segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Da estupidez II

No Porto, cinzento de pobre, deprimido, ora húmido, ora chuvoso, e com um frio de cão, ontem, cerca de 14.000 seres humanos vestiram-se de Pai Natal.
Agora é que as poucas crianças que ainda acreditam no Pai Natal ficam baralhadas. Para cúmulo, puseram Mães Natais e Criancinhas Natais. Só não foram ao canil municipal porque os cães não tinham um euro para a inscrição e demasiada personalidade para fazer tristes figuras.
Tudo em nome de um recorde: o recorde Guiness da estupidez, agravado pela batota. A treta de angariar prendas para crianças desfavorecidas não passou de engodo. Há milhões de formas inteligentes de angariar euros sem passar por uma miserável parada de Pais, Mães e Criancinhas Natais ensopados pela chuva. Quem deve ter ganho bem foram as lojas do chinês, à custa dos disfarces vendidos.
Mas a alegria pacóvia da organização e da populaça fica aqui bem expressa: As inscrições ultrapassaram as 17.400, o que daria para estabelecer um novo recorde mundial, mas a chuva e o frio devem ter afastado alguns dos entusiastas iniciais. "Só saberemos exactamente quantas pessoas participaram mais logo, quando contabilizarmos os diplomas entregues a todos os que terminaram o desfile", "De qualquer forma, estou certo que é o maior desfile à chuva".
Como se não bastassem as iluminações pindéricas referidas por Funes, ainda temos que levar com o maior desfile de tudo quanto mexe vestido de Pai Natal à chuva.
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Estupidez
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
Da estupidez
Diz o nosso ditado popular que "quem não tem dinheiro não tem vícios". Nada mais afastado da realidade. Os centros comerciais, à razão de 1 para cada 50 pessoas, segundo me informam, estão a abarrotar de gente, supostamente, sem um tostão, já que estamos com quase 10% de desempregados, mais não sei quantos com salários em atraso e uma imensidão a ganhar o salário mínimo nacional ou menos. Naturalmente, recorrem ao crédito fácil que até aparece oferecido em chamadas inesperadas no telemóvel ou em cheques no correio. E nem se compra para trocar carinhos natalícios, é por consumismo ancorado na necessidade de manter as aparências ou numa psicopatia de combate à depressão colectiva.
O povo segue o Estado, que dá o exemplo do endividamento bacoco e estúpido: Portugal em recessão dedica-se a projectos megalómanos, como o TGV ou o novo aeroporto "Alcochete jamais", onde se vão gastar biliões, importando quase tudo, quando por muito menos se poderiam criar tantos projectos viáveis. Até o Governo se quer colocar em bicos de pés, para disfarçar o facto de estarmos na cauda da Europa.
A mediocridade é muito triste. Pior do que a gripe que me atormenta, como se já não chegassem as vertigens. Agradece-se um chá quente e carinho virtual.
O povo segue o Estado, que dá o exemplo do endividamento bacoco e estúpido: Portugal em recessão dedica-se a projectos megalómanos, como o TGV ou o novo aeroporto "Alcochete jamais", onde se vão gastar biliões, importando quase tudo, quando por muito menos se poderiam criar tantos projectos viáveis. Até o Governo se quer colocar em bicos de pés, para disfarçar o facto de estarmos na cauda da Europa.
A mediocridade é muito triste. Pior do que a gripe que me atormenta, como se já não chegassem as vertigens. Agradece-se um chá quente e carinho virtual.
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Estupidez
Período experimental II
-É de casa do Lopes?
-É o próprio? Ainda se lembra de nós?
-Afinal, estivemos a ponderar em reunião de administração e achamos que o seu bigode não é assim tão farfalhudo. Venha de novo trabalhar connosco à experiência mais seis meses para avaliarmos se se adapta mesmo a limpar as sanitas.
-É o próprio? Ainda se lembra de nós?
-Afinal, estivemos a ponderar em reunião de administração e achamos que o seu bigode não é assim tão farfalhudo. Venha de novo trabalhar connosco à experiência mais seis meses para avaliarmos se se adapta mesmo a limpar as sanitas.
Período experimental I
- Ó Lopes, neste sexto mês de contrato o seu bigode ficou muito farfalhudo, não gostamos nada, pode arrumar as suas coisas e voltar para o descanso.
