segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A única notícia que interessou hoje aos media portugueses e, por consequência, à nação

Portugal vai jogar com a Bósnia.

Grande post! Subscrevo

Notícia de um deslumbrado

José Saramago rabiscou mais um livreco (deve ser o tricentésimo sexagésimo quarto) a dizer mal da Igreja e da religião. É um direito que lhe assiste e não é a mim – que sou tão agnóstico ou ateu como ele – que isso incomoda.
O que me incomoda é o ar arrogante e pomposo que ele põe, quando ataca a Igreja. Como se isso fosse um grande acto de coragem e de rebeldia; como se ele, Saramago, fosse credor de um grande respeito e admiração por ousar enfrentar forças que ninguém jamais se atreveu a desafiar.
Perdido no tempo e no seu egocentrismo estulto e pedante, Saramago não se apercebe que é hoje necessária muito mais coragem para alguém se reclamar do catolicismo e da Igreja, assumindo publicamente essa posição, do que para atacar aquilo que, em Portugal e em Espanha onde ele se move, se tornou uma banalidade atacar: a Igreja e a religião. Ainda por cima, para atacar sem trazer nada de novo, com os mesmos argumentos jacobinos que já estavam completamente gastos em 1789.
“[Caim] é um livro divertidíssimo” – diz Saramago, esquecendo que elogio em boca própria é vitupério.
Obviamente, Caim, de José Saramago, não consta na lista das minhas dez mil próximas prioridades de leitura.

Pausa

Temos que ir, mas prometemos voltar com cartas de amor tecnológicas, para a Manuela, para a Paula, para quem quiser namorar como nós, afinal serão cartas do Séc XXI, cada um no seu posto e o que vale é o posto, que interessa a companhia, feia, bonita, de esquerda, de direita, o Homem é um só, e o resto não tem a mínima importância!

Isto promete!
Cartas de amor à concelhia, hum não, Cartas de amor para quem não quer companhia!
Não perca!

Caim


Carta de João Tomás a Josefina

Minha querida, julgo que não é necessário acabar com isto, o amor é os planos, os traçados, os conjuntos, as rectas. Claro que acima de tudo é o sexo, para o vigor humano que se precisa.

Já pensaste, começar tudo de novo, dá muito trabalho, o sexo é uma coisa efémera, contudo difícil de sustentar quando estamos sós, dá mais trabalho, do que apagar os planos, os traçados, as curvas e as rectas, e estes apagões já dão um trabalho imenso. Para quê, não é preciso.

Evita ser extremista, continuamos amigos, com os nossos planos, com o nosso trabalho, com a nossa casa e resolvemos o sexo noutras instâncias. O amor se existe é só sexo, a amizade é o importante e isso nós temos ou não?

Repara, nesses teus contos de fadas havia dois assuntos tabus, um eram os tais planos de conjunto e o outro era o sexo. Dai a tua enorme confusão, os homens percebem melhor porque nunca leram isso, entendes.

Acalma-te meu amor, o amor não é isso que tu pensas, podemos continuar para alem e sem fim, assim eu não te prenda e tu não me queiras prender a mim.

Beijos sempre teu
João Tomás

Carta de Josefina a João Tomás (Sex XX)

Já não te amo, mas para te proteger tenho que te convencer que és tu que já não me amas. Tenho que te moralizar, ainda que fique de rastos, que tu não me amaste como eu queria, embora nós os dois tenhamos a noção que não te amo, que acabou, que não te entendo, que não te quero, e tu não tens a mínima culpa disso, mas como homem, João, tens que assumir que não me amas, ainda que me ames e seja eu que não te ame a ti.

Tu tens que deixar de me amar para eu te deixar a ti!
Eu sei, o que pensas, que podia ir embora e acabar as coisas simplesmente, mas não pode ser João, tu sempre viste as coisas de uma forma muito simples. Para isto correr bem, devias ser tu a fazer a mala e partir porque, se parto eu, meu amor, vou sentir que sinto a tua falta, quando não me fazes falta nenhuma, mas eu tenho que sofrer, eu tenho que te ter amado para toda a vida, tinhas que ser tu, o meu amor eterno e não foste. Eu sei que a culpa não é tua, acabou dentro de mim o sentimento, mas uma mulher é racional, meu amor, e o amor não se acaba assim do nada e sem porquê.

É essa a regra meu amor, tenho que te convencer que não te deixo, és tu que me deixas a mim. Uma mulher, João, não perde o amor, não pode perde-lo. Uma mulher ama para toda a vida e quando isso não acontece é porque não a amaram, uma mulher é submissa, ama quando a amam, deixa de amar quando não a amam.
Peço-te João, reage às minhas provocações, dá-me razões para ficar triste, dá-me fios que me convençam que o amor não se esgota, que foste tu que acabaste com ele. Como poderia ver-me ao espelho depois de ter deixado sumir em mim o amor se não tivesse razões para isso?

Por favor, desiste rápido, vai-te embora, grita que já não me amas e não me suportas, faz de conta, diz ao mundo que te amo muito e que tu tens muita pena de não me amares a mim. Deixa-me partir em paz e, desculpa João, mas o amor é uma coisa que não comando, a regra sim, comanda em mim.

Josefina

Hey! ahora que ya todo terminó

que como siempre soy el perdedor

cuando pienses en mi.

Hey! No creas que te guardo algún rencores

siempre más feliz quien más amó

y ese siempre fui yo.

Ya ves, nunca me has querido

ya lo ves



Ana Moura: os Búzios