quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Com a nova ministra da educação, este é um livro de leitura obrigatória

Este e toda a colecção "Uma Aventura", que a Ministra não vai brincar em serviço. O próximo livro, já no prelo, será: "Uma Aventura num Governo de Rotos e Remendados".

Significados improváveis. Contribua com o seu

aspirado- carta de baralho completamente maluca
armarinho- aragem proveniente do mar
caçador- indivíduo que procura sentir a dor
fogão-incêndio de grandes proporções
missão- culto religioso com mais de três horas de duração
padrão- padre muito alto
violentamente- viu com lentidão
detergente- acto de prender seres humanos

(Fonte: Revista Pão com Manteiga)

Contributo de Saphou:

boicota- bovino já velhote

Le professeur de français

Tive uma professora de francês que era mesmo francesa. Mas magra, de saia a meio torniquete, baixa, a mãe e a tia, essas sim, dignas da aristocracia da cidade das luzes.
A senhora não falava, piava, com os lábios fechados, fazia-me me lembrar a namorada do Zé Carioca. Mantinha longas conversações em francês com a menina Fernanda, recentemente chegada dos subúrbios parisienses.
Oh, eram tremendos os elogios e as comparações entre o nosso país e o país onde estas duas amostras de gente tinham vivido.

Eu, ignorante, prepotente, javardo e julgo que meio metaleiro na altura, atirava-lhe com Balzac, a torto e a direito, devo dizer que ensaiava à noite tiradas cínicas do autor e no meu francês porreiro, destroçava-a. Ela respondia: - Se o menino soubesse alguma “coisinha” de francês compreenderia melhor o autor, pois poderia lê-lo no original. – E falava em português, porque se fosse na língua da aula, não me ofenderia.

Excluído, sem qualquer capacidade de escrever um texto com sentido para os franceses, juntei-me ao Metralha, o veterano, inventamos-lhe o nome de “Pipi oui!” dito assim com lábios à piriquito. - Oh notre cheri Pipioui!

Deu-me um injusto e monumental 7 na pauta, fui à oral. A Pipi Oui abanava a cabeça, comentava que eu, moi, era incapaz de conjugar um verbo e ria aos bocadinhos, piu piu piu. Subiu-me uma inspiração e mal saímos da gramática, o francês fluía-me da boca , disse tantas respostas boas e correctas que tive um 10, é verdade, a sério, também eu fiquei admirado.

- Vai lá Privada, devias ter vergonha, o Francês é uma língua essencial e o Balzac, Privada, devias lê-lo de forma crítica. Vai e atenção ao Jornal deste mês, olha que estás por um fio, já disse ao teu avô a situação em que te encontras, não voltes a exagerar. Ganha juízo enquanto é tempo, tens capacidade para seres mais do que um tolo.

Agradeci com toda a humildade que sabia ter nestas alturas, estavam a dar-me uma oportunidade:

- Obrigado Doutor, muito obrigado, não o desiludirei, fica garantido.
- Vai semelho vai!
- Então, allor merci, et bonjour por vous! Com votre licence, au revoir.

Fechei a porta, sentindo dentro de mim um YES!, cheguei cá fora e aos amigos disse a verdade, porque aos amigos mente-se na ordem em que mentimos a nós proprios :
- Estavam à espera de quê? Bem vos dizia, a gaja deu um 7 ao Balzac não foi a mim. Tá feito, e com mérito, vamos ao bar!
Lá fomos comemorar a minha vitoria, com o guito do Abel, o filho do dono da fabrica de papel.

DE PUTA MADRE: una marca renombrada.

Já tem a sua T-Shirt? Calças? Saia? Vestido? Vá ao site oficial ou procure numa boutique próximo de si, sobretuto se optar pela DPM GolD. E não pense em saramaguices porque De puta madre não quer dizer nada dessa ordinarice em que está a pensar. Nem eu colocaria uma merda dessas no blog, que tenho um profundo respeito pelas mães. Simplesmente, acho fascinante a história desta marca irreverente e provocadora que acabou por entrar no mundo da alta costura da forma mais improvavável. Será que Saramago tem uns calções ou calças DPM? Não é provável. É que muitos dizem “Made in Vatican” ou “Made in Nazareth”, e isso seria usar calções de maus costumes. Saramago é muito púdico. Até a Bíblia o afecta.

Oh les lumières

“Enfim, os franceses proclamaram-se todos iguais nos seus direitos, e também nas suas vestes, e a cambiante no tecido ou a diversidade nos trajes deixou de ser distintivo das condições sociais.

Como então reconhecer-se no seio desta igualdade? Por que traço exterior distinguir a classe de cada indivíduo?
A partir dali, estava reservado à gravata um propósito novo: ela nasceu para a vida pública, conquistou importância social; foi chamada a ressuscitar os matizes integralmente apagados do vestir, converteu-se no sinal pelo qual se distinguiria o homem digno deste nome do homem sem educação.

Porém, teria mil vezes mais prazer em ser o glutão dos glutões do que de não ter nenhum traço distintivo em termos gastronómicos; nada é mais penoso do que ser igual a todos os demais.

Um escritor absurdo, mas excessivamente absurdo, alcança mais mérito aos meus olhos do que um escritor medíocre, do que um autor como qualquer um pode ser. O absurdo em excesso é o génio da asneira. Em gastronomia, dá-se o mesmo com a glutonaria.”


Ohhhhhhhh très bien Monsieur Balzac! Très bien! Clap Clap clap
Bonjour SEC XXI
In Do Vestir e do Comer