quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

2008 -AEDI

Está à vista de todos que 2008 foi o Ano Europeu do Diálogo Intercultural e que Portugal deu um grande contributo. Podiamos, ao menos, ser poupados à seca da "Gala de Encerramento". Eu queria ver o "Jogo Duplo".

Conto popular idiota. O grunho vai dentro, a mulher deixa de ser vítima burra que dói, e a tia Verde-Água cumpre pena por burla e cumplicidade

Havia uma mulher casada a quem o marido batia diariamente por não saber cuidar de sua casa. Não fazia almoço, nem jantar, não limpava e nem lavava nada. Temendo perder o marido, ela resolveu procurar a tia Verde-Água, a quem todos conheciam como feiticeira. Ao entrar na casa da velhinha, a mulher percebeu o seu asseio. Tudo em sua casa brilhava, havia flores e uma panela a fumegar no fogão. Então, a mulher contou o seu problema e pediu ajuda. A tia Verde-Água disse-lhe que fosse para casa descansada, pois no outro dia mandaria dez anõezinhos para a ajudar no serviço doméstico. Antes, porém, disse-lhe como deveria agir para ser ajudada pelos anõezinhos: primeiro, fazer a cama, depois, encher as vasilhas de água, a seguir, varrer a casa, limpar o pó, cozinhar e, enquanto esperava que a comida ficasse pronta, lavar a roupa, passar a ferro, costurar e bordar. A mulher foi para casa e, no outro dia, fez tudo como a tia Verde-Água recomendou. Ao retornar do trabalho, o marido encontrou tudo em ordem, a comida pronta e a mesa posta. Ficou maravilhado! A partir daí, com a ajuda dos anõezinhos, a mulher conseguiu salvar o seu casamento. Certo dia, resolveu ir agradecer à tia Verde-Água e pedir-lhe que continuasse a enviar os anõezinhos para a ajudar. A velha perguntou-lhe se ainda não os tinha visto em sua casa. Ela respondeu que não, mas que adoraria vê-los. Ao escutar sua resposta a tia Verde-Água pediu que a mulher olhasse para as próprias mãos e contasse os dedos, pois esses eram os anões que a iam ajudar todos os dias. Após rir muito de si mesma, a mulher foi embora muito feliz e confiante das suas capacidades.

Incitamento à escaramuça gratuita

Quem tem vontade de "molhar a sopa" em Funes? Acordei com esse desejo inexplicável.
Deve ser por causa da alusão de Mário Soares a Maio de 68 e do governo que o escuteiro mirim ousou sugerir no blog. Ou então, é o ego raivoso atacado pelas hormonas, ou ainda, o gene grego que há em mim. Não é nada de pessoal. Não me importo de "molhar a sopa" num representante de Funes, ou até num núncio.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Yusuf Islam (Cat Stevens) hoje.


via videosift.com

Questions

Porque será que Portugal é tão popular entre os presos de Guantânamo?

Cat Stevens

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Humilhação



Alguém já foi humilhado por um médico, em plena consulta, tendo depois que pagar 55 euros?
Nos hospitais públicos, os doentes são humilhados diariamente, toda a dignidade lhes é retirada (ressalvadas as excepções, dependentes de quem está de turno, do serviço e do hospital, ou seja, do factor sorte dentro do azar). Eduardo Prado Coelho, por quem nem tinha especial admiração, escreveu uma crónica notável sobre o tema.
Nos hospitais privados, tem dias... quando a minha filha nasceu e parte de mim morreu, uma freira atirou comigo para que eu, contorcida com dores, me virasse. Foi um dos actos crueis que me ficou na memória.
Agora, ser humilhada numa simples consulta privada, com a duração máxima de 5 minutos, nunca me tinha acontecido.
Sentenciou a médica: - "A senhora é licenciada, tem a obrigação de não se comportar como um cidadão indiferenciado, já cá esteve há seis meses, por isso recuso-me a fazer-lhe qualquer exame". Nem sequer me mediu a tensão, ou auscultou. Nada. Limitou-se a esta frase.
- "São 55 euros", disse a empregada.
Não paguei. Nem pago. Que venha a penhora.

