quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Notícias dispersas

Enquanto guiava o carro, liguei o rádio.
Começo por ouvir uma suspeita sobre o sistema informático Citius que, segundo muitos, permite o controlo político do poder judicial, porque com uma simples password podem ser consultados pelos funcionários do Ministério da Justiça processos em segredo de justiça e, inclusive, qualquer decisão dos magistrados pode ser modificada. Pensei, o que é isto, uma ditadura disfarçada? Uma brincadeira de mau gosto? A República das Bananas? Muitos magistrados estão convencidos da razoabilidade da suspeita porque está a circular um abaixo assinado contra o sistema.
Logo a seguir, um anúnico do "porco bola", criação de Agatha Ruiz de La Prada, apadrinhado por Cristiano Ronaldo. Com uma poupança de cem euros, mínimo, num certo banco dão-me um "porco bola". Tudo o que eu desejo. O sonho de qualquer um é ter o Cristiano Ronaldo como padrinho do nosso mealheiro.
A seguir, um anormal que não sabe pronunciar nada em alemão nem em inglês faz um anúncio sobre o Deutsche Bank, com um slogan inglês numa pronúncia que o torna incompreensível.
Passada uma hora, na mesma estação de rádio, outro comentador diz que isso do Citius não ser seguro é apenas uma invenção de alguns magistrados porque o sistema é completamente "à prova de bala", além de não estarem nele incluídos processos penais. Em que ficamos? A questão é demasiado grave para ser tratada de ânimo leve.
Mas o "porco bola" e o tipo do "Deutshe Bank" atacam de novo. Reforçados agora com um sketch pretensamente humorístico, segundo o qual, numa lata de atum em frente ao espelho lê-se "muta". Tão seca que precisa de molho à parte.
Não há pachorra. Desliguei a geringonça, mesmo sabendo que Sócrates ia fazer uma declaração ao país daí por 15 minutos, cujo conteúdo desconheço por enquanto, mas com a forte suspeita de que terá incluído os ingredientes da vitimização, arrogância e eventual aldrabice qb, numa manobra de marketing (da "Neurónio Criativo"?) que já a poucos impressiona. Mas valia o nosso Primeiro ir passar uma temporada à China e aproveitar com o pguimo Hugo Monteigo para aprender artes marciais (Kung Fu, segundo creio).
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Ouvi a declaração ao país sobre as forças ocultas, a campanha negra de que coitadinho do Engenheiro (?) Zézito (como o trata o tio em público) é vítima. Isto não é um caso de polícia. O homem tem é espírito encostado. Provavelmente a ínsídia só desaparece quando cuspir os "monelhos de cavelo" que tem acumulados. Aconselha-se uma ida à bruxa. O Ministro dos Assuntos Parlamentares, por certo, encontrará a melhor do ramo. Depois, férias na China, com o pguimo Hugo.
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Aliás, tio Júlio disse que o Zézito é um orgulho para a família pelo que tem feito como Primeiro Ministro, e que o Zézito não tem nada a ver com aquilo, mas caso se prove que tem, a família ficará menos orgulhosa. E que se o PSD estiver por trás da tramóia não volta a votar neles. Acrescenta que lamenta, mas não vão encontrar nenhuma participação da parte dele no caso.
Zézito, deixe-me dizer-lhe que com as suas declarações e uma família destas não precisa de inimigos. Mesmo que vença as forças ocultas, já ninguém ignora que Portugal tem como Primeiro Ministro o Zézito.

Depois de ler o post de Funes

vou fazer um retiro espiritual.
Fiquei chocada com a beleza e profundidade do post sobre o Professor Baptista Machado, que tive o privilégio de ter como professor e com quem conversei algumas vezes na FEP. Voltei a recordá-lo.
Também fiquei deprimida, porque sei que ele foi sempre uma pessoa demasiado inteligente para ser feliz. Tinha muita tristeza e desapontamento no olhar vago. Era um génio, um incompreendido.
Funes não contou o que aconteceu com o seu velório. Ainda bem. Fica em segredo.
Posso dizer que Funes acabou com a minha superficial alegria, que toda a semana tenho tentado conquistar, com muita força de vontade. O desalento está sempre à espreita. Logo agora que estava tão divertida como blogger TVI. Resta-me continuar a trabalhar no livro que nunca acaba.
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Ou talvez não. Fui caminhar para a praia, contra o vento e contra a chuva, sentir o cheiro a maresia, os salpicos das ondas na cara, o sabor a sal nos lábios, os seixos por baixo das botas. Respirei os meus fantasmas, convivi com os meus medos, apanhei búzios, conchas e pequenas pedras coloridas, tirei dezenas de fotografias. Senti-me lavada. Voltei sem pressa. Acho que agora posso retomar o livro sem fim com muito menos angústia. Pelo menos no presente, que é a única coisa que existe.