Chaves na mão,
melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa,
a mãe ordena
Que o furtado colchão,
fofo e de pena,
A filha o ponha ali
ou a criada.
A filha,
moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
– «Sumiu-se-lhe um colchão? ~
É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...»
– «Tu respondes assim?
Tu zombas disto?
Tu cuidas que,
por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?»
E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara
e ao penteado.
Eis senão quando
(caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão
de dentro do toucado!...
(Nicolau Tolentino de Almeida)