Mostrar mensagens com a etiqueta carência. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta carência. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 2 de março de 2009

Patético

Nos seus 50 e tal anos, ela era uma menina carente velha. Só desejava esconder-se na saia da mãe. Que a mãe a protegesse como quando era pequenina e ficava doente. A mãe chamava o velho doutor simpático que lhe dava uns xaropes e depois ficava tudo bem. O pai ainda tinha a paz de esprírito para enfiar umas calças e umas saias das bonecas pequeninas nos dedos e improvisava danças e conversas de fantoches. Estar doente não era nada solitário e as pedrinhas do caminho eram-lhe retiradas com todo o amor e boa disposição. Adivinhava o nervosismo da mãe, mas o pai dava-lhe a confiança de que ia ficar boa. E ficava bem logo, logo, dois, três dias.
Nos seus 50 e tal anos, ela era uma menina carente velha e enrugada. O pai já estava morto. A mãe mal se conseguia ajudar a si própria. E ela continuava com a carência da infância. Nada de mais patético.