quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Relações

Passamos 13 anos juntos, ou 12, ou 14, perdi-lhe a conta. Ao contrário das relações vulgares que por aí se comentam, a nossa aproximação aumentava com o passar dos dias. Ao fim de poucos anos, não passavam duas horas sem que nos tocássemos, e até o sono, quando durava mais do que 5 horas, aumentava a saudade e tínhamos que nos aproximar logo ao nascer do dia.

Nem mesmo quando fui traído, ou quando me deu um soco e me afectou um pulmão, nem nos dias em que me apertava a garganta a ponto, de não puder falar e de ter vergonha disso, abandonei esta relação. Uma relação de toda a vida, porque eu, como as pessoas vulgares, simples e ocupadas, relativizo o tempo da infância e do estudo, ou talvez seja esta relação, que me marca a cronologia. O que é certo é que digo com a maior das facilidades “uma relação de toda a vida”, é metafórico, real não é, mas compreendem onde quero chegar.

Sei que não é saudável, que uma mente esclarecida e um corpo exercitado, deve alhear-se destas situações, mas a verdade, a verdade é que a relações são cordas nos embarques da vida, e se as cortarmos, podemos ficar sem pontes. Sei nadar bem. Mas compreendem o que digo, uma vida sem relações, sem dependências, não é uma vida.

Qualquer drogado poderia dizer isto que eu digo, mas convenhamos, a droga é uma situação degradante e quem a consome um doente. Não cheguei a esse ponto. Embora admita que de facto, quando se tende para o expoente máximo se viva em função disso, mas a minha relação é uma situação banal, igual a tantas outras que há por aí.

Escrevo hoje isto, um desabafo sincero, porque de facto há muito a questiono, mas eu amo tanto, foi tanto tempo, e tão próximos que sempre estivemos. Bem sei que é esta relação que me causa muitos dos problemas, que depois me ajuda a resolver, mas ainda assim.

Quando estou cansado, quando não durmo, quando não consigo decidir, quando já não subo a escada, é nesta relação que me apoio, que sempre me apoiei, claro está, mais uma vez refiro, que como pessoa normal, tenho que relativizar a infância, a juventude e adolescência, esquecer-me desse tempo, não interessa nada, certo?

É bom manter uma relação, e por mais que cheire mal, que faça pó, que me canse e enerve, que me ponha doente, mas gravemente doente, a verdade é que não me apetece, simplesmente não me apetece terminar assim, talvez daqui a um ano, ou dois. Ou um dia, talvez um dia me chateie e deixe de fumar.