sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ainda Oeiras: melhorar o que está bem para quê, ó candidato Perestrello?

Mudar o que está mal? Para pior ou para melhor?
Se está bem, para quê melhorar?
Oeiras a sério? Todos achavam que era a brincar, ainda bem que avisa.
E, já agora, porque é que não mostra a testa toda e disfarça um buraquinho no queixo?
É por estas e por outras que o arguido já descolou do pelotão...

Cá está um exemplo a ser seguido

Isaltino Morais não vota nele, mas na família e a família retribui, mesmo que lhe tenha que levar miminhos à cadeia. Isaltino vai ganhar com grande distância, deixando Perestrello a asfixiar muito atrás.

O português gosta mesmo é de autarcas suspeitos, arguidos, ou com condenações suspensas. Já é tradição. Por isso, Isaltino para Oeiras, O Major para Gondomar e Fátima Felgueiras para a terra do mesmo nome, quiçá Avelino Torres no Marco de Canaveses. O que está a dar é o saquinho azul.

A nível nacional, por este andar, se José Sócrates vier a ser arguido, ou melhor ainda, condenado no caso Freeport, ou em outros processos menores, será eternamente reeleito, ou mesmo passará a ser ditador com o desejo do povo, caso a Procuradoria da República e PJ armem muita confusão.

É que ninguém ousa colocar isso em dúvida, por quem sois!

António Soares Marques (actual Presidente), PSD
clique para na imagem para ver o Senhor Presidente mais de perto sff

As Sete Magníficas

A montanha amanhecia banhada pelas gotículas de orvalho nocturno. O rio marulhando segredos ecológicos calçava o sopé com uma frescura há muito almejada pelas sete amigas que, finalmente, contra todos as tendências da rotineira e ocupada vida que escolheram, conseguiram reunir-se sem a ausência de nenhuma. A logística do acampamento ficara a cargo da Tê, sempre mais e melhor informada sobre os cuidados a ter em casos destes. A tenda, empréstimo conseguido a custo elevado ao primo da Nocas, que embora nunca tenha sido escuteiro, sempre gostou de participar em arraiais, e que, para o efeito, havia adquirido o respectivo material necessário, era suficientemente espaçosa para as sete magníficas. A primeira a esgueirar-se para o exterior foi Vicky. Apesar de se encontrar num ambiente descontraído, era difícil desligar-se dos seus problemas e as noites de insónia tornaram-se recorrentes desde há uns tempos para cá. Do saco-cama alojado na divisória central da tenda, observando-a espreguiçar-se, Lorena ouviu um cantarolar animado. Tina, a benjamim do grupo e, sem dúvida, a mais expedita, de um salto se ergueu, soltando estridentes gargalhadas.
-Meninas! Toque da alvorada. São horas!
Um resmungo abafado fez-se ouvir vindo do quarto da direita. Era a Nocas, a mais preguiçosa. Passava grande parte do tempo sentada. Costumava desculpar-se com a delicadeza dos seus pés que, com duras penas, já tinham carregado o resto do corpo por tempo demais.
-Cala-te, pá. Nem num fim-de-semana de relaxe se pode dormir profundamente. Sabes bem que só assim consigo tornar o mundo num lugar mais apetecível.
-Vá lá, Nocas! Vê se, pelo menos, nestes dois dias consegues aproveitar o ar puro da natureza. Xana, seguramente a mais idónea e responsável do grupo, fizera-se ouvir. Talvez o facto de ser a mais velha a autorizasse, ainda que inscientemente, a tomar as rédeas da progressão harmoniosa do dia. Xana especializara-se em telecomunicações e, por defeito da sua cultura organizacional, propusera a todas que desligassem os telemóveis. Estavam, assim, desde as 18 horas do dia anterior, sem qualquer ligação ao mundo do qual todas, em total sintonia de anseios, quiseram fugir por umas singelas sessenta horas. Dina, ainda se opusera, nunca tinha estado tanto tempo longe do filho e não se sentia minimamente confortável com a ruptura, ainda que por pouco tempo, do inquebrantável elo que se impusera entre os dois.
Dando mais meia volta calaceira, Lorena mergulhou ainda mais no interior do acolchoado saco-cama. Todas tratavam da confecção do pequeno-almoço ecológico e equilibrado e o cheiro a café quente invadiu a tenda. Irresistível. Tina, com o seu ar bem disposto, entrou na tenda com ar provocador.
-A menina Lorena é servida de um cafezinho?
-Sim, pleaaaaase! Respondeu em tom de sofrimento.
-Levante-se, faz favor, e vá buscá-lo lá fora. Olha-me esta, sua sorna! E de sorriso parido de dentro, preso aos lábios, esgueirou-se novamente para o apetecível bosque que acolhia o grupo. O dia prometia grandes aventuras e, de um salto, Lorena, ainda em pijama e ensonada, esgueirou-se para fora da tenda. As sete amigas de sempre – Nocas, Dina, Tina, Vicky, Tê, Xana e Lorena - que por tempos intermináveis haviam adiado este encontro, conseguiram, enfim, dois dias para conversar, rir, ler, caminhar, correr, ouvir música e até nadar nas águas límpidas do rio que lhes cantarolava na alma. O café estava delicioso.

