e por isso, aquelas mães mereciam sempre o abraço camarada da filosofia social e política, e muitas vezes só isso, a gratidão pela liberdade, pela força, pela luta que continuava a ser preciso empreender. Mulheres fortes não precisam de carinho, nem dos filhos. As heroínas são para ser descritas e não amadas, idolatradas e não beijadas.

Mas, Ana tinha um filho, Rita tinha um sobrinho, pensavam e discutiam muitas vezes a sua educação, sempre com base nesse exemplo, acrescentando beijos e carícias, lançando o boomerang, mas sem conseguirem também elas evitar o epíteto de heroínas, e caminhar a passos largos para uma razão sem sentimentos assumidos, para uma solidão conscienciosa, como o elefante memorioso que se afasta dos seus para partir.
Se bem, que todas as partidas são afastamentos, e as mulheres deste e do outro tempo queriam fazer as contas no fim, como se figura-se a ideia que as heroínas são eternas e que haveria tempo para decidir o que acrescentar à luta e passar o testemunho aos seguintes, sem sentir o egoísmo das condutas filosóficas, que nos colocam nas guerras evolutivas que lutam contra as armas, que usamos nelas.
Eram demasiado jovens para ter certezas. A vida tinha que ser construída e, agora depois dos 30, nenhum passo mais poderia ser dado ao acaso, e esse seria o assunto para mais aquela noite de ébria reunião.