Voto branco?
Voto nulo? Nesta última hipótese, o que coloco: desenho um Pinóquio, um Gepeto (outro)? Escrevo um reles palavrão? Fico-me pelo soft calão? Desperdiço uma sublime poesia, ou despejo um poema satírico de Bocaje? Faço uma colagem artística com M & Ms? E vou dar-me a tanta criatividade para o bronco da mesa de voto deitar o papel fora?
Abstenho-me? É muito tentador. Só de pensar que tenho que deslocar-me a Marrocos, atravessar uma ponte, ir ao liceu da minha juventude e perder-me no labirinto das salas... Já se o Corte Inglês estivesse aberto, seria um fortíssimo incentivo. Talvez, O Incentivo. Mas não, é Domingo e os tipos insistem nesta chatice de fechar o templo do consumo aos Domingos e feriados.
Voto como forma de mostrar que estou contra? Mas isso implica que esteja a favor...De quê?
Voto por solidariedade bacoca, porque tenho um conhecido a concorrer? Mas o tipo não precisa do meu voto para nada, uma vez que é cabeça-de-lista. Tem o lugar garantido.
Deixarei fluir, perto do fecho das urnas já terei uma decisão tomada. Sobretudo se Funes vender as sondagens às 17h, conforme o vendilhão nhacoso prometeu. Duvido, no entanto, que Mme Funes se desbronque.
A última vez que fui votar perto do fecho das urnas foi uma tentativa em vão, porque as mesas de voto fecharam antes de eu dar com a sala. Cheguei às 19h e 3 m e mandaram-me dar meia volta. Estamos encerrados! Ensopada e depois de ter dado um tombo no jardim do liceu, foi assim que o cumprimento do meu dever cívico foi compensado.