Para Xana, que sempre se evidenciara pela firmeza das suas posições, pela rigidez e concretismo com que avaliava as pessoas e a realidade circundante, o Natal era um tempo mágico, perfeito, se perfeição existisse. O tempo por excelência do amor por nada. Não foram poucas as vezes que Xana e Lorena se debateram, uma pelo "Pró" outra pelo "Contra". Xana entendia que no Natal, como que por Magia, o amor brotava sem cobranças. Lorena, talvez por cepticismo, talvez por saber de experiência feito, tendia a não acreditar em altruísmos, fosse em que época fosse, contrapunha argumentando de que não há almoços grátis, nem mesmo no Natal. Nocas, sempre pronta a aliviar tensões, distribuindo gracejos, sentada no topo da mesa rectangular, atira de chufa gaiteira - Protesto, é mentira. O que mais se vêm são almoços e jantares grátis na época de Natal. Mas então, que chamas tu aquilo que nos dão conta os noticiários televisivos? - Reality Shows, responde Lorena. - Não passam de meras encenações da boa-vontade e do puro-fraterno-cristianismo de preferência, bem ventilado aos quatro ventos.
Tina soltava já faíscas frenéticas pelo olhar. A irreverente das irreverentes sempre tivera resposta para qualquer desafio e em qualquer momento. A intrínseca irrequietude pulava-lhe dos olhos para os olhos e como que se libertando das amarras da voz, ironizou: - Ora nem mais! Dêem bacalhau aos pobrezinhos e não os ensinem a pescar. Ponham-lhes as batatas e as couves na boca e escondam as alfaias agrícolas. Este país está á beira da falência e ainda ninguém percebeu que é na terra, que é da terra que virá a solução. Lorena achava que de tanta lucidez incompreendida, um dia Tina acabaria por se entregar, por se abandonar nos braços da loucura. Se é que não seria esse o seu estado natural, a lúcida loucura ou a louca lucidez que facilita o suster do chumbo dos penosos dias nos ombros.
Dina, dolosamente empenhada na sua recente resistência ao único vício que mantivera durante anos – a nicotina - evitava exaltar-se desviando-se de Tina, que mantinha cigarros acesos com cigarros.
Vicky, que até estava em dia "sim", tentando acalmar os ânimos já um tudo-nada fogosos, aproveita a deixa da Tina, e inicia relatos com minúcias telúricas, as suas experiências com as plantações. - Eu já vos contei da minha experiência com a criação de larvas? Foi a gargalhada geral. - Larvas, que nojo! Nocas, que por natureza preferia ouvir e deixar que as outras se soltassem, não resistira. E eu a pensar que te tinhas dedicado à criação de galinhas, coelhos e cabrinhas. Já há tempos que não te visito na quinta. Como te tens saído? Apesar de ter alguma experiência em actividades agrícolas, Lorena nunca se sentira vocacionada para a área, e aproveitara para ridicularizar. - Eu gostava mesmo era de ver-vos a brincar com bichinhos e esterco dentro dos currais mas na versão alive & kicking, e não dentro dos monitores. Vão endrominar outra. Nem para essa agricultura de trazer por casa tenho vocação. Tê, licenciada e pós-graduada em agronomia, faz uma careta. Mas afinal, digam-me lá, a conversa não era sobre o Natal?
Tina soltava já faíscas frenéticas pelo olhar. A irreverente das irreverentes sempre tivera resposta para qualquer desafio e em qualquer momento. A intrínseca irrequietude pulava-lhe dos olhos para os olhos e como que se libertando das amarras da voz, ironizou: - Ora nem mais! Dêem bacalhau aos pobrezinhos e não os ensinem a pescar. Ponham-lhes as batatas e as couves na boca e escondam as alfaias agrícolas. Este país está á beira da falência e ainda ninguém percebeu que é na terra, que é da terra que virá a solução. Lorena achava que de tanta lucidez incompreendida, um dia Tina acabaria por se entregar, por se abandonar nos braços da loucura. Se é que não seria esse o seu estado natural, a lúcida loucura ou a louca lucidez que facilita o suster do chumbo dos penosos dias nos ombros.
Dina, dolosamente empenhada na sua recente resistência ao único vício que mantivera durante anos – a nicotina - evitava exaltar-se desviando-se de Tina, que mantinha cigarros acesos com cigarros.
Vicky, que até estava em dia "sim", tentando acalmar os ânimos já um tudo-nada fogosos, aproveita a deixa da Tina, e inicia relatos com minúcias telúricas, as suas experiências com as plantações. - Eu já vos contei da minha experiência com a criação de larvas? Foi a gargalhada geral. - Larvas, que nojo! Nocas, que por natureza preferia ouvir e deixar que as outras se soltassem, não resistira. E eu a pensar que te tinhas dedicado à criação de galinhas, coelhos e cabrinhas. Já há tempos que não te visito na quinta. Como te tens saído? Apesar de ter alguma experiência em actividades agrícolas, Lorena nunca se sentira vocacionada para a área, e aproveitara para ridicularizar. - Eu gostava mesmo era de ver-vos a brincar com bichinhos e esterco dentro dos currais mas na versão alive & kicking, e não dentro dos monitores. Vão endrominar outra. Nem para essa agricultura de trazer por casa tenho vocação. Tê, licenciada e pós-graduada em agronomia, faz uma careta. Mas afinal, digam-me lá, a conversa não era sobre o Natal?
10 comentários:
Soltem os prisioneiros...
Tina, dá-me lume!
Cala-te, pá.
O relógio anda atrasado ou adiantado?
:-)))))))))))))))))
Eh pa, está excelente. E deixe-me advinhar a Nocas ta feliz porke é outra vez Natal, certo?
Estavas à espera de quê?
:-))))
Saphou, anda ca, Saphouuuuuuuuuuuuuuuu
Brilhante Blimunda...Privada, se a ASAE vai ao teu café estás lixado, estou até a pensar em fazer um queixa para ires dentro. Que nojeira.
Oh pá, vá lá o Socrates, esse farsola, nao baixa impostos nao trabalho mais, trabalhe ele.
Só não há almoços grátis se nós cobrarmos pelo almoço que oferecemos.
Isto é espantoso, Blimunda...
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