O meu pai foi humilhado muitas vezes nos últimos anos de vida, inclusive foi vítima de negligência médica grosseira. Internado em hospitais sucessivos e várias vezes na Urgência, a humilhação, aliada à consciência de nada poder fazer para a evitar, foram de uma dureza extrema. O meu pai sabia exactamente como ia morrer. Por isso, quis morrer em casa. Ao menos isso conseguimos.
Uma vez que na minha memória ele morre todos os dias 15 e eu espalho as suas cinzas no mar todos os dias 16, em jeito de homenagem, deixo-lhe uma das flores de que mais gosto e que em tempos tivemos no nosso jardim. Já agora, estendo a homenagem a todos os doentes internados vítimas de humilhação.

Questions

Porque é que só um jornalista teve a coragem de atirar sapatos a Bush e de lhe chamar cão? Uma sapataria inteira e todos os palavrões em todas as línguas da terra e arredores seriam pouco para devolver a m...que este homenzinho fez aos EUA e ao mundo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No Top 1 da estupidez: Barney Bush

Questions


Porque é que a Ministra da Educação anda sempre de casaco castanho?

Da estupidez II


No Porto, cinzento de pobre, deprimido, ora húmido, ora chuvoso, e com um frio de cão, ontem, cerca de 14.000 seres humanos vestiram-se de Pai Natal.
Agora é que as poucas crianças que ainda acreditam no Pai Natal ficam baralhadas. Para cúmulo, puseram Mães Natais e Criancinhas Natais. Só não foram ao canil municipal porque os cães não tinham um euro para a inscrição e demasiada personalidade para fazer tristes figuras.
Tudo em nome de um recorde: o recorde Guiness da estupidez, agravado pela batota. A treta de angariar prendas para crianças desfavorecidas não passou de engodo. Há milhões de formas inteligentes de angariar euros sem passar por uma miserável parada de Pais, Mães e Criancinhas Natais ensopados pela chuva. Quem deve ter ganho bem foram as lojas do chinês, à custa dos disfarces vendidos.
Mas a alegria pacóvia da organização e da populaça fica aqui bem expressa: As inscrições ultrapassaram as 17.400, o que daria para estabelecer um novo recorde mundial, mas a chuva e o frio devem ter afastado alguns dos entusiastas iniciais. "Só saberemos exactamente quantas pessoas participaram mais logo, quando contabilizarmos os diplomas entregues a todos os que terminaram o desfile", "De qualquer forma, estou certo que é o maior desfile à chuva".

Como se não bastassem as iluminações pindéricas referidas por Funes, ainda temos que levar com o maior desfile de tudo quanto mexe vestido de Pai Natal à chuva.

domingo, 14 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

Da estupidez

Diz o nosso ditado popular que "quem não tem dinheiro não tem vícios". Nada mais afastado da realidade. Os centros comerciais, à razão de 1 para cada 50 pessoas, segundo me informam, estão a abarrotar de gente, supostamente, sem um tostão, já que estamos com quase 10% de desempregados, mais não sei quantos com salários em atraso e uma imensidão a ganhar o salário mínimo nacional ou menos. Naturalmente, recorrem ao crédito fácil que até aparece oferecido em chamadas inesperadas no telemóvel ou em cheques no correio. E nem se compra para trocar carinhos natalícios, é por consumismo ancorado na necessidade de manter as aparências ou numa psicopatia de combate à depressão colectiva.
O povo segue o Estado, que dá o exemplo do endividamento bacoco e estúpido: Portugal em recessão dedica-se a projectos megalómanos, como o TGV ou o novo aeroporto "Alcochete jamais", onde se vão gastar biliões, importando quase tudo, quando por muito menos se poderiam criar tantos projectos viáveis. Até o Governo se quer colocar em bicos de pés, para disfarçar o facto de estarmos na cauda da Europa.
A mediocridade é muito triste. Pior do que a gripe que me atormenta, como se já não chegassem as vertigens. Agradece-se um chá quente e carinho virtual.

Gershwin

Período experimental II

-É de casa do Lopes?
-É o próprio? Ainda se lembra de nós?
-Afinal, estivemos a ponderar em reunião de administração e achamos que o seu bigode não é assim tão farfalhudo. Venha de novo trabalhar connosco à experiência mais seis meses para avaliarmos se se adapta mesmo a limpar as sanitas.

Período experimental I

- Ó Lopes, neste sexto mês de contrato o seu bigode ficou muito farfalhudo, não gostamos nada, pode arrumar as suas coisas e voltar para o descanso.

