Lembram-se onde ficamos na história das férias grandes, certo?
Pronto, tal como ficou implícito o Tio Jorge ficou de casamento marcado, à noite apareceu o sogro do Gaspar, pai da dita namorada, que alem de outras barbaridades informou a família, que se havia coisa que não dispensava era o uso de armas para ajuste de contas, num país em que, à época note-se, a justiça não funcionava.
Na vida do Jorge pouco mudou, continuou a encontrar-se com a Espanhola, mas já a tentar a posição de machista que qualquer homem casado deve manter para assegurar a fidelidade. Tentei por diversas vezes ensaiar com ele a subida ao altar, onde eu era o menino das alianças, mas ele já nesse ensaio, corria-me ao chuto mal eu fingia entrar na Igreja.
A família estava entusiasmada, o avô não se cansava de repetir a sorte com que a vida resolveu brindar o Jorge - para todas as panelas há um testo - dizia. A avó encorajava-o, não ao avô, ao Jorge, enchendo-o de ânimo e bifes com ovos estrelados, não fosse o rapaz zangar-se com a comida, nada podia incomodar o Jorginho, nem eu, que passei as maiores tormentas com o priminho tosco que exigia comer no meu banco, no meu prato, no meu copo da Heidi.
No fim do Verão o Jorge haveria de vir comigo para o Porto, vinha escolher o fato e eu teria um lindo fato também. A namorada da Régua visitou-nos mais duas ou três vezes naquele Verão, mas nem o priminho tosco conseguia levar com ela. Fazia-me festas na nuca, elogiava os meus olhos, enquanto o Jorge me corria com o cognome de fraldiqueiro.
O meu alvo de setas acabou destruído pela chuva, embora quase com certeza foi o primo que o regou, aprendi a nadar, a Espanhola deu-me um fato de treino do Barça, com calções e tudo. O priminho tentou esganar-me por diversas vezes, mas não tinha hipótese, seria por muitos anos o burro. O galo que me saltava aos olhos acabou dentro do tacho e a minha querida galinha Xana acabou junto com ele, por decisão de convenção familiar para alimentar os Reguenses. Por ela nunca mais comi arroz de cabidela e ainda hoje tenho tonturas com o cheiro que me relembra essa tortura, de que a minha amiga foi alvo. Compreendi anos mais tarde que muitas amigas haveriam de perder a cabeça por mim e isso era mais o menos normal, mas naquele tempo chorei quase tanto como quando terminou o Topo Gigio.
Voltaria ali muitas vezes, ocuparia o sofá onde o Tio Jorge dormia e embora ainda jogássemos ao Bonança em alguns dias, as coisas não eram as mesmas. A Espanhola visitava-nos mas passava horas a conversar com a minha avó e quando ela vinha, o Jorge não aparecia. A última vez que se viram foi três dias depois do casamento dele, em Dezembro, na poça, não sei do que falaram, andava a caçar rãns, mas sei que no Verão seguinte a Espanhola perguntava porque é que o Jorge não era pai ainda, e quantos meses levavam as moças portuguesas para dar à luz um filho.
Eu não sabia, com o tempo comprovou-se que o Jorge também não.
Pronto, tal como ficou implícito o Tio Jorge ficou de casamento marcado, à noite apareceu o sogro do Gaspar, pai da dita namorada, que alem de outras barbaridades informou a família, que se havia coisa que não dispensava era o uso de armas para ajuste de contas, num país em que, à época note-se, a justiça não funcionava.
Na vida do Jorge pouco mudou, continuou a encontrar-se com a Espanhola, mas já a tentar a posição de machista que qualquer homem casado deve manter para assegurar a fidelidade. Tentei por diversas vezes ensaiar com ele a subida ao altar, onde eu era o menino das alianças, mas ele já nesse ensaio, corria-me ao chuto mal eu fingia entrar na Igreja.
A família estava entusiasmada, o avô não se cansava de repetir a sorte com que a vida resolveu brindar o Jorge - para todas as panelas há um testo - dizia. A avó encorajava-o, não ao avô, ao Jorge, enchendo-o de ânimo e bifes com ovos estrelados, não fosse o rapaz zangar-se com a comida, nada podia incomodar o Jorginho, nem eu, que passei as maiores tormentas com o priminho tosco que exigia comer no meu banco, no meu prato, no meu copo da Heidi.
No fim do Verão o Jorge haveria de vir comigo para o Porto, vinha escolher o fato e eu teria um lindo fato também. A namorada da Régua visitou-nos mais duas ou três vezes naquele Verão, mas nem o priminho tosco conseguia levar com ela. Fazia-me festas na nuca, elogiava os meus olhos, enquanto o Jorge me corria com o cognome de fraldiqueiro.
O meu alvo de setas acabou destruído pela chuva, embora quase com certeza foi o primo que o regou, aprendi a nadar, a Espanhola deu-me um fato de treino do Barça, com calções e tudo. O priminho tentou esganar-me por diversas vezes, mas não tinha hipótese, seria por muitos anos o burro. O galo que me saltava aos olhos acabou dentro do tacho e a minha querida galinha Xana acabou junto com ele, por decisão de convenção familiar para alimentar os Reguenses. Por ela nunca mais comi arroz de cabidela e ainda hoje tenho tonturas com o cheiro que me relembra essa tortura, de que a minha amiga foi alvo. Compreendi anos mais tarde que muitas amigas haveriam de perder a cabeça por mim e isso era mais o menos normal, mas naquele tempo chorei quase tanto como quando terminou o Topo Gigio.
Voltaria ali muitas vezes, ocuparia o sofá onde o Tio Jorge dormia e embora ainda jogássemos ao Bonança em alguns dias, as coisas não eram as mesmas. A Espanhola visitava-nos mas passava horas a conversar com a minha avó e quando ela vinha, o Jorge não aparecia. A última vez que se viram foi três dias depois do casamento dele, em Dezembro, na poça, não sei do que falaram, andava a caçar rãns, mas sei que no Verão seguinte a Espanhola perguntava porque é que o Jorge não era pai ainda, e quantos meses levavam as moças portuguesas para dar à luz um filho.
Eu não sabia, com o tempo comprovou-se que o Jorge também não.
4 comentários:
Há vidas miseráveis não há, amigo?!
Espera pelo capitulo do depois 20 anos e vais ver como ate a miseria evolui, nem te passa o k estes artistas ainda guardam na manga dos grandes amores e historias tragicas.
As ferias? Tudo bom?
Tudo a rolar, my friend! As tuas já se foram?
O menino Privada tb choramingava por qualquer coisinha, credo.
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