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(
Salvador Dalí, Mujer en la ventana en Figueras. 1926)
Por hoje, serrei as grades.
Limpei a casa.
Não sei se ouso ir lá fora,
Mas respiro a maresia,
e entoo a
canção mentalmente .
A lua ainda permanece
com as memórias
da que foi menina
amada em tempos,
agora uma velha
senhora
espancada pelo antigo amor,
quatro vezes espancada!
Atazanada pelas crias adolescentes.
Amaldiçoada pela mãe insana.
E, contudo,
abre a janela
olha o mar,
sente-o,
respira-o,
que mais importa?
Esta mulher é uma sobrevivente,
como tantos milhões de outras,
sustenta a casa sózinha,
com medo ou sem ele,
alimenta os que a corroem,
é burra?
Xô, poeira, xô!