Nos seus 50 e tal anos, ela era uma menina carente velha. Só desejava esconder-se na saia da mãe. Que a mãe a protegesse como quando era pequenina e ficava doente. A mãe chamava o velho doutor simpático que lhe dava uns xaropes e depois ficava tudo bem. O pai ainda tinha a paz de esprírito para enfiar umas calças e umas saias das bonecas pequeninas nos dedos e improvisava danças e conversas de fantoches. Estar doente não era nada solitário e as pedrinhas do caminho eram-lhe retiradas com todo o amor e boa disposição. Adivinhava o nervosismo da mãe, mas o pai dava-lhe a confiança de que ia ficar boa. E ficava bem logo, logo, dois, três dias.
Nos seus 50 e tal anos, ela era uma menina carente velha e enrugada. O pai já estava morto. A mãe mal se conseguia ajudar a si própria. E ela continuava com a carência da infância. Nada de mais patético.
7 comentários:
Não sei não, Saphou
Acho que todos somos mais ou menos carentes, todos precisamos de amor.
O que talvez seja patético, é a necessidade aprovoção, que não está directamente ligada com a carência, penso eu
Patético é chegarmos ao absurdo individualista de acharmos que já não precisamos de colo.
Saphou, que diabo de doença é essa, mulher? É impossível saber o que dizer, se é que essa sabedoria existe, na ignorância. É ainda o Menière ou coisa diferente?
Querida amiga Claras obrigada pela mensagem.
Querida Blimunda, amiga, um dia destes temos que tomar de novo café. Ela não sabe o que é.
Desta vez pago eu, está bem?!
Então e eles? Também não sabem?
Bom, como há malas que vem pelo trem,
Jesus teria dito "Sejam como crianças, pois delas é o reino"
Dificil. Se mesmo quando crianca o orgulho falava mais alto.
Ou como dizia meu conterraneo, Carlos Drummond:
"Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas."
Aha, nao nasci em Itabira, mas so de ter nascido em Minas, sei bem como eh. Nasci no centro do quadrilatero ferrifero...
Nada de Meniéres.
Nada mesmo, ouviu? percebeu?
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