domingo, 7 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
Vidas
Chegou a casa arrasada. Cansaço acumulado de muitas semanas. Um dia terrível em que, a dada altura, se sentiu a desmaiar, não sabendo se fora do coração ou de outra causa qualquer, mantendo a personagem sorridente e profissional, como se nada estivesse acontecer, enquanto por dentro pensava, não sobrevivo a esta e o medo se instalava, tudo sem que ninguém notasse. Felizmente a coisa durou segundos, mas ficou para sempre na memória.
Quando bateu a porta de casa, desatou a chorar, finalmente. A sua vida era trabalho, casa, casa trabalho, mas em casa havia sempre alguém a gritar com ela ou a criticá-la, por muito que se esforçasse. Era o filho que insistia que ela não guiava bem, aos gritos, ou a criticava por jogar jogos de computador para velhos, por por qualquer pergunta que fizesse, do tipo: com quem vais sair?; era a filha que nunca estava e o pouco tempo que permanecia era para a irritar projectando nela a sua baixa auto-estima: o meu cabelo está horrível, estou cheia de bolhas, tenho braços de homem.... Às vezes era ofensiva. Um dia chegara mesmo ao ponto de lhe chamar javarda por ela ter deixado cair umas miseras migalhas de uma bolacha de água e sal no quarto da adolesente.
Felizmente estava tudo aparentemente sossegado: o filho preparava-se para ira uma festa de alguém que ela não conhecia; a filha ainda não tinha chegado do jogo de basquete que se prolongava noite dentro e o marido, como sempre estaria sabe-se lá aonde.
Infelizmente, não tardou a chegar o marido, um palerma, incompetente, expulso de sucessivos trabalhos, porque dedicava mais de 80% da sua vida um hobby inútil, como se fosse um menino rico com rendimentos herdados. Ela aturava a situação sem saber se ainda sentia algo por ele, ou se era pelos filhos, ou por medo da solidão. Isto, enquanto envelhecia, adoecia, deprimia.
Durante umas horas o silêncio permaneceu, até que ele anunciou que no dia seguinte ia estar ausente, como sempre, mentindo: vou só lá tomar café e volto (o café costumava durar a tarde inteira e prolongar-se pela noite; se fosse pequeno-almoço, durava o dia todo).
Iniciou-se uma discussão, que se foi tornando violenta em espiral, porque ele tinha afirmado, peremptoriamente, um dia antes, que este fim-de-semana era para dedicar à família.
O berros transformaram-se em coisas partidas e ele, de repente, assim como uns tempos antes lhe tinha dado uma bofetada inesquecível, agarrou-a pelo pescoço e começou apertar-lhe as carótidas.
A filha, entretanto chegada, valeu-lhe, acordou-o da loucura dizendo: -Papá para! Isto, enquanto chorava desesperadamente e dizia:- eu não tenho que aturar isto, eu sou uma boa menina, eu faço os meus trabalhos, eu tiro boas notas.
A dor da filha dilacerou-a ainda mais, pelas duas. Ela também sempre tinha sido uma boa menina que cumpria todos os seus deveres. Não tinha que aturar mais isto.
Telefonou à polícia para participar dele, mas tinha que ser sujeita a perícias médicas e não estava preparada psicologicamente para esse passo.
Mas ela não tinha que aturar isto. Nem podia viver com o pavor de ser esganada pelo companheiro de 20 anos de casamento, mais 7 de namoro, aquele que em tempso julgara ser o seu amor de sempre.
Há sempre um fim, pensava, enquanto olhava as marcas no pescoço e se entupia em Xanax, uns atrás dos outros.
Tenho que ganhar força e coragem para o passo seguinte. A vida em comum tornou-se impossível. Tenho que me proteger. Inclusive de mim própria. Como? Quem lhe dera saber a resposta. Entretanto, ficou confortably numb e adormeceu.
