O Teixeira era uma figura impenitente. Não vergava sobre si próprio. Com passos ritmados sustentava sem percalços aquilo que parecia ser uma arroba de batatas dentro do cinto e, assim carregado, entrava no Canal 3, onde era aplaudido pela decadente frente urbana dos anos 90, que tinha levado à ruína aquela magnífica cidade.
Era dos tais que sugeria que investir é em terreno vulcanizado, e investir tudo, porque o Teixeira não se ficava por metades. O granito para o Teixeira era cinzento. E devia ser tratado com dinamite como, aliás, os seus novos comparsas tinham feito. Não se pode dizer que o Teixeira gostasse de explosões e catástrofes. Teixeira tinha fraca memória, estava esquecido dos enormes buracos onde se tinham metido com essas detonações de ganância. Era tão esquecido que em pouco tempo cuspia na mão de quem o arrancou da vala onde, gordo, escavava à procura de pedrinhas de saibro.
O Teixeira estava agora disposto a empreender uma caminhada rumo ao litoral, que parecia brilhar. O Teixeira e os comparsas, que eventualmente ia arranjando, cegos pela cobiça, não viam que o brilho era a pressão atmosférica cada vez mais latente, a anunciar uma calamidade natural, onde seria sugado todo o dinheiro dos pobres portugueses.
- Lisboa brilha – dizia o Teixeira – Se houve um dia um terramoto, foi acidental, devemos apostar nos capitais de risco!
Era dos tais que sugeria que investir é em terreno vulcanizado, e investir tudo, porque o Teixeira não se ficava por metades. O granito para o Teixeira era cinzento. E devia ser tratado com dinamite como, aliás, os seus novos comparsas tinham feito. Não se pode dizer que o Teixeira gostasse de explosões e catástrofes. Teixeira tinha fraca memória, estava esquecido dos enormes buracos onde se tinham metido com essas detonações de ganância. Era tão esquecido que em pouco tempo cuspia na mão de quem o arrancou da vala onde, gordo, escavava à procura de pedrinhas de saibro.
O Teixeira estava agora disposto a empreender uma caminhada rumo ao litoral, que parecia brilhar. O Teixeira e os comparsas, que eventualmente ia arranjando, cegos pela cobiça, não viam que o brilho era a pressão atmosférica cada vez mais latente, a anunciar uma calamidade natural, onde seria sugado todo o dinheiro dos pobres portugueses.
- Lisboa brilha – dizia o Teixeira – Se houve um dia um terramoto, foi acidental, devemos apostar nos capitais de risco!
Teixeira devia a Lisboa o mérito de aparecer na TV a cores e aparecia em todos os formatos. Os cinzentões, nos seus ecrãs a preto e branco, viam o Teixeira e tinham pena, mais uma vez a ser delatado por ele próprio, mais uma vez a escavar um buraco em seu torno, praguejando e blasfemando o terreno sólido e granulo onde colheu as suas batatas.
Teixeira era um entre muitos, o menos perigoso deles todos, movia-se dos braços de uns para outros, conforme as conveniências, era maneável, os outros sólidos nos seus obscuros interesses. Teixeira era um pensador fraco, ingrato, mal o chamavam, juntava-se sem preconceito aos usurários, que no cérebro tinham apenas a célula de uns miseráveis tostões, que nem sempre recebiam, do capital do interesse, face a isso, o que receberia o pobre do Teixeira?
Ai que humilhação sentia a terra pela insolência dos seus filhos, que se clamavam pródigos e regressavam sempre na esperança de festejar e partir com novo dote.
Mas dores de parto já não tinha, a terra, porque o Teixeira podia a qualquer momento parir um saco de batatas.