terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ontem teriam celebrado

50 anos de casados. Iriam jantar fora, ele oferecer-lhe-ia orquídeas, como todos os anos. O amor escondido por trás das muitas desavenças e discussões teria brilhado nos olhos de ambos. Não passavam um sem o outro. Talvez até dessem uma pequena festa, com filhos e netos. Ou fossem brindados com a festa surpresa que nunca tiveram.
Mas ontem ela sentia muito frio e nem os programas festivaleiros ou as novelas da medíocre televisão, com que tenta que a noite seja menos noite, a distraíram. O frio vinha muito de dentro.
Ontem ela foi deitar-se sozinha. Ele morreu há mais de dois anos.
Pode ser que nos sonhos lhe tenha feito companhia. Nos sonhos até lhe pode ter oferecido milhentos ramos de orquídeas e podem ter dançado valsas.
Que Nossa Senhora da Conceição a proteja. A minhã mãe.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Nem o nosso objecto de culto escapa?

Então o Magalhães também é corrupto?
Mas ele não é impoluto?
O nosso grande pequeno objecto de culto?
A nossa caravela do Século XXI?

A Wolf at the Door

domingo, 6 de dezembro de 2009

Há muito que se davam mal,

como qualquer casal que se preze, mas decidiram mudar a coisa quando o divórcio esteve mesmo para acontecer. Ele não queria. Ela, não sei. Foram a uma psicóloga, conselheira matrimonial. A primeira sessão correu lindamente. Saíram com um espírito renovado (ou fingiram...). Ele achou tudo muito bem. Ficou agradavelmente surpreendido com a psicoterapia de que sempre tinha desdenhado.
Passados dois dias, numa conversa casual, afirmou:
-Olha, ontem ia matando a psicóloga.
-Antes da segunda sessão? Não lhe dás hipótese.
-Atravessou-se à minha frente na rua para fugir da chuva. Por pouco não lhe acertei. Fiz uma travagem na última e sorri-lhe para ela passar, fazendo até um gesto delicado com a mão.
Ela sabe que foi tentativa de psicoligicídio, com dolo eventual. Mas finge que acredita na versão dele, pelo menos até à segunda sessão em que planeia introduzir o tema:
-Senhora Dra., por algum trauma do inconsciente, o meu marido tentou matá-la no outro dia. Como vê, é um tipo perigoso. Transferiu a agressividade recalcada que sente por mim para a Senhora Dra., mas potenciada, é um psicopata em potência. Aí a coisa vai pegar fogo!
Pensando bem, a senhora não deve ter ganho para o susto porque até hoje ainda não telefonou a marcar a tal segunda sessão...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Don't Panic

Sou muito ignorante. Só hoje conheci o grande Porkito


Qual Hawai qual quê, borravam-se todos no mar de inverno da Nazaré!

Benjamim, porque te foste?

Ele fazia-me perguntas, umas atrás das outras, sobre a mora do devedor, sobre as diversas interpretações do art. 808º CC; com aquela melodiosa voz, dizia não concordar com o facto de o risco correr por conta do adquirente em caso de entrega, havendo reserva de propriedade; e bombardeava-me com dúvidas. Eu ia respondendo, ao que parece para seu contento, o que me fazia sentir inteligente, mas cada vez mais reparava na sua boca e nos seus olhos e naquela voz doce. Pediu-me se podia ter explicações em casa dele. Eu aceitei. Comecei a temer já no carro, porque o chauffeur espirrava constantemente e afirmava que os pais ainda estavam convalescentes da gripe A. Mas ele atraía-me tanto....
Sugeri que fossemos para minha casa, porque tinha mais livros, ele aceitou, mas pediu um Benuron à chegada. Engoliu-o num copo de água. Eu tinha um dilema: comê-lo entre o art. 793º e o art. 802 CC? Ou afastá-lo, para evitar o contágio? Estava cada vez mais apaixonada, ia arriscar...ele era tão atraente no seu metro e sessenta e cinco, tão jovem nos seus vinte e um anos....
Comecei a sedução: há duas teorias sobre a interpelação cominatória....
Acordei com um despertador ranhoso, ao som de uma marcha militar. O nosso amor em cima do Código Civil XXL, nas páginas da gestão de negócios, nunca se concretizou.
Só a mim!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

El comandante acaba de enviar sms de Paris, passo a citar

"Cidade linda. Povo de merda".

