
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Com a nova ministra da educação, este é um livro de leitura obrigatória

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Isabel Alçada
Significados improváveis. Contribua com o seu
aspirado- carta de baralho completamente maluca
armarinho- aragem proveniente do mar
caçador- indivíduo que procura sentir a dor
fogão-incêndio de grandes proporções
missão- culto religioso com mais de três horas de duração
padrão- padre muito alto
violentamente- viu com lentidão
detergente- acto de prender seres humanos
(Fonte: Revista Pão com Manteiga)
Contributo de Saphou:
boicota- bovino já velhote
armarinho- aragem proveniente do mar
caçador- indivíduo que procura sentir a dor
fogão-incêndio de grandes proporções
missão- culto religioso com mais de três horas de duração
padrão- padre muito alto
violentamente- viu com lentidão
detergente- acto de prender seres humanos
(Fonte: Revista Pão com Manteiga)
Contributo de Saphou:
boicota- bovino já velhote
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significados improváveis
Le professeur de français
Tive uma professora de francês que era mesmo francesa. Mas magra, de saia a meio torniquete, baixa, a mãe e a tia, essas sim, dignas da aristocracia da cidade das luzes.
A senhora não falava, piava, com os lábios fechados, fazia-me me lembrar a namorada do Zé Carioca. Mantinha longas conversações em francês com a menina Fernanda, recentemente chegada dos subúrbios parisienses.
Oh, eram tremendos os elogios e as comparações entre o nosso país e o país onde estas duas amostras de gente tinham vivido.
Eu, ignorante, prepotente, javardo e julgo que meio metaleiro na altura, atirava-lhe com Balzac, a torto e a direito, devo dizer que ensaiava à noite tiradas cínicas do autor e no meu francês porreiro, destroçava-a. Ela respondia: - Se o menino soubesse alguma “coisinha” de francês compreenderia melhor o autor, pois poderia lê-lo no original. – E falava em português, porque se fosse na língua da aula, não me ofenderia.
Excluído, sem qualquer capacidade de escrever um texto com sentido para os franceses, juntei-me ao Metralha, o veterano, inventamos-lhe o nome de “Pipi oui!” dito assim com lábios à piriquito. - Oh notre cheri Pipioui!
Deu-me um injusto e monumental 7 na pauta, fui à oral. A Pipi Oui abanava a cabeça, comentava que eu, moi, era incapaz de conjugar um verbo e ria aos bocadinhos, piu piu piu. Subiu-me uma inspiração e mal saímos da gramática, o francês fluía-me da boca , disse tantas respostas boas e correctas que tive um 10, é verdade, a sério, também eu fiquei admirado.
- Vai lá Privada, devias ter vergonha, o Francês é uma língua essencial e o Balzac, Privada, devias lê-lo de forma crítica. Vai e atenção ao Jornal deste mês, olha que estás por um fio, já disse ao teu avô a situação em que te encontras, não voltes a exagerar. Ganha juízo enquanto é tempo, tens capacidade para seres mais do que um tolo.
Agradeci com toda a humildade que sabia ter nestas alturas, estavam a dar-me uma oportunidade:
- Obrigado Doutor, muito obrigado, não o desiludirei, fica garantido.
- Vai semelho vai!
- Então, allor merci, et bonjour por vous! Com votre licence, au revoir.
Fechei a porta, sentindo dentro de mim um YES!, cheguei cá fora e aos amigos disse a verdade, porque aos amigos mente-se na ordem em que mentimos a nós proprios :
- Estavam à espera de quê? Bem vos dizia, a gaja deu um 7 ao Balzac não foi a mim. Tá feito, e com mérito, vamos ao bar!
A senhora não falava, piava, com os lábios fechados, fazia-me me lembrar a namorada do Zé Carioca. Mantinha longas conversações em francês com a menina Fernanda, recentemente chegada dos subúrbios parisienses.
Oh, eram tremendos os elogios e as comparações entre o nosso país e o país onde estas duas amostras de gente tinham vivido.
Eu, ignorante, prepotente, javardo e julgo que meio metaleiro na altura, atirava-lhe com Balzac, a torto e a direito, devo dizer que ensaiava à noite tiradas cínicas do autor e no meu francês porreiro, destroçava-a. Ela respondia: - Se o menino soubesse alguma “coisinha” de francês compreenderia melhor o autor, pois poderia lê-lo no original. – E falava em português, porque se fosse na língua da aula, não me ofenderia.