(Cento e oitenta dias de período experimental? Isso devia ser para o casamento!)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Lengalengas

Lengalenga que me ensinou o meu tio-avô Leonardo Vaz, de alcunha o "tio pequeno".
Enquanto se conta a história, vai-se puxando, suavemente, quatro vezes por "Xixirixi", a orelha da criança/adolescente/adulto. Na frase final, dita lentamente, puxa-se com muita força, durante toda a frase (oito sílabas, oito vezes), até o ouvinte soltar gargalhadas ou gritos de "ai ai ai", consoante a sensibilidade e/ou a malvadez da execução. A orelha deverá ficar vermelha e quente.
Xixirixi, onde vais velha?
Xixirixi, vou à serra.
Xixirixi, o que vais lá fazer?
Xixirixi, vou buscar lenha.
Xixirixi, p'ra que é a lenha?
Xixirixi, p'ra cozer o pão.
Xixirixi, p'ra que é o pão?
Xixirixi, p'ra dar às galinhas.
Xixirixi, p'ra que são as galinhas?
Xixirixi, p'ra pôr os ovos.
Xixirixi, p'ra que são os ovos?
Xixirixi, p'ra dar aos padres.
Xixirixi, p'ra que são os padres?
Xixirixi, p'ra rezar as missas.
Xixiriri, p'ra que são as missas?
Xixirixi, p'ra nos salvar.

Rodrigo Leão

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira

Parabéns pelos 100 anos do nosso eterno grande cineasta Manoel de Oliveira, comemorados a trabalhar. Parabéns também à sua mulher, que deve andar pelos 90 e que sempre o acompanha.
Sacrifiquei a minha ignorância a assistir a vários dos seus filmes, um dois quais com a duração de 7 horas. Não aguentei com agrado todos os filmes. Nem os vi todos. Reconheçamos que não é fácil, mesmo admirando estética notável da sua realização. "Non, ou a Vã Glória de Mandar" é de génio. Mas o meu filme preferido, pela conjugação do burlesco com a perfeição estética, continua a ser "Os Canibais". Revejo-o na memória, consigo ouvir a música e ver a dança final. E já lá vão vinte anos.
"Comemo-lo, comemo-lo, e nem nos soube bem!"

Questões fracturantes


É uma discriminação ser feriado no dia 25 de Dezembro. Portugal é um país laico. Ou há feriados para todos os dias importantes de todas as religiões, ou não há feriados para ninguém. O melhor é haver feriados para todos, já que somos um país parco em festividades (compare-se com a Alemanha, por exemplo). Todavia, os ateus deverão ir trabalhar nesses dias, para serem coerentes. Se as empresas estiverem fechadas, deverão prestar trabalho comunitário.
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
A questão das seitas é duvidosa e levanta o debate profundo sobre a diferenciação entre uma religião e uma seita. O tema deverá ser tratado em sede parlamentar, com comissões especializadas.
Também são discriminatórios os enfeites de Natal em lugares públicos, podendo causar graves traumas em hindús, muçulmanos e judeus, nomeadamente. Ou há enfeites públicos para todos, ou não há enfeites para ninguém. Quanto aos ateus, como não acreditam no Além, não nos parece que sejam afectados. Levam, portanto, com os enfeites em cima. Tanto lhes faz que sejam Pais Natal ou Anões de Jardim. É apenas uma questão estética.
Nada de Presépios nas escolas do Estado, nem festas ou Árvores de Natal em locais públicos, sejam árvores normais, Samsung ou Zon, para não traumatizar as crianças, adolescentes e adultos de outras religiões. Os ateus terão direito de objectar a participação nos eventos religiosos de qualquer tipo.
As iluminações natalícias caseiras são outra questão de relevo, quando atinjam o espaço público. É duvidoso se será legal o vizinho judeu ter que gramar com o Pai Natal que trepa a varanda do 3º Direito/Frente. Ou o muçulmano do 2º Esquerdo ter que passar pelo Rudolfo sempre que entra no prédio.
É lamentável que uma questão tão fracturante este ano ainda não tenha surgido. No ano passado não escapou (sobretudo no país vizinho), mas aqui todos assobiaram para o lado.
As próprias férias de Natal, inclusive judiciais, levantam questões de inconstitutionalidade. Não sei como é que nenhum magistrado não levantou ainda o véu.
Alguém do Bloco de Esquerda deveria começar já a intentar providências cautelares. Não porque acreditem no Além, mas em nome dos crentes não cristãos oprimidos pelo Natal.
Acrescento que nos EUA, país sempre na vanguarda (resta saber de quê), já não é politicamente correcto dizer "Merry Christmas". Um tipo prevenido e sensato diz "Happy Holidays".