terça-feira, 17 de novembro de 2009

Kings of Leon: Use somebody

Sociedade abjecta

Depois de uma noite de insónias, lá me levanto penosamente e vou trabalhar a conduzir o carro de substituição que o concessionário teve a amabilidade de me emprestar. O Honda Jazz está ligado na Rádio Comercial, já vinha assim e assim deixei ficar. Às tantas, ouço o seguinte anúncio: não perca as últimas horas de vida de Robert Henke, tudo na Lux, já nas bancas. PQP a Lux e a morbidez mesquinha de quem a compra para saber o que sofreu o jogador antes de se decidir pelo suicídio. São os mesmos que se reúnem à volta de um acidentado na estrada, um morto por afogamento, ou que fazem círculos apertados a impedir a respiração de alguém que acabou de ter um enfarte. Com a diferença de que pagam e há revistas rosa a lucrar. A morte e o sofrimentos são grandes negócios. PQP os tipos que insistem em cultivar o gosto pelo mórbido inato a esta merda chamada ser humano que de humano tem pouco ou nada. Prefiro os cães. Ou mesmo os desgraçados dos Minipigs. Bem, não tanto. Os Minipigs não.

Três da manhã. Hora fatídica

Ela acorda invariavelmente às três da manhã. Hora a que ele, como um elefante a pisar um salão de dança, se vai deitar. As luzes ligam e desligam, vezes sem conta, caem os objectos mais improváveis, tropeça no inimaginável, as portas rangem dezenas de vezes. Ele, finalmente, deita-se. Adormece de imediato. Ela levanta-se, esperam-na, pelo menos, três longas horas de insónias. E amanhã tem que trabalhar cedo. Mais uma semi-directa. O número de comprimidos para dormir permitidos já foi esgotado. Terá que ficar à espera (ironicamente, título de um livro que a impressionou, de um autor chinês cujo nome não recorda). Para acalmar e preparar mais um longa noite acordada, vai fazer um chá, pode ser de verbena desta vez. O mosquito está ali, agarrado ao estore. Observa-o. Não tem as pernas traseiras para cima. Será dos que picam? Pouco provável. Na dúvida, leva uma traulitada e cai esmagado.
Seremos mosquitos do Universo?