A minha mãe mata-me

O adolescente foi até Paris, já tinha apanhado a gripe A e já...foi para uma daquelas simulações inúteis das assembleias da UN que o presidente da ERC sempre acarinhou na Universidade. Representante de Cuba, que lhe coube em sorteio, foi adequadamente vestido com fato às riscas, gravata vermelha, chapéu e charuto. Não encontrei um uniforme à Fidel Castro na Zara. Colocou, contudo, umas medalhas e disse que ia dar show. Aliás, já tem fama, quer represente a Coreia do Norte, do Sul, a Austrália, ou a Rússia. Por isso o escolheram.
Uma representante das Honduras, na última assembleia em Braga, ficou impressionada porque cheirava tão bem, era tão bonito e falava com um tom tão superior de agressividade, que não descansou enquanto não conseguiu um grupo em que fossem todos ao cinema e ele se sentasse ao lado dela. Apesar da jovem ser modelo, ele declarou que era feia, tinha cara de cavalo, óculos de mosca e uma pronúncia horrível. Afastou a jovem promissora modelo Núria para sempre.

-O avião já partiu? Pergunta a avó preocupada
-Já partiu e já chegou, caso contrário o tipo estaria transformado em anjinho, respondo.
-Mas eu não o ouvi partir.
-Talvez porque o aeroporto fique a uns 20 km de distância?!
-Mas às vezes ouço os aviões a passar por aqui, e não ouvi o dele.
-Pois, mas esses vão para sul, Paris é para norte. Muito para norte, tão para norte que nunca mais el Comandante Castro deu notícias. E mantém-se incontactável.

Ouço passos de cavalo, será ele?

Três da manhã
Tudo escuro
Ouço passos
De cavalo,

É ele
O elefante
que dança
nos nenúfares

Depois de uma chinfrineira
No estábulo
Relinchou
porque é que
os dinamarqueses
preferem casar
com as tailandesas

Isto posto,
Adormeceu.
Eu acordei.
Mais uma vez
A insónia das três!

E mais logo é dia
de padres e padrecos
frades e fradecos
freiras e noviças.

A insónia das três
A insónia das três
A insónia das três

E acorda-me às 8,
uma hora depois
de eu adormecer
finalmente,
para me dizer

muito baixinho ao auvido:
Vou levar o teu carro à revisão.
Eu é que o vou rever!
O elefanvalo cavafante.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Estar com a mosca é comigo! Tudo para trás da fila






Vão buscar! E um show sem sexo explícito ou implícito

Os Canibais, Manoel de Oliveira (1988)

Diálogo ouvido através de telefone sob escuta em casa da ex-mulher de Sócgates, na Ceia de Natal de Dezembro de 2011

- Ó mãe, não gosto do pai.
- Não faz mal filho, come só as batatas.

Escapado da morte por trinchamento, Sócgates haveria de se tornar no maior e melhor rei de sempre, tendo casado no dia dos Reis Magos de 2012 com Diogo, actor, e restaurado a Monarquia a 1 de Dezembro do mesmo ano. A dinastia dos Pinto de Sousa foi longa, mais longa do que a espada de Dom Afonso Henriques, e o casal concebeu dois filhos por inseminação artificial e recurso a barrigas acrílicas de aluguer, patenteadas em Portugal, entretanto, país líder na tecnologia de ponta. Os infantes, Zézito e Dioguinho, vieram a matar o pai Sócgates, em 2040, no regicídio mais sangrento da história de Portugal, na Ceia de Natal, quando Diogo (mãe?) acedeu ao pedido dos filhos:
- Mãe, não gostamos das batatas.
- Então comam só o pai. E trincharam o rosbife muito mal passado Pinto de Sousa e comeram-no e nem lhes soube bem (para os parolos, informo que a segunda parte da frase é inspirada no grande Manoel de Oliveira).
O rei passou a ter o cognome, O Trinchado.
Nota do autor: sou um génio, orra! Internem-e!

