Da mentira e da verdade
Mas afinal onde está a verdade? Existe e brinca ao esconde esconde com a
mentira? Procura-me debaixo da cama, procura-me dentro do armário,
frio, frio,....procura antes atrás dos sofás, morno?...desisto, não a
encontro. E já não me apetece muito brincar ao esconde esconde.
Às
tantas, a verdade não existe e muitas mentiras fazem uma verdade. Então
porque raio é que o meu pai passou a vida a dizer-me para nunca mentir,
porque mentir é tratar o outro como objecto, deixa de haver
comunicação possível. São precisos dois sujeitos para haver diálogo.
Tratar o outro como objecto é escravizá-lo e às tantas o outro passa a
objecto.
Passados tantos anos só vejo gente a mentir, cada vez mais,
desde a mentira piedosa à mentira intencional e maldosa, espalhar o
boato para que se torne uma verdade. E às tantas é verdade....e será que
quem mente está convencido que é verdadeiro...duvido muito... mas se a
verdade for subjectiva?
Pois a minha verdade é que não minto, custe
o que custar, sigo os ensinamentos do meu pai que morreu asfixiado
depois de anos de sofrimento porque a única verdade sobre a qual ninguém
pode mentir é que a morte é para todos.
Ok, não batam mais no
ceguinho, sei que nunca irei longe porque não entro em jogos de mentira e
poder. Não faz parte de mim. Nem que coma o pão que o diabo amassou. A
minha verdade é não mentir. Às tantas estou a mentir a mim própria e a
pensar que é verdade....
Foram estas confissões da Saphou, que anda
um pouco baralhada e chata, que estive a aturar hoje de manhã. Nem me
deixava caminhar aceleradamente contra o vento.
Mas, por falar
nisto, o Pai Natal existe?