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Muito Medo
quinta-feira, 4 de março de 2010
A última tendência na arquitectura: habitações verdes


E eu, sempre à frente no tempo, já praticava isto, de forma artesanal, há duas décadas.
Não sei porque é que o parvalhão do novo administrador do prédio arrancou toda a vinha virgem que eu tinha plantado há 18 anos, mais as trepadeiras que floriam na Páscoa, em cacho. Que davam cabo dos canos e tal. PQP para o tipo, mais os amados canos. No mínimo, vai esperar meses até que eu pague o condomínio. Que me venha com uma injunção!
Desde que o dia passou a ter menos do que vinte e quatro horas, ou seja menos um cagagésimo de segundo, por causa das catástrofes e do desvio do eixo da terra em 8 cm, que eu me passei. Já não respondo por mim. Estou inimputável. Onde é que já se viu, dias com menos de 24h ? Já não há descanso. Esse cagagésimo era essencial para o retemperar das forças. Dias com 23 horas e não sei quantos minutos que não dão conta certa. Já nem se sabe como referir a duração de um dia. Está tudo muito estranho.
Não sei porque é que o parvalhão do novo administrador do prédio arrancou toda a vinha virgem que eu tinha plantado há 18 anos, mais as trepadeiras que floriam na Páscoa, em cacho. Que davam cabo dos canos e tal. PQP para o tipo, mais os amados canos. No mínimo, vai esperar meses até que eu pague o condomínio. Que me venha com uma injunção!
Desde que o dia passou a ter menos do que vinte e quatro horas, ou seja menos um cagagésimo de segundo, por causa das catástrofes e do desvio do eixo da terra em 8 cm, que eu me passei. Já não respondo por mim. Estou inimputável. Onde é que já se viu, dias com menos de 24h ? Já não há descanso. Esse cagagésimo era essencial para o retemperar das forças. Dias com 23 horas e não sei quantos minutos que não dão conta certa. Já nem se sabe como referir a duração de um dia. Está tudo muito estranho.
Isto é muito pior do que as coisas que custam não sei quantos euros e 99 cêntimos, e nunca há troco, ou os downloads de 0, 99 cêntimos que nos incitam à pirataria.
É o apocalipse a aproximar-se aceleradamente.
Espero que
Pedro Passos Coelho ganhe as eleições no PSD. Não vejo outro sacana à altura de enfrentar o sacana do nosso Primeiro!
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Opinião
quarta-feira, 3 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
Como raio é que fui sonhar isto?Só pode ter sido a lampreia da Blimunda ou a Maria Joana do Privada!
Lá estavam eles a jogar futebol, num relvado perfeito, junto a uma enorme escarpa em abismo, mesmo no fundo, junto ao mar daquela ilha vulcânica em que a areia é escura e fina. O mar batia contra as rochas milenares e espumava contra a ilha, tudo numa normalidade instável, enquanto eles, as estrelas, jogavam divertidamente futebol a desafiar as águas. Estavam quase todos: Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Futre, Bruno Alves, Lucho, Lisandro Lopez, Ricardo Carvalho...e, naturalmente, Pauleta.
Sim, estávamos nos Açores, na Ilha de São Miguel, junto à Povoação, na zona das Sete Lombas, a entrevistar os pais de Pauleta.
-Sabem meus senhores, em tempos vimos no jornal um anúncio de um miúdo que dizia: vende-se terreno que não serve absolutamente para nada por 2.000 euros. Achamos lindíssimo, um refúgio, e comprá-mo-lo para o nosso menino. A pronúncia era açoriana típica, cantada e com os ius típicos.
O terreno é muito pequeno, mas a escarpa, a pique, tem 500 metros e dá directamente para aquela praia, a que só se chega de barco.
Quisemos oferecer isto ao nosso filho, para ele trazer quem quisesse, as namoradas também, não sei se me está a entender...
Mandámos vir um decorador e aqui está o quarto de sonho.