Excluído, sem qualquer capacidade de escrever um texto com sentido para os franceses, juntei-me ao Metralha, o veterano, inventamos-lhe o nome de “Pipi oui!” dito assim com lábios à piriquito. - Oh notre cheri Pipioui!
Deu-me um injusto e monumental 7 na pauta, fui à oral. A Pipi Oui abanava a cabeça, comentava que eu, moi, era incapaz de conjugar um verbo e ria aos bocadinhos, piu piu piu. Subiu-me uma inspiração e mal saímos da gramática, o francês fluía-me da boca , disse tantas respostas boas e correctas que tive um 10, é verdade, a sério, também eu fiquei admirado.
- Vai lá Privada, devias ter vergonha, o Francês é uma língua essencial e o Balzac, Privada, devias lê-lo de forma crítica. Vai e atenção ao Jornal deste mês, olha que estás por um fio, já disse ao teu avô a situação em que te encontras, não voltes a exagerar. Ganha juízo enquanto é tempo, tens capacidade para seres mais do que um tolo.
Agradeci com toda a humildade que sabia ter nestas alturas, estavam a dar-me uma oportunidade:
- Obrigado Doutor, muito obrigado, não o desiludirei, fica garantido.
- Vai semelho vai!
- Então, allor merci, et bonjour por vous! Com votre licence, au revoir.
Fechei a porta, sentindo dentro de mim um YES!, cheguei cá fora e aos amigos disse a verdade, porque aos amigos mente-se na ordem em que mentimos a nós proprios :
- Estavam à espera de quê? Bem vos dizia, a gaja deu um 7 ao Balzac não foi a mim. Tá feito, e com mérito, vamos ao bar!
Lá fomos comemorar a minha vitoria, com o guito do Abel, o filho do dono da fabrica de papel.
DE PUTA MADRE: una marca renombrada.
Já tem a sua T-Shirt? Calças? Saia? Vestido? Vá ao site oficial ou procure numa boutique próximo de si, sobretuto se optar pela DPM GolD. E não pense em saramaguices porque De puta madre não quer dizer nada dessa ordinarice em que está a pensar. Nem eu colocaria uma merda dessas no blog, que tenho um profundo respeito pelas mães. Simplesmente, acho fascinante a história desta marca irreverente e provocadora que acabou por entrar no mundo da alta costura da forma mais improvavável. Será que Saramago tem uns calções ou calças DPM? Não é provável. É que muitos dizem “Made in Vatican” ou “Made in Nazareth”, e isso seria usar calções de maus costumes. Saramago é muito púdico. Até a Bíblia o afecta.
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marcas renombradas
Oh les lumières
“Enfim, os franceses proclamaram-se todos iguais nos seus direitos, e também nas suas vestes, e a cambiante no tecido ou a diversidade nos trajes deixou de ser distintivo das condições sociais.
Como então reconhecer-se no seio desta igualdade? Por que traço exterior distinguir a classe de cada indivíduo?
A partir dali, estava reservado à gravata um propósito novo: ela nasceu para a vida pública, conquistou importância social; foi chamada a ressuscitar os matizes integralmente apagados do vestir, converteu-se no sinal pelo qual se distinguiria o homem digno deste nome do homem sem educação.
Porém, teria mil vezes mais prazer em ser o glutão dos glutões do que de não ter nenhum traço distintivo em termos gastronómicos; nada é mais penoso do que ser igual a todos os demais.
Um escritor absurdo, mas excessivamente absurdo, alcança mais mérito aos meus olhos do que um escritor medíocre, do que um autor como qualquer um pode ser. O absurdo em excesso é o génio da asneira. Em gastronomia, dá-se o mesmo com a glutonaria.”
Ohhhhhhhh très bien Monsieur Balzac! Très bien! Clap Clap clap
Bonjour SEC XXI
In Do Vestir e do Comer
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gravatas e iluminados
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Sinónimos: novas palavras que devem integrar o Dicionário da Academia
Saramaguice/ saramaguices - grande/s disparate/s dito/s ou efectuado/s por pessoa convencida de que a sua interpretação monolítica tem um valor dogmático, pessoa essa em estado de demência pré-senil ou mesmo senil.
