quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira

Parabéns pelos 100 anos do nosso eterno grande cineasta Manoel de Oliveira, comemorados a trabalhar. Parabéns também à sua mulher, que deve andar pelos 90 e que sempre o acompanha.
Sacrifiquei a minha ignorância a assistir a vários dos seus filmes, um dois quais com a duração de 7 horas. Não aguentei com agrado todos os filmes. Nem os vi todos. Reconheçamos que não é fácil, mesmo admirando estética notável da sua realização. "Non, ou a Vã Glória de Mandar" é de génio. Mas o meu filme preferido, pela conjugação do burlesco com a perfeição estética, continua a ser "Os Canibais". Revejo-o na memória, consigo ouvir a música e ver a dança final. E já lá vão vinte anos.
"Comemo-lo, comemo-lo, e nem nos soube bem!"

Questões fracturantes


É uma discriminação ser feriado no dia 25 de Dezembro. Portugal é um país laico. Ou há feriados para todos os dias importantes de todas as religiões, ou não há feriados para ninguém. O melhor é haver feriados para todos, já que somos um país parco em festividades (compare-se com a Alemanha, por exemplo). Todavia, os ateus deverão ir trabalhar nesses dias, para serem coerentes. Se as empresas estiverem fechadas, deverão prestar trabalho comunitário.
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
A questão das seitas é duvidosa e levanta o debate profundo sobre a diferenciação entre uma religião e uma seita. O tema deverá ser tratado em sede parlamentar, com comissões especializadas.
Também são discriminatórios os enfeites de Natal em lugares públicos, podendo causar graves traumas em hindús, muçulmanos e judeus, nomeadamente. Ou há enfeites públicos para todos, ou não há enfeites para ninguém. Quanto aos ateus, como não acreditam no Além, não nos parece que sejam afectados. Levam, portanto, com os enfeites em cima. Tanto lhes faz que sejam Pais Natal ou Anões de Jardim. É apenas uma questão estética.
Nada de Presépios nas escolas do Estado, nem festas ou Árvores de Natal em locais públicos, sejam árvores normais, Samsung ou Zon, para não traumatizar as crianças, adolescentes e adultos de outras religiões. Os ateus terão direito de objectar a participação nos eventos religiosos de qualquer tipo.
As iluminações natalícias caseiras são outra questão de relevo, quando atinjam o espaço público. É duvidoso se será legal o vizinho judeu ter que gramar com o Pai Natal que trepa a varanda do 3º Direito/Frente. Ou o muçulmano do 2º Esquerdo ter que passar pelo Rudolfo sempre que entra no prédio.
É lamentável que uma questão tão fracturante este ano ainda não tenha surgido. No ano passado não escapou (sobretudo no país vizinho), mas aqui todos assobiaram para o lado.
As próprias férias de Natal, inclusive judiciais, levantam questões de inconstitutionalidade. Não sei como é que nenhum magistrado não levantou ainda o véu.
Alguém do Bloco de Esquerda deveria começar já a intentar providências cautelares. Não porque acreditem no Além, mas em nome dos crentes não cristãos oprimidos pelo Natal.
Acrescento que nos EUA, país sempre na vanguarda (resta saber de quê), já não é politicamente correcto dizer "Merry Christmas". Um tipo prevenido e sensato diz "Happy Holidays".

Portugal: só os estrangeiros é que podem? vivemos mesmo aqui?

a escapadinha de quatro dias

Que Portugal é lindisssimo, que devemos viajar lá fora cá dentro, inúmeros spots pubicitários a promover a escapadinha de três dias, com direito a promoções, nomeadamente nas Pousadas de Portugal , patati, patata, ranháhi, ranhánhá, e depois atiram-se aos deputados por eles terem faltado na sexta-feira passada, aproveitando o feriado para uma escapadinha, não de três, mas de quatro dias. Haja coerência! Já um tipo não pode ir ao Natal de Óbidos ou ao Advento de Freixo-de-Espada-à-Cinta sem ser incomodado?