(Cento e oitenta dias de período experimental? Isso devia ser para o casamento!)
(Cento e oitenta dias de período experimental? Isso devia ser para o casamento!)
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Lengalengas
Lengalenga que me ensinou o meu tio-avô Leonardo Vaz, de alcunha o "tio pequeno".
Enquanto se conta a história, vai-se puxando, suavemente, quatro vezes por "Xixirixi", a orelha da criança/adolescente/adulto. Na frase final, dita lentamente, puxa-se com muita força, durante toda a frase (oito sílabas, oito vezes), até o ouvinte soltar gargalhadas ou gritos de "ai ai ai", consoante a sensibilidade e/ou a malvadez da execução. A orelha deverá ficar vermelha e quente.
Xixirixi, onde vais velha?
Xixirixi, vou à serra.
Xixirixi, o que vais lá fazer?
Xixirixi, vou buscar lenha.
Xixirixi, p'ra que é a lenha?
Xixirixi, p'ra cozer o pão.
Xixirixi, p'ra que é o pão?
Xixirixi, p'ra dar às galinhas.
Xixirixi, p'ra que são as galinhas?
Xixirixi, p'ra pôr os ovos.
Xixirixi, p'ra que são os ovos?
Xixirixi, p'ra dar aos padres.
Xixirixi, p'ra que são os padres?
Xixirixi, p'ra rezar as missas.
Xixiriri, p'ra que são as missas?
Xixirixi, p'ra nos salvar.
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Lengalenga de Trás-os-Montes
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Manoel de Oliveira
Parabéns pelos 100 anos do nosso eterno grande cineasta Manoel de Oliveira, comemorados a trabalhar. Parabéns também à sua mulher, que deve andar pelos 90 e que sempre o acompanha.
Sacrifiquei a minha ignorância a assistir a vários dos seus filmes, um dois quais com a duração de 7 horas. Não aguentei com agrado todos os filmes. Nem os vi todos. Reconheçamos que não é fácil, mesmo admirando estética notável da sua realização. "Non, ou a Vã Glória de Mandar" é de génio. Mas o meu filme preferido, pela conjugação do burlesco com a perfeição estética, continua a ser "Os Canibais". Revejo-o na memória, consigo ouvir a música e ver a dança final. E já lá vão vinte anos.
"Comemo-lo, comemo-lo, e nem nos soube bem!"
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Manoel de Oliveira
Questões fracturantes

É uma discriminação ser feriado no dia 25 de Dezembro. Portugal é um país laico. Ou há feriados para todos os dias importantes de todas as religiões, ou não há feriados para ninguém. O melhor é haver feriados para todos, já que somos um país parco em festividades (compare-se com a Alemanha, por exemplo). Todavia, os ateus deverão ir trabalhar nesses dias, para serem coerentes. Se as empresas estiverem fechadas, deverão prestar trabalho comunitário.
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
A questão das seitas é duvidosa e levanta o debate profundo sobre a diferenciação entre uma religião e uma seita. O tema deverá ser tratado em sede parlamentar, com comissões especializadas.
Também são discriminatórios os enfeites de Natal em lugares públicos, podendo causar graves traumas em hindús, muçulmanos e judeus, nomeadamente. Ou há enfeites públicos para todos, ou não há enfeites para ninguém. Quanto aos ateus, como não acreditam no Além, não nos parece que sejam afectados. Levam, portanto, com os enfeites em cima. Tanto lhes faz que sejam Pais Natal ou Anões de Jardim. É apenas uma questão estética.
Nada de Presépios nas escolas do Estado, nem festas ou Árvores de Natal em locais públicos, sejam árvores normais, Samsung ou Zon, para não traumatizar as crianças, adolescentes e adultos de outras religiões. Os ateus terão direito de objectar a participação nos eventos religiosos de qualquer tipo.
As iluminações natalícias caseiras são outra questão de relevo, quando atinjam o espaço público. É duvidoso se será legal o vizinho judeu ter que gramar com o Pai Natal que trepa a varanda do 3º Direito/Frente. Ou o muçulmano do 2º Esquerdo ter que passar pelo Rudolfo sempre que entra no prédio.
É lamentável que uma questão tão fracturante este ano ainda não tenha surgido. No ano passado não escapou (sobretudo no país vizinho), mas aqui todos assobiaram para o lado.