...
Exemplo1: Temos de ser condescendentes. Sua Alteza tem quase noventa anos, por isso é natural que insista em fazer saramaguices, embora todos saibam que o penico não é para ser usado na cabeça.
Exemplo2: Bisavó, não digas saramaguices, o livro "500 Potato recipes" não é um manual de maus costumes.
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saramaguice,
saramaguices
Poema de António (Mofina) Gedeão, um comentário que é um post.
POEMA DA AUTO-ESTRADA
(de António Gedeão, declamado por Mofina)
...
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
...
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
...
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volu'pia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio nao e' com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
...
Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge 'a sua volta,
o ceu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demonio com asas.
...
Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
sao ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
...
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa de lambreta.
...
Bem que a Leanor da verdura apreciaria mais esta versão.
Está tudo muito erótico por aqui hoje. Menos eu.
Um conto à quarta-feira
Era noite e as estrelas brilhavam tão intensamente que às vezes pareciam luzinhas da árvore de Natal.
A Anabela tinha acabado de jantar e foi ler um pouco até que ouviu a sua mãe chamar:
- Filha vai lavar os dentes.
Quando ia pegar na escova de dentes abriu-se um buraco debaixo de si e caiu num barco no meio do mar.
Ela chorava, chorava e, passadas algumas horas, pensou em voz alta:
- Para quê chorar, não adianta de nada. Já sei o tenho que fazer. É a única solução, vou remar. Anabela remou e remou Até que chegou a uma ilha chamada Chamakumu.
Depois, foi arranjar alguns frutos para comer. Lá, havia muitos cocos e muitas bananas. Ela queria bananas, mas estavam em bananeiras muito altas, pelo que teve que ir aos coqueiros.
Tinha acabado de tirar o último coco, quando apareceu um grande lobo esfomeado. Quando chegou perto dela, parou a olhar e enroscou-se nas suas pernas como um gato.
Era um milagre! Parecia que os animais de lá gostavam dela. Passado algum tempo, todos os animais se aproximaram fazendo uma vénia. Anabela corou. Que estranho! Até as cobras e os crocodilos, que são tão ferozes estavam lá! O papagaio deu-lhe um mapa do tesouro, então, Anabela lá pôs toda a gente a procurar.
Todos foram ter ao mesmo sítio: o território dos gigantes! Os gigantes eram muito maus para os humanos e para os animais. Anabela lembrou-se das histórias que lia antes de ir dormir.
Quando viu o gigante, veio-lhe logo à cabeça a história do “mata-sete”. Aquele alfaiate que tinha morto sete moscas só de uma vez e o rei pensava que eram sete animais ferozes.
Então, ordenou-lhe que enfrentasse um gigante que andava a aterrorizar a aldeia e assim foi. A Anabela pediu ao pelicano, um caule de uma rosa para servir de fio, mas ele explicou-lhe que o caule serviria muito melhor de agulha. Deveria pedir o fio à aranha. Ela passou por baixo do gigante, subiu-lhe as pernas, espetou-lhe o caule da rosa no rabo e enrolou-o com o fio. Ele caiu no chão como uma bola redonda. Anabela e os animais foram até a casa dos gigantes. A casa, por dentro, parecia um castelo!
Todos seguiram um mapa e foram ter a uma arca. A arca era muito pesada, por isso, tiveram que a empurrar todos ao mesmo tempo. Por baixo tinha uma caixinha. Anabela abriu a caixa e tinha lá dentro um colar com um símbolo de dormir. Ela pôs o colar e, nesse preciso momento, começou a ouvir:
-Anabela, filha, acorda!
Era a sua mãe a chamar. Abriu os olhos muito lentamente e viu que tudo não tinha passado de um sonho. Foi uma grande aventura!
Quando foi lavar os dentes, sentiu um aperto no pescoço. Era o mesmo colar do seu sonho.
Isto é uma prova de que nos sonhos há sempre um bocadinho de realidade.
A Anabela tinha acabado de jantar e foi ler um pouco até que ouviu a sua mãe chamar:
- Filha vai lavar os dentes.
Quando ia pegar na escova de dentes abriu-se um buraco debaixo de si e caiu num barco no meio do mar.
