Hoje é dia de Eurofestival da Canção, talvez o evento mais piroso de todos os tempos. Nunca me lembro, desde a infância, de ter ouvido uma canção de jeito a ganhar esta coisa. Lembro-me de ficarmos quase sempre em antepenúltimo, ou penúltimo, e do feito histórico de, num qualquer ano, termos ficado em oitavo lugar.
Na juventude era espectadora habitual do evento. Dispunha-me ao sacrifício de assistir ao desfilar das cançonetas só para ver os designados da cada país a dizer: Portugal, two points; Portugal one point....
A queda do muro de Berlim, o fim da União Soviética, o surgimento dos não sei quantos países terminados em ão (os ...tões), a desagregação da Jugoslávia, arrumaram de vez com o interesse do festival. Agora a liderança da piroseira está no Leste. Como são muitos, votam todos uns nos outros.
Ontem, porque não tinha sono, liguei a televisão, por volta da 1h e 30m da manhã. Fiquei a saber, com surpresa, que Portugal tinha passado numa semifinal, com uns tipos intitulados "Flor-de-Lis" e que hoje era a final. Vi também que o festival decorria na Rússia. O que significa, não só que a Rússia este ano participa nesta imbecilidade, mas que no ano passado ganhou.
Até tive pena do sacana do Estaline, que se deve estar a revolver no túmulo. Para quê matar e oprimir tanta gente, em nome da ordem e da ideologia, ou até do desejo de se manter no poder num país respeitado e temido, se a Rússia, mais tarde ou mais cedo, viria a fazer a triste figura de participar nesta fanfarrice?
O imperial Putin abandalha o país, dá pão e circo ao povo para o manter feliz.
http://www.youtube.com/watch?v=GoWLEK3nqLs&feature=related: como é que com esta coisa inqualificável conseguimos passar à final? Será por a nossa língua parecer de um país de leste, para quem só ouve os sons? Aposto uma orelha de Funes em como na final ficamos em 15º lugar.