Terão trilhado os Bee Gees em alguma gaveta na menoridade? Será um rito familiar? Porque é que este pensamento não me ocorreu na adolescência?

Lamento, mas a única solução para o Afeganistão

passa pela terraplanagem. O adolescente sugeriu isso aqui há dias eu fiquei chocada. Mas não há outra hipótese. Hoje, curiosamente, um especialista sugeriu o mesmo, em jeito de brincadeira, mas foi dizendo, que é como quem diz, não há solução à vista.
Já o grande Carlos Magno se havia lixado naquela zona. Os ingleses tramaram-se no Afeganistão, há cerca de 60 anos; mais tarde, os sovieticos foram arrasados com a cumplicidade dos Estados Unidos, o que é de uma ironia tétrica; agora, os soldados da NATO são carne para canhão. E continuam a ser enviados e ir, a morrer a troco de um ordenado atraente, não é certamente a causa que os motiva. Os taliban proliferam e Bin Laden floresce no Paquistão. A infeliz guerra decidida pelo idiota Bush Junior & Friends retirou as tropas do Afeganistão quando eram lá necessárias. É o caos, a prosperidade do ópio, o fanatismo levado ao limite. Se alguém tem solução melhor, sou toda ouvidos. Mas não sejam hipócritas, nem me venham com falsos moralismos. Terraplanagem, com o mínimo de danos colaterais.

Uma constatação e uma interrogação

Constatação:
Saphou, depois de estudos estatísticos validados pelo INE, confirmou que o blogger português tem uma característica única: não bloga aos fins-de-semana, feriados e férias. Nessas alturas coloca música ou fotografias, ou qualquer merdice para encher. Blogger português que se preza também só bloga no horário de trabalho e no computador da entidade patronal. Acaba o trabalho fecha a tasca virtual. Amanhã é outro dia.
Interrogação:
Saphou desejaria saber o que é que leva a humanidade em geral e os amigos, mesmo os mais íntimos, em particular, a nunca devolver um livro que pedem emprestado. É um fenómeno inexplicável porque o comodatário pensa sempre, ouso dizer diariamente até, em devolver o livro cuja restituição já lhe foi pedida dezenas de vezes. Quer mesmo devolver, mas há sempre um impedimento de última hora, um esquecimento permanente que se aloja em algum canto recôndito do cérebro.
Nunca empreste um livro a quem lhe pedir, ofereça-lhe um quando puder, a menos que se queira livrar mesmo do livro em causa, por exemplo, os últimos do Saramago ou os daquela serigaita que se plagia a si própria e tem a mania que é escritora, ou até os do Noddi. Também pode aproveitar a ocasião e oferecer esses livros no Natal ao seu patrão ou outro inimigo de estimação qualquer, ou como partida de Carnaval, lá mais para Fevereiro.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Já que estamos em maré de referendos,

acho que Portugal deveria referendar o guarda-roupa, o nome das renas e as barbas do Pai Natal. E estou a ser moderada, porque poderia propor o referendo do Pai Natal e da respectiva árvore que dão cabo da paisagem nacional: os Pais Natal de plástico pendurados em tudo o que é varanda e a trepar do prédio mais abjecto ao condomínio de luxo, não têm qualificação, com renas ou sem elas; o corte dos bebés pinheiros de Natal que, finda a festa, vão para a lixeira municipal, traduz-se num dos actos mais nojentos que conheço, só ao nível dos actos imputados ao nosso Primeiro, que tem nariz de Pai Natal, curiosamente, embora o feitio seja de Ebenezer Scrooge em todos os dias em que não é Natal.

Disse e Repito: 1 de Dezembro de 1640, ou de como não aprendemos com os erros

aqui. Arriba España!
Perdoem as gralhas, então não corrigidas, hoje também não estou para isso, tal como o Presidente do STJ, estão a chegar-me às bochechas demasiados papeis para ler para ontem.