Ela chorava, chorava e, passadas algumas horas, pensou em voz alta:
- Para quê chorar, não adianta de nada. Já sei o tenho que fazer. É a única solução, vou remar. Anabela remou e remou Até que chegou a uma ilha chamada Chamakumu.
Depois, foi arranjar alguns frutos para comer. Lá, havia muitos cocos e muitas bananas. Ela queria bananas, mas estavam em bananeiras muito altas, pelo que teve que ir aos coqueiros.
Tinha acabado de tirar o último coco, quando apareceu um grande lobo esfomeado. Quando chegou perto dela, parou a olhar e enroscou-se nas suas pernas como um gato.
Era um milagre! Parecia que os animais de lá gostavam dela. Passado algum tempo, todos os animais se aproximaram fazendo uma vénia. Anabela corou. Que estranho! Até as cobras e os crocodilos, que são tão ferozes estavam lá! O papagaio deu-lhe um mapa do tesouro, então, Anabela lá pôs toda a gente a procurar.
Todos foram ter ao mesmo sítio: o território dos gigantes! Os gigantes eram muito maus para os humanos e para os animais. Anabela lembrou-se das histórias que lia antes de ir dormir.
Quando viu o gigante, veio-lhe logo à cabeça a história do “mata-sete”. Aquele alfaiate que tinha morto sete moscas só de uma vez e o rei pensava que eram sete animais ferozes.
Então, ordenou-lhe que enfrentasse um gigante que andava a aterrorizar a aldeia e assim foi. A Anabela pediu ao pelicano, um caule de uma rosa para servir de fio, mas ele explicou-lhe que o caule serviria muito melhor de agulha. Deveria pedir o fio à aranha. Ela passou por baixo do gigante, subiu-lhe as pernas, espetou-lhe o caule da rosa no rabo e enrolou-o com o fio. Ele caiu no chão como uma bola redonda. Anabela e os animais foram até a casa dos gigantes. A casa, por dentro, parecia um castelo!
Todos seguiram um mapa e foram ter a uma arca. A arca era muito pesada, por isso, tiveram que a empurrar todos ao mesmo tempo. Por baixo tinha uma caixinha. Anabela abriu a caixa e tinha lá dentro um colar com um símbolo de dormir. Ela pôs o colar e, nesse preciso momento, começou a ouvir:
-Anabela, filha, acorda!
Era a sua mãe a chamar. Abriu os olhos muito lentamente e viu que tudo não tinha passado de um sonho. Foi uma grande aventura!
Quando foi lavar os dentes, sentiu um aperto no pescoço. Era o mesmo colar do seu sonho.
Isto é uma prova de que nos sonhos há sempre um bocadinho de realidade.
Esta merda de blog
hoje parece de góticos ou memo emos. Uma velha tola escreve um post a dizer que precisa de mimos, como se alguém desse mimos a velhas tolas, provavelmente gágás, o seu parceiro dá-lhe lápides e cemitérios. Dass. Vou já embora, antes que fique contaminada. Só gostava de saber que me apanhou a password para escrever aquilo.
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Farta
As adultas precisam cada vez mais de ser mimadas
Quando era pequena e estava doente, a mãe trazia-lhe carinho e uma comida reconfortante, o xarope até sabia a morango. O pai brincava com as roupas que ela fazia para as bonecas. Enfiava umas calças em dois dedos de uma mão e um saiote em outros dois dedos de outra mão e fazia um bailarico improvisado que a fazia rir, mesmo quando estava com um pico de febre. Outras vezes, fazia-lhe desenhos divertidos e contava piadas.
Hoje, quando ela está doente, tem que tratar de si e dos outros, mesmo quando lhe dói o corpo e a alma e a fatiga é tanta que sente que não aguenta. A familória diz-lhe que é mesmo assim. Que aguente, que não chateie os outros, não se queixe, fique caladinha. Desde que continue a trabalhar, cozinhar, tratar da roupa e tenha tudo em ordem, nem lhe chamam velha maluca, frase que já teve que engolir, embora nem seja velha, nem maluca (ao que eu cheguei, pensou nesse dia, as lágrimas rolaram muitos dias a seguir a esse e a ferida ficou aberta).
