sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Já era tardote, ganhei coragem

e fui fazer aula de Pilates. A professeur errá française, não particularmente simpática, como seria de esperar de alguém francês, mas também não antipática. Esticou-me, torceu-me, dobrou-me em diversos aparelhos de tortura, tudo muito suave.
Antes de me deitar, estive a ler jornais e revistas, chamou-me a atenção a capa colorida de um particular jornal.
Acordei às seis da manhã com um estranho sonho.
Um jovem aspirante a poeta, sem cheta, a viver em Montmartre, apaixonou-se nos Champs Élysées por uma senhorita que passeava o cão. Ela, atiradota, também foi trocando olhares. Não passou uma semana, já estavam a passear e a conversar alegremente e ela a ir aos cafés de poetas e pintores fora do establishment, afastados dos salons da arte aceite.
Convidou-o para festas animadas em casa do papá, um burguês enriquecido graças à venda de batatas que, por ter dinheiro e algumas maneiras, era bem aceite na sociedade parisisense do Século. Estávamos no virar do Século XIX para o XX.
Tudo corria bem entre os enamorados, embora le papa não soubesse as origens do jovem, que alugava sempre um fato para a ocasião. A filha tratara de contar uma história qualquer inventada, que tornava o namorado respeitável aos olhos do batateiro: vinha investir num talho.
O problema foi quando ela começou a desconfiar que o aspirante a poeta não seria muito macho, pois que não passava de uns beijos e carícias, mas cortava-se sempre na hora H.
Ela começou a achar estranho e não esteve com meias medidas. Um dia, entrou-lhe pelas águas-furtadas, inesperadamente, e atirou-o para a cama. Ele encolheu-se, não queria ser despido.
Ela, possessa, perguntou:
-És maricas couchon?
Ao que ele respondeu:
-Não, apenas sou pobre, não tenho dinheiro para truces e ceroulas, pelo que as faço com jornais velhos. Tinha medo que tu descobrisses.
Ela desatou a rir e rasgou a papelada colorida toda, atirando-a pela janela como confetis gigantes para alegria dos que passavam. Finalmente, teve o que queria, sempre à gargalhada.

19 comentários:

Blimunda disse...

Ela - És maricas couchon?

Ele - Mais kesstufou doudou didonc! Je te balance une tempête de neige dans la tronche qui fait couler ton mascara waterproof.

Blimunda disse...

Ela - Il était un petit homme
pirouette cacahuète, il était un petit homme pirouette cacahuète...

Blimunda disse...

Caraças! Raismaparta se fosse eu a sonhar com Paris se não sonhava que era a Madame Bovary. Olha agora, filha de um vendedor de batatas! Ora batatas!

Cristalina disse...

Pá Blimunda, estás out, quem te dera ser Batata na Foz!O Privada essa hemafrodita, não me deixa mentir.

Blimunda disse...

Batata na Foz? Bolotas!!! Não costumava ser com cabaças?

Mofina disse...

E o cão?

Blimunda disse...

o cão foi à pesca e encontrou un pécheur qui pécher sous un pêcher et le pêcher empêchait le pécheur de pécher.

Blimunda disse...

Além de que estavam three Swedish switched witches watch three Swiss Swatch watch switches.

- What? But which Swedish switched witch watch which Swiss Swatch watch witch?

Blimunda disse...

Prontes, passei-me e agora vou à vidinha. Bjinhosssssss

privada disse...

ke curte :-))))))))) nao sei porke, mas é como se tbm ja tivesse sonhado isso e nao me lembrasse da cena das cuecas, pode ser um quadro do Renoir, está fantastico. Oh pá, ate se consegue ver a menina com a sombrinha , está msm fixe. Que moca as aulas de pilates, voltaste Saphou.

Confirmo a das batatas e dos majores

mac disse...

Bem-vinda, Saphou! Já posso ir tratar das couves, agora que as batatas estão tratadas.
:)

Irene Ermida disse...

é o que dá quando se relaxa demasiado... sonhamos com as coisas mais improváveis e às vezes boas. :)
gostei deste espaço!

jama disse...

É caso para dizer: é como na França.
Já vi um filme francês quase igual à cena que descreve. Só que ela não tinha cuecas de papel. Era meia lésbica. E a companheira também! Formavam uma couple preparada para tudo.

AR disse...

Vocelência regurgitou: Octave Feuillet (Le roman d'un jeune homme pauvre)

saphou disse...

AR, foi um sonho, garanto. Se calhar fui eu numa vida passada.

mel disse...

Olá, moro em Lugo Galiza e o meu irmao no Porto,eu gosto de falar Português,mas aínda o estou a conhecer.Voce é que fala espanhol?...
Gostei muito da história ou conto.
Um prazer.

saphou disse...

Obrigada mel, volte sempre. Falo e leio espanhol, com sotaque de Menorquino, segundo os profs, mas escrever não sei. Escrevo mal. Em Santiago permitem-me que escreva em portugês.

saphou disse...

A Blimunda escreve bem castelhano, nunca a ouvi hablar,mas imagino que tb hable muy bien.

saphou disse...

Bem vinda Irene, volte sempre.