segunda-feira, 13 de abril de 2015

Trabalhos forçados

O diabinho e o anjo bom!
Fim-de-semana de sol e coisas fantásticas para fazer, e estar sujeita a trabalhos forçados de segunda-feira, digo-te Maria Vaz, é tramado. Escreve e cala-te, não me provoques. Vai passear, segue a máxima "pura vida". Eu dou-te a "pura vida", pá, isto não é a Costa Rica!

Do patriotismo

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Humilhação II

Humilhação

Alguém já foi humilhado por um médico, em plena consulta, tendo depois que pagar 55 euros?
Nos hospitais públicos os doentes são humilhados diariamente, toda a dignidade lhes é retirada (ressalvadas as excepções, dependentes de quem está de turno, do serviço e do hospital, ou seja, do factor sorte dentro do azar). Eduardo Prado Coelho, por quem nem tinha especial admiração, escreveu uma crónica notável sobre o tema.
Nos hospitais privados, tem dias... quando a minha filha nasceu e parte de mim morreu, uma freira atirou comigo para que eu, contorcida com dores, me virasse. Foi um dos actos crueis que me ficou na memória.
Ser humilhada em hospitais públicos na urgência estou habituada, porque tive que dormir longe de um indivíduo que me assediava e fui humilhada por empregadas grosseiras a quem tive a delicadeza de informar que a casa de banho estava nauseabunda. "Olha-me esta, pensa que está num hotel de 5 estrelas"! Ou por me deixarem 6 horas ensopada e com a bacia totalmente partida, tendo a Excelça médica especialista concluído que que era apenas uma tendinite...enfim...
Agora, ser humilhada numa simples consulta privada, com a duração máxima de 5 minutos, nunca me tinha acontecido.
Sentenciou a médica: - "A senhora é licenciada, tem a obrigação de não se comportar como um cidadão indiferenciado, já cá esteve há seis meses, por isso recuso-me a fazer-lhe qualquer exame". Nem sequer me mediu a tensão, ou auscultou. Nada. Limitou-se a esta frase.
- "São 55 euros", disse a empregada.
Não paguei. Nem pago. Que venha a penhora.

O meu pai foi humilhado muitas vezes nos últimos anos de vida, inclusive foi vítima de negligência médica grosseira. Internado em hospitais sucessivos e várias vezes na Urgência, a humilhação, aliada à consciência de nada poder fazer para a evitar, foram de uma dureza extrema. O meu pai sabia exactamente como ia morrer. Por isso, quis morrer em casa. Ao menos isso conseguimos.
Uma vez que na minha memória ele morre todos os dias 15 e eu espalho as suas cinzas no mar todos os dias 16, em jeito de homenagem, deixo-lhe uma das flores de que mais gosto e que em tempos tivemos no nosso jardim (uma cerejeira florida). Já agora, estendo a homenagem a todos os doentes internados vítimas de humilhação.

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