Quanto mais adulta e mais próxima da morte, o carinhos deveriam ser geometricamente aumentados, mais as prendas e as guloseimas. Os fantasmas deveriam vir dançar bailaricos divertidos e contar piadas, enquanto os que ainda cá estão e, aparentemente gostam da velhota, deveriam dar-lhe uma comida saborosa para que os comprimidos, às meias dúzias, voltassem a saber aos morangos silvestres da infância.
A criança é infantilizada até findar a adolescência e transforma-se num adulto merdoso. Como isto acontece há gerações, os adultos são, em regra, uma cambada de egoístas que só pensam no seu ego e continuam a infantilizar e estragar as crias. Repetem padrões.
Como é que a sociedade não há-de ser um selva, se nem ninguém da família faz uma comida mimada à mãe, que fez o possível e o impossível pela cambada que a rodeia? O normal é, muitas vezes, o companheiro, marido, ou o raio-que-o-parta, sair mais cedo e chegar mais tarde, para não ser incomodado. Os filhos estão-se nas tintas. Limitam-se a perguntar: estás melhor? A grande família é um mito, com essa já nem se conta.
No final, são os estranhos, a empregada, a enfermeira, a contratada para dama de companhia dos tempos modernos, a x euros à hora, que da trata mãe doente, quando ela já não pode tratar de si. Quando o incómodo for muito, enfiam-na num lar, por certo.
E ainda se admiram com a quantidade de deprimidas que por aí pululam. Esta merda é uma selva. Impera a lei do mais forte. Só esse, sem sentimentos e escrúpulos, que mente, manipula e aldraba, mas que tem uma saúde de ferro, é que se safa. E esse, em regra, é homem. A mulher, repetindo padrões de dever interiorizados com culpa à mistura, continua a tratar do marido, companheiro, ou do raio-que-o-parta, quando ele está doente, ainda que o deteste profundamente.
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Insónias à Quarta-feira
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Hoje deu-se o fenómeno da multiplicação das freiras paramentadas,
de várias congregações. Parece que não é uma multiplicação espontânea, consequência da chuva, mas um encontro, e estão devidamente munidas para apedrejar um tal de Saramago que anda para aí a dizer disparates, embora assegurem que não está gágá (se estivesse gágá ainda se podia safar) e que tem o topete de ir dar uma conferência no templo. Creio que vai sair a gritar caim, caim, caim.... São muitas as munições que Saphou vislumbrou.
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Freiras e Saramago
Mas se o livro falar de Caim ...
Vejamos, o tema interessa-me de há muito tempo, assim como me interessou o Evangelho , que afinal era a Última Tentação.
Portanto, ainda que Saramago não me interesse muito, interessa-me saber para onde leva ele Caim. Porque Caim, meus amigos, é um tema fulcral, quanto a mim, dos melhores da Bíblia.
Não deixarei de ler esta abordagem, a menos, claro que o livro não seja sobre Caim, seja sobre a Igreja, ou cenas dessas.
Quero saber o que passou na cabeça de Caim e na de Abel, faço uma ideia, mas gostava de ter novas ideias.
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c est la vie
Esses críticos do Saramago
Há para aí uns meliantes que não lêem, seguem raciocínios distorcidos.
Esse bando de inertes, filhos da geração de 60, iniciaram o seu caminho na leitura por obras como “As portas da percepção”, onde procuravam encontrar saída para um mundo infinito, filtrado por mecanismos cerebrais que proibiam a utilização máxima dos recursos da máquina humana. Claro está que a culpa destes desvios teve por base as filosofias aprendidas nessa nova escola que os mantinha presos 20 anos e da qual pensavam sair capacitados para gozar as leis e as teorias até aí engolidas. A eles julgavam estar destinada a tarefa de potenciar miolos sem rebentar os filamentos.
Fartos de condutas e rastreios, certos de que para além do branco haveria cor e sentido num mundo hipotético que escapa à comum percepção humana, depressa mergulharam no “Rei Lagarto” e nas suas odes caóticas de naves azuis feitas arcas de Noé, que transportariam os loucos que tinham portas abertas.
