Devo confessar, talvez por ser gajo, não entendo nada dessas paixões platónicas que às vezes atingem os seres humanos.
Chego a ter calafrios de cada vez que penso que poderei ficar verde, amarelo, azul, de travar a língua, de fazer telefonemas, visitas a uma pessoa que não tem hipótese de nutrir qualquer espécie de sentimento por mim e, pior do que isso, ficar tipo ceguinho, pasmado.
Vocês imaginem, desde que ando a pé já entortei não sei quantos candeeiros, placas e anúncios. Se me apaixono, com uma paixão dessas de verdade, ainda abalroo um camião e continuo tipo doninha, todo esmagado contra a caixa térmica, mi amor, mi amor.
Um dia apaixonei-me, saltei do sótão para ir com a tipa à discoteca. Ei! É perigoso, ok?! Podia ter-me matado e para nada, a tipa gostava mais de mim que eu dela, no fim, para me livrar da sua presença, até pedi a Deus que me ajudasse. Convenhamos que levei muito tempo a perceber isso, se tivesse percebido antes, tinha-a posto de joelhos no quintal e eu a mandar-lhe rosas de papel.
E daí ate não poria nada, porque é mais fashion, abancar o poeta apaixonado, consumido por duvidas, por sentimentos dilacerantes, a tristeza no olhar ... Ah l' amour.
Desisto, as coisas são o que são e é só isto. (Fim que é para o caso de não terem percebido esta ultima frase ok?)