domingo, 29 de novembro de 2009

A culpa é do Privada

Colocou a quinta à venda e disse que ia abrir um Café com a Amélia. Entusiasmei-me. Abri um Café sozinha, já que o Cris não quis que eu fosse sócia. Passei o dia a cozinhar. De madrugada, tinha grande reputação e menos de metade do dinheiro investido. Passei o dia naquilo. Esturriquei hamburgers, fiz bolo de morangos, tarte de abóbora, pêras caramelizadas, ainda tenho um peru no lume, ficou a assar toda a noite. Quando me deitei, doíam-me as costas, os dedos, os pulsos e choravam-me os olhos.
Não admira que tenha sido chamada a Belém. O Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, estava furioso comigo. Que eu não cumpria os meus deveres de cidadã responsável, que passara o dia a brincar com joguinhos de crianças, que tivesse juízo e deixasse de imediato o CafeWorld. Eu protestei, que era fim-de-semana, que não tinha que se meter na minha vida pessoal, que ainda estava convalescente, que não me podia falar como pessoa que se conhece de longa data porque nunca me fora apresentado mas apenas como representante institucional e que o Estado não tinha nada que ver com os meus hobbies.
Aí, ele passou-se e puxou-me a gravata a ponto de me esganar. Acordei sobressaltada. Devo estar mesmo mal para sonhar com o Senhor Silva! E ainda tenho que ver se o peru não esturricou.