terça-feira, 4 de agosto de 2009

Insónias: os novos sem abrigo

Leio, passeio na net, vejo televisão. Sono, nada.
Impressionou-me a história destes novos sem abrigo, porque me são próximos.
Uma senhora de 62 anos, sempre dedicada à carreira, engenheira de profissão, perdeu o emprego. Vive na mesma casa à 21 anos. O subsídio que recebe, de cerca de 590 euros, não dá para pagar as contas. Sobram-lhe 6 euros para alimentação. Sai de casa todos os dias com o carrinho de compras e procura comida nos caixotes do lixo. Encontra alcachofras, pimentos, batatas, uma vez arriscou trazer carne, mas ficou doente. Quando tem sorte, aparece um pacote de chá. Veste-se impecavelmente com as roupas de quando tinha dinheiro. A vizinha corta-lhe o cabelo. As ervas de cheiro que cultiva na varanda, como eu, são a sua companhia. Fala com o cebolinho, a salsa e o funcho...
Tira do carrinho o que encontrou e alimenta-se à base de sopa. Recebe uma ordem de despejo, por não conseguir pagar mais a renda. As sete irmãs fingem que ela não existe. Tirando a vizinha que lhe corta o cabelo, não tem mais ninguém. Em Paris, na cidade de luz. No meio do desespero, teve sorte, arranjam-lhe uma habitação social num bairro muito próximo. O andar tem 3o metros quadrados, mas tem uma varanda onde pode continuar a cultivar o seu jardim de ervas aromáticas.
Uma mãe de 49 anos, reformada do ensino por invalidez, em virtude de uma depressão profunda que teve por base um divórcio complicado, vive numa casa do Ministério da Educação com os seus dois filhos. Para sustentar a família, além da pensão de invalidez, dá aulas de escultura em vários locais. Recebe ordem de despejo porque não tem direito à casa. Ao fim de um processo complicado, arranjam-lhe uma habitação social, que só estará pronta passados sete meses. Como vai viver com os filhos na rua durante os meses de inverno? A família, ex-marido, o que seja, é como se não existissem. A luz da cidade da luz não aquece ninguém.

6 comentários:

privada disse...

Impressionante. Os sem abrigo de Paris, um jornalista kk ganhou o premio fotografia com eles. Vamos fazer assim Saphou em vez de irmos aos museus e essas cenas vamos fazer uma vakinha para passar uma semana em Paris por essa vida, hum, k axas parece-me mt instrutivo, alinhas?

saphou disse...

Claro!

privada disse...

Finalmente! Minha querida Saphou tu pá, justificas ke afinal não sou atrasado mental, mentecapto, traumatizado.
Vamos lá para Setembro / Outubro hum? Dá-te jeito?

saphou disse...

Só se for despedida. O estupor da entidade patronal só me dá férias até fim da 1ª semana de setembro, a começar para a semana.

saphou disse...

Vamos em Dezembro, com os feriados e tal, sempre vemos as lumiéres e congelamos nos champs elisées.

privada disse...

Pode ser, alias nessa altura julgo k fornecem cobertores e sopas kentes, é capaz de ser o mais adequado.