Dai a Baudelaire e aos seus paraísos, ao Óscar Wilde, ao desmonte da peças, ao Pessoa, ao Machado de Assis e ao seu Brás, foi um saltinho e, quando deram por ela, estavam já nos braços de Jocasta, donde saiam para voar com Castaneda dentro dos caixões de Poe e, finalmente, relaxar em Niestzche, contrapondo a democracia do Platão e baralhando a falta de lógica nas lógicas perversas de Borges.
Escusado será dizer que esta geração sem préstimo, redundou na crise, na depressão, na agonia de não puder pegar num livro novo e ler. Perdeu todo o entusiasmo e esmiúça os mesmos livros há anos, sem daí poder sair, e junta-lhe novos livros dos mesmos autores e de autores novos que falam sobre os mesmos temas.
São a geração parada no tempo, interessa a sua opinião? Creio que não, a sua conduta tem um hemisfério de loucura não recomendável: divagam, não pensam; deprimem, não choram; analisam, não amam; reabilitam, não constroem. São, talvez, lunáticos, se a lua existir e não for mera percepção. Interessam? Não interessam. Do que dizem sobre o que pensam, pouco ou nada tem aplicação.
Esse bando de inertes, filhos da geração de 60, iniciaram o seu caminho na leitura por obras como “As portas da percepção”, onde procuravam encontrar saída para um mundo infinito, filtrado por mecanismos cerebrais que proibiam a utilização máxima dos recursos da máquina humana. Claro está que a culpa destes desvios teve por base as filosofias aprendidas nessa nova escola que os mantinha presos 20 anos e da qual pensavam sair capacitados para gozar as leis e as teorias até aí engolidas. A eles julgavam estar destinada a tarefa de potenciar miolos sem rebentar os filamentos.
Fartos de condutas e rastreios, certos de que para além do branco haveria cor e sentido num mundo hipotético que escapa à comum percepção humana, depressa mergulharam no “Rei Lagarto” e nas suas odes caóticas de naves azuis feitas arcas de Noé, que transportariam os loucos que tinham portas abertas.
Dai a Baudelaire e aos seus paraísos, ao Óscar Wilde, ao desmonte da peças, ao Pessoa, ao Machado de Assis e ao seu Brás, foi um saltinho e, quando deram por ela, estavam já nos braços de Jocasta, donde saiam para voar com Castaneda dentro dos caixões de Poe e, finalmente, relaxar em Niestzche, contrapondo a democracia do Platão e baralhando a falta de lógica nas lógicas perversas de Borges.
Escusado será dizer que esta geração sem préstimo, redundou na crise, na depressão, na agonia de não puder pegar num livro novo e ler. Perdeu todo o entusiasmo e esmiúça os mesmos livros há anos, sem daí poder sair, e junta-lhe novos livros dos mesmos autores e de autores novos que falam sobre os mesmos temas.
São a geração parada no tempo, interessa a sua opinião? Creio que não, a sua conduta tem um hemisfério de loucura não recomendável: divagam, não pensam; deprimem, não choram; analisam, não amam; reabilitam, não constroem. São, talvez, lunáticos, se a lua existir e não for mera percepção. Interessam? Não interessam. Do que dizem sobre o que pensam, pouco ou nada tem aplicação.
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lunáticos
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
A única notícia que interessou hoje aos media portugueses e, por consequência, à nação
Portugal vai jogar com a Bósnia.
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Mundial
Grande post! Subscrevo
Notícia de um deslumbrado
José Saramago rabiscou mais um livreco (deve ser o tricentésimo sexagésimo quarto) a dizer mal da Igreja e da religião. É um direito que lhe assiste e não é a mim – que sou tão agnóstico ou ateu como ele – que isso incomoda.
O que me incomoda é o ar arrogante e pomposo que ele põe, quando ataca a Igreja. Como se isso fosse um grande acto de coragem e de rebeldia; como se ele, Saramago, fosse credor de um grande respeito e admiração por ousar enfrentar forças que ninguém jamais se atreveu a desafiar.
Perdido no tempo e no seu egocentrismo estulto e pedante, Saramago não se apercebe que é hoje necessária muito mais coragem para alguém se reclamar do catolicismo e da Igreja, assumindo publicamente essa posição, do que para atacar aquilo que, em Portugal e em Espanha onde ele se move, se tornou uma banalidade atacar: a Igreja e a religião. Ainda por cima, para atacar sem trazer nada de novo, com os mesmos argumentos jacobinos que já estavam completamente gastos em 1789.
