Era a festa dele. Organizava tudo ao pormenor. Desde que eu era pequenina. Nessa altura, fazia ele os balões e o fogo de artifício era mais pobre. O jantar era com a grande família em casa dos avós paternos. A festa era no jardim da casa. Mas era grande a animação.
Muitos anos mais tarde, retomou a tradição, agora para os netos.
Comprava uma dúzia de balões, uns maiores, outros mais pequenos, outros gigantes e fogo de artifício até não mais ter fim.
Jantávamos no restaurante e depois íamos para uma praça lançar os balões e iluminá-la com fogo de artifício. Os miúdos divertiam-se imenso. Desde o tempo em que tinham medo de pegar nos pauzinhos mais inocentes de fogo de artifício, ao tempo em que eles próprios, já com a escola do avô, lançavam os balões e organizavam a artilharia. Entravamos em desgarrada com os outros gupos que se juntavam na praça. O São João era a festa em que ele estava sempre bem disposto, animava toda a gente. Mesmo que na maior parte dos dias do ano estivesse sombrio.
Hoje os netos são grandes, têm as suas festas. Ele morreu. Para mim não há São João, apenas a recordação de momentos felizes que juntam a nostalgia à doença. Esta é uma história banal, mas quero partilhá-la com quem também não tem São João. Bom São João, para quem ainda o tem.