segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dedicado ao sucesso da operação Furacão

Sting, Forever II

Respondendo a Eça

Quem me conhece sabe que um dos meus escritores favoritos é Eça de Queiroz. Guardo fervorosamente os dois volumes de "Uma Campanha Alegre", editados pela Lello & Lello.
Sempre adorei o comentário intitulado "Uma nova penalidade", em que Eça desmonta, pelo absurdo, o raciocíno do juíz que condenou um marido a varrer as ruas de Gouveia, porque assassinara sua mulher e a partira aos pedaços.
Na sua ironia notável, Eça questiona se Gouveia será uma localidade com tal imundície que se equipare a pena de degredo varrer as suas ruas. A província está cheia de mistérios. Ou se, pelo contrário, varrer as ruas terá deixado de ser um emprego municipal para ser uma pena infamante. Neste caso, corre-se o risco de deixar de haver varredores, dado que nenhum cidadão quererá a incumbência.
Em suma, questiona Eça: "Que a justiça nos esclareça sobre estes pontos: se limpar as ruas é uma penalidade nova, e se, a troco de quatro vassouradas, qualquer cidadão pode ter a vantagem de espatifar sua esposa; se a imundície especial e pavorosa das ruas de Gouveia torna realmente essa pena igual à de degredo; ou se o sr. juiz de Gouveia entende que matar a esposa é acto tão meritório, que merece um emprego remunerado pela câmara".
Pois bem, caro amigo, apesar de não ter um cargo público, e com uns anos de distância, eu respondo-lhe.
Fazendo uma interpretação actualista da sentença, afirmo o seguinte:
Considerando que o movimento de libertação das mulheres, já de si um fracasso, chegou a Portugal ainda mais distorcido e prejudicial;
Considerando que o macho lusitano continua no seu empregozinho, mais ou menos merdoso, e nos seus hobbies, estando-se nas tintas para tudo o resto;
Considerando que as mulheres, além de terem que trabalhar para sustentar a prol, devem ser belas, fazer as lides da casa, e ainda aguentar com o mau humor dos conjuges, ou namorados adoptados e das crias,
Considerando as ausências do típico macho lusitano em viagens de negócios, reuniões, jantares e afins;
Considerando que o típico macho lusitano mente por sistema, pelo que a raça é conhecida pelo tamanho descomunal dos seus narizes;
Considerando que se fazem de santinhos quando lhes convém, ou seja, porque querem algo ou fizeram algo errado, sendo que o período de santidade é sempre de muito curta duração;
Entendo que o sr. juiz de Gouveia era um visionário. Não no tocante a matar a mulher, mas a acabar com o marido. Essa espécie, seja em união de facto, seja em união civil, seja unido pelos santos laços do matrimónio, ao fim de cerca de 5 anos de casamento, deve ser considerada como pertencendo ao grupo dos parasitas. Os parasitas não são bons para o planeta terra, por isso devem ser eliminados. Eliminar o esposo e, eventulamente cortá-lo em cubos, ou triângulos, deve dar lugar a emprego remunerado pela Câmara ou até pelo Ministério. Mas um emprego bom. Faça-se um upgrade. No mínimo, acessora de qualquer organismo público.
Já matar a mulher é outra história. Salvo casos absolutamente excepcionais, deverá redundar em pena de degredo para o Iraque, Afeganistão ou Sudão. A Coreia do Norte também não está mal, porque entram logo na linha.
Esta que muito o admira,
Saphou

Statements


Não suporto anões de jardim.