“[Caim] é um livro divertidíssimo” – diz Saramago, esquecendo que elogio em boca própria é vitupério.
Obviamente, Caim, de José Saramago, não consta na lista das minhas dez mil próximas prioridades de leitura.
José Saramago rabiscou mais um livreco (deve ser o tricentésimo sexagésimo quarto) a dizer mal da Igreja e da religião. É um direito que lhe assiste e não é a mim – que sou tão agnóstico ou ateu como ele – que isso incomoda.
O que me incomoda é o ar arrogante e pomposo que ele põe, quando ataca a Igreja. Como se isso fosse um grande acto de coragem e de rebeldia; como se ele, Saramago, fosse credor de um grande respeito e admiração por ousar enfrentar forças que ninguém jamais se atreveu a desafiar.
Perdido no tempo e no seu egocentrismo estulto e pedante, Saramago não se apercebe que é hoje necessária muito mais coragem para alguém se reclamar do catolicismo e da Igreja, assumindo publicamente essa posição, do que para atacar aquilo que, em Portugal e em Espanha onde ele se move, se tornou uma banalidade atacar: a Igreja e a religião. Ainda por cima, para atacar sem trazer nada de novo, com os mesmos argumentos jacobinos que já estavam completamente gastos em 1789.
“[Caim] é um livro divertidíssimo” – diz Saramago, esquecendo que elogio em boca própria é vitupério.
Obviamente, Caim, de José Saramago, não consta na lista das minhas dez mil próximas prioridades de leitura.
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Post de Funes el memorioso
Pausa
Temos que ir, mas prometemos voltar com cartas de amor tecnológicas, para a Manuela, para a Paula, para quem quiser namorar como nós, afinal serão cartas do Séc XXI, cada um no seu posto e o que vale é o posto, que interessa a companhia, feia, bonita, de esquerda, de direita, o Homem é um só, e o resto não tem a mínima importância!
Isto promete!
Cartas de amor à concelhia, hum não, Cartas de amor para quem não quer companhia!
Não perca!
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Governe-se
Carta de João Tomás a Josefina
Minha querida, julgo que não é necessário acabar com isto, o amor é os planos, os traçados, os conjuntos, as rectas. Claro que acima de tudo é o sexo, para o vigor humano que se precisa.
Já pensaste, começar tudo de novo, dá muito trabalho, o sexo é uma coisa efémera, contudo difícil de sustentar quando estamos sós, dá mais trabalho, do que apagar os planos, os traçados, as curvas e as rectas, e estes apagões já dão um trabalho imenso. Para quê, não é preciso.
Evita ser extremista, continuamos amigos, com os nossos planos, com o nosso trabalho, com a nossa casa e resolvemos o sexo noutras instâncias. O amor se existe é só sexo, a amizade é o importante e isso nós temos ou não?
Repara, nesses teus contos de fadas havia dois assuntos tabus, um eram os tais planos de conjunto e o outro era o sexo. Dai a tua enorme confusão, os homens percebem melhor porque nunca leram isso, entendes.
Acalma-te meu amor, o amor não é isso que tu pensas, podemos continuar para alem e sem fim, assim eu não te prenda e tu não me queiras prender a mim.
Beijos sempre teu
Já pensaste, começar tudo de novo, dá muito trabalho, o sexo é uma coisa efémera, contudo difícil de sustentar quando estamos sós, dá mais trabalho, do que apagar os planos, os traçados, as curvas e as rectas, e estes apagões já dão um trabalho imenso. Para quê, não é preciso.
Evita ser extremista, continuamos amigos, com os nossos planos, com o nosso trabalho, com a nossa casa e resolvemos o sexo noutras instâncias. O amor se existe é só sexo, a amizade é o importante e isso nós temos ou não?
Repara, nesses teus contos de fadas havia dois assuntos tabus, um eram os tais planos de conjunto e o outro era o sexo. Dai a tua enorme confusão, os homens percebem melhor porque nunca leram isso, entendes.
Acalma-te meu amor, o amor não é isso que tu pensas, podemos continuar para alem e sem fim, assim eu não te prenda e tu não me queiras prender a mim.
Beijos sempre teu
João Tomás
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