Conto de sexta-feira : " O Teixeira "

O Teixeira era uma figura impenitente. Não vergava sobre si próprio. Com passos ritmados sustentava sem percalços aquilo que parecia ser uma arroba de batatas dentro do cinto e, assim carregado, entrava no Canal 3, onde era aplaudido pela decadente frente urbana dos anos 90, que tinha levado à ruína aquela magnífica cidade.

Era dos tais que sugeria que investir é em terreno vulcanizado, e investir tudo, porque o Teixeira não se ficava por metades. O granito para o Teixeira era cinzento. E devia ser tratado com dinamite como, aliás, os seus novos comparsas tinham feito. Não se pode dizer que o Teixeira gostasse de explosões e catástrofes. Teixeira tinha fraca memória, estava esquecido dos enormes buracos onde se tinham metido com essas detonações de ganância. Era tão esquecido que em pouco tempo cuspia na mão de quem o arrancou da vala onde, gordo, escavava à procura de pedrinhas de saibro.

O Teixeira estava agora disposto a empreender uma caminhada rumo ao litoral, que parecia brilhar. O Teixeira e os comparsas, que eventualmente ia arranjando, cegos pela cobiça, não viam que o brilho era a pressão atmosférica cada vez mais latente, a anunciar uma calamidade natural, onde seria sugado todo o dinheiro dos pobres portugueses.

- Lisboa brilha – dizia o Teixeira – Se houve um dia um terramoto, foi acidental, devemos apostar nos capitais de risco!

Teixeira devia a Lisboa o mérito de aparecer na TV a cores e aparecia em todos os formatos. Os cinzentões, nos seus ecrãs a preto e branco, viam o Teixeira e tinham pena, mais uma vez a ser delatado por ele próprio, mais uma vez a escavar um buraco em seu torno, praguejando e blasfemando o terreno sólido e granulo onde colheu as suas batatas.

Teixeira era um entre muitos, o menos perigoso deles todos, movia-se dos braços de uns para outros, conforme as conveniências, era maneável, os outros sólidos nos seus obscuros interesses. Teixeira era um pensador fraco, ingrato, mal o chamavam, juntava-se sem preconceito aos usurários, que no cérebro tinham apenas a célula de uns miseráveis tostões, que nem sempre recebiam, do capital do interesse, face a isso, o que receberia o pobre do Teixeira?

Ai que humilhação sentia a terra pela insolência dos seus filhos, que se clamavam pródigos e regressavam sempre na esperança de festejar e partir com novo dote.
Mas dores de parto já não tinha, a terra, porque o Teixeira podia a qualquer momento parir um saco de batatas.