sábado, 26 de setembro de 2009

Wild child waiting for the sun of sunday

A minha memória, senhor Sócrates, é como uma lixeira.
Ireneo 1889

Roberto Bolaño, Bolañomania, 2666


O entusiamo tornou-se tal, que já lhe chamam a Bolañomania. Não perca, pelo menos, o último livro recém-editado em Portugal -2666.

Vento leste, por Saphou

Vento leste
Varre a madrugada
Abre a janela
Pendura-se nela
Respira fundo
A ventania
Ouve o som das folhas
caducas das árvores
varridas pelo vento
elevadas em círculos
Sai de casa
Com o vento leste
Deixa-se empurrar
Até onde ele a levar
No meio das folhas
A rodopiar

Vento leste
Odores inesqueciveis
Do antigamente
As noites quentes
de Verão,
As noites mornas
de Outono
O pai, que vai à caça
às rolas e perdizes
que já não existem
Serões ao relento
O gozo do momento
Conversas animadas
Pelo vento

Vento leste
Quente,
Envolvente
Memórias que voltam
O pai que lhe diz
-Não suporto o ar abafado
O que me alivia é esta aragem
Conversa com ela
Vindo do nada
Partilham a insónia
São cúmplices de novo
Entre a morte e a vida
Dá-se o reencontro
O vento leste traz-lhes
Liberdade