As próprias férias de Natal, inclusive judiciais, levantam questões de inconstitutionalidade. Não sei como é que nenhum magistrado não levantou ainda o véu.
Alguém do Bloco de Esquerda deveria começar já a intentar providências cautelares. Não porque acreditem no Além, mas em nome dos crentes não cristãos oprimidos pelo Natal.
Acrescento que nos EUA, país sempre na vanguarda (resta saber de quê), já não é politicamente correcto dizer "Merry Christmas". Um tipo prevenido e sensato diz "Happy Holidays".
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Ironia
a escapadinha de quatro dias
Que Portugal é lindisssimo, que devemos viajar lá fora cá dentro, inúmeros spots pubicitários a promover a escapadinha de três dias, com direito a promoções, nomeadamente nas Pousadas de Portugal , patati, patata, ranháhi, ranhánhá, e depois atiram-se aos deputados por eles terem faltado na sexta-feira passada, aproveitando o feriado para uma escapadinha, não de três, mas de quatro dias. Haja coerência! Já um tipo não pode ir ao Natal de Óbidos ou ao Advento de Freixo-de-Espada-à-Cinta sem ser incomodado?
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Hipocrisia I
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Conversas
A escola teve a ideia de levar alunos do 11º ano a ver o Museu Romântico (bahhhh!) e a Cadeia da Relação do Porto (o que já se aceita bem). Numa lógica que não entendo, a seguir irão a Ovar ver a fábrica da Toyota.
-Sabias que no tempo do Camilo Castelo Branco o adultério era crime? Disse ele.
-Sabia.
-E como é que um tipo se deixa prender por andar com uma mulher tão feia? Tinhas que ver, ela era mesmo feia, igualzinha ao Sebesta, mas com cabelo mais comprido.
(Uma nota editorial: o Sebesta é muito giro no género muito másculo)
Continuando,
-Achei bem que os que não pudessem pagar ficassem todos juntos nos calabouços a comer e defecar no mesmo sítio e os de classe mais endinheirada ficassem nos andares de cima com uma vista soberba para o rio Douro, com direito a casa de banho privativa e a passear-se por todo o andar.
Penso: o tipo está com os valores todos trocados, onde é que eu errei? Vendo bem, está é actualizado. O Sócrates mantém mesma lógica em relação aos banqueiros e todo o sistema penitênciário continua baseado nestas premissas.
O que me vale é que o tipo do 11º ano estava a ironizar (espero!).
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Cadeia da Relação do Porto
Blake, William
Um poema que deixa knock out o Robert Frost e este early morning blog do JPP no Abrupto.
The Tiger
TIGER, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?
And what shoulder and what art
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand and what dread feet?
What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears,
And water'd heaven with their tears,
Did He smile His work to see?
Did He who made the lamb make thee?
Tiger, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?
Uma benzodiazepinazinha?
The Tiger
TIGER, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?
And what shoulder and what art
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand and what dread feet?
What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears,
And water'd heaven with their tears,
Did He smile His work to see?
Did He who made the lamb make thee?
Tiger, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?
coisas simples, o tanas
Porque é que o JPP tem mania das "naturezas mortas"? Não gosto particularmente de quadros com natureza morta. Além disso, nem sequer são coisas simples. Veja-se o Abrupto há duas horas. Que desplante!
Uma benzodiazepinazinha?
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JPP
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
vertigens
Fechado para obras por motivo de síndrome vertiginoso.
A acreditar no optimismo bacoco e grunho do Bola de Ouro, mais conhecido por C7, as vertigens "há-dem passar". Mas já duram há um mês. Não é "há-dem", ó CR e afins, é "hão-de" e sou do tipo que vê o copo meio vazio. Acho que já nem água, vinho ou groselha tem. Estou no inferno. Já agora, Hades é o deus dos infernos. Não se diz "há-des, mas "hás-de". Dass.......ist nicht Schön zu sagen!
E NÃO OUSEM PERGUNTAR:- Já fizestes uma ressonância magnética à merda do cérebro? É "FIZESTE" e ainda não FIZ e TENHO MUITO MEDO DE FAZER. Scheisse! Por muito que a língua seja um ser vivo, evolutivo, isto ainda são e serão ERROS ORTOGRÁFICOS.
Alguém de dá uma benzodiazepinazinha antes que parta isto tudo?
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síndrome
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