terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A crise do mercado da boa vontade

Antigamente, telefonavam-me de uma ou duas instituições credíveis e meritórias (até prova em contrário) e eu aceitava fazer peque nas campanhas de Natal, Páscoa e Férias grandes, o telefone não para. nos donativos.
Acontece que as instituições de solidariedade social se multiplicaram como cogumelos, chegando agora a receber cerca de 10 telefonemas ou mais por semana, de instituições com o mais variado nome a pedir algo, sobretudo nas campanhas de Natal, Páscoa e Férias de Verão ou, ao longo de todo ano, para casos concretos pormenorizadamente descritos de forma a inspirar a pena e produzir o cifrão.
Normalmente, Saphou diz que não está. Explica que é a empregada e não sabe quando Saphou volta. Ou é Saphou filha e não sabe quando a mãe chega. Às vezes Saphou topa os números e não atende. Outras vezes, Saphou diz, pura e simplesmente, que não.
No outro dia telefonaram da "Casa da Sopa". Eu estava com paciência e expliquei que esta multiplicação de associações estava a dar cabo do mercado da boa vontade, porque já ninguém aguentava tantos telefonemas, quanto mais fazer doações para tanta instituição. Aconselhei a representante sonsa da instituição a promover reuniões com outras associações, a criarem uma federação, de modo que ao futuro donatário só aparecesse uma única entidade, um guichet único de pedidos. De outra forma, por mais nobre que fosse a causa, corriam o risco de levar imaginariamente com o telefone na fuça. Já ninguém aguentava os telefonemas, nem tinha vontade ou orçamento para dar.
A Senhora da "Casa da Sopa" fingiu não ter percebido nada. Naturalmente, levou sopa.
..........
P.S: esta graçola final, muito previsível, não deixa de ter a sua piada. Admito, todavia, que discordem, fundamentando.
Resta dizer que este post foi escrito com sacrifício pela consideração que Saphou tem por Jorge C..

6 comentários:

Blimunda disse...

Só por ter tido a descarada ousadia de pedir o donativo, estive para a mandar à sopa. Mas por consideração e solidariedade com o seu estado nhó-nhó que tem teimosamente persistido nos últimos tempos, resolvi dar-lhe uma abébia. Esses gajos são tão insuportáveis como os outros que nos telefonam para oferecer coisas. Sofás de massagens, férias, parabólicas da meo ou coisa que o valha, só ainda não me ligaram a oferecer um homem desprovido da faculdade da fala e de qualquer outro tipo de comunicação (gramava à brava que me oferecessem um). Se viesse a acontecer provavelmente responderia da mesma maneira que respondo a todas as outras tentativas de ofertas: "minha senhora, faça-me a gentileza de ofertar esse prémio que eu ganhei sem ter pedido aos pobres porque eu sou rica, não preciso. Quando pedem donativos, respondo da maneira inversa.

Anónimo disse...

Mas o engano é pensar ke são varias associações, porke se pensarmos bem so pode ser a msm, eu só dei a uma, engraçado ke agora ligam me dezenas delas e sabem para alem do meu numero ke "eu costumo contribuir".

Da ultima vez ks me insultavam, é verdade, disse-lhe : - pare de me ocupar a linha, quanto é ke a senhora recebe para estar aí a telefonar, quantos operadores de contactos tem voces na equipa, alguem é volutario?
Foi bonito foi, a senhora precisava do ordenado pa familia nhó nhó

saphou disse...

Quando me telefonam para ir buscar os bilhetes para a viagem ao Sul de Espanha, respondo que detesto viajar.

Quando me telefonam para oferecer a baixela assinada por Fátima Lopes, respondo que tenho louça a mais ou que detesto o que a senhora faz.

E por aí fora...

saphou disse...

Blimunda, sempre sábia. Tirei o pedido de donativo. Não sei se a sua sopa é boa.

Blimunda disse...

:-) Boa! Assim é que se fala! A sopa a quem dela precisa. Nós somos mais nós!

patricia m. disse...

Nossa, vc ainda se da ao trabalho de responder. Eu nao dou nada, nadica de nada. Estou acostumada com essas ONGs do Brasil, a maior parte eh feita de ladrao, mamam recursos para investir nos familiares, pobre nao ve um centavo.

De mais a mais, nao deveriam dar sopa, deveriam ensinar o pobre a plantar. Nem que seja em jardim publico.