Entramos pelo pequeno jardim cheio de flores exóticas que dava para um T1 coberto de vegetação. Quando abrimos a porta, a mãe mostrou, orgulhosa, o quarto de Pauleta. A cama era enorme, em docel, tudo acetinado em tons de azul, todos os tons de azul, nas paredes havia sereias e gárgulas que jorravam água, e colunas rócócó espalhavam-se aleatoriamente. Espelhos por todo o lado, inclusive no tecto.
Sabe, queríamos dar um ar muito sofisticado ao quarto e queríamos que o som do mar se prolongasse para o som das fontes, por isso contratamos um arquitecto e designer do Continente, da Capital, o homem vinha muito bem recomendado, um tal de Taveira, e fez esta magia, algo entre o civilizado e as cavernas, que era o nosso desejo. Ficou mais cara a decoração do que o terreno e a casa. Nem tem comparação, o preço dos serviços!
O quarto abria-se para o mar numa varanda deslumbrante. Lá em baixo, ao fundo da falésia, pareciam mosquitos a jogar.
-E os senhores onde moram?
-Não há espaço para tudo, moramos num anexo num terreno ao lado, uma coisa clandestina, feita pelo meu marido, mas não coloque isso na reportagem.
Nada daquilo dizia com a personalidade do Pauleta, que tem o ar pacato de um bom pai de família e já nem se dedica à bola, mas às fatias. Não estaríamos nós na ilha errada, com a mãe errada e o jogador errado?
Acordei sem saber a resposta. E também não vi o iate que podia permitir o acesso ao estádio de ninguém...
Acordei sem saber a resposta. E também não vi o iate que podia permitir o acesso ao estádio de ninguém...
Adenda: naturalmente que também lá estava o Vítor Bahia, o jogador com mais títulos de sempre, uma beleza para os olhos, só por ter uma branca é que não o coloquei que eu não sou nenhum Gillberto Madaíl de saias.
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Sonhos e pesadelos
segunda-feira, 1 de março de 2010
Março
Março marçagão
De manhã cara de anjo
À noite cara de cão
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Março um frio de rapar o tacho
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Mnham, Mnham!!!

Dia 27/02/2010, 13:00 - At Blimunda's house. Made by Blimunda's hands.
Se o Rps descobre é menino para se fazer convidado.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Como é óbvio, não perco uma partida de Curling
que, já agora, segundo o adolescente cá de casa, não é desporto, mas o pico da carreira de empregada doméstica (basta ser um desporto muito apreciado no Canadá para ele implicar, tem uma péssima impressão dos canadianos, o tipo não é burro de todo, há que reconhecer...). E eis que ouço esta frase notável por parte do comentador (que já foi retirado da área do ténis por insistir em referir-se aos remates, entre outras preciosidades): o jogo está a aquecer!
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Ironia
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Agora que I'm back, dou os parabéns e a palavra ao meu genial amigo Jama
Existe a blogosfera antes de Jama e pós-Jama. Grande blog será este, aqui.
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Até que enfim,
Jama bem-vindo
Avalie a sua racionalidade, respondendo à questão:
Qual seria a nacionalidade de Adão e Eva? Terá que partir da premissa de que na época existiam já várias nações. Um cenário à economista.
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Leituras
Frase do dia
O Procurador Geral da República está para além da redenção
(Carlos Abreu Amorim)
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Estás à escuta
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Para Entreter Meninos

P.s: vou mesmo atrás de ti na corrida dos 5.000 metros de pernaspaquevosquero.
Quando acabar a corrida da leitura dos 5.000 metros
de papel, no gelo, eu volto, se ainda tiver blog. Blimuuuunnnddaaaaaa, por favor segura as pontas, eu depois conto tudo.
PS: Se fosse coagida a praticar Luge ou Skeleton, escolheria o último, gosto mais de dormir de bruços a grande velocidade e espatifar de imediato o capacete. Mas preferia estas duas modalidades àquela que estou a praticar agora.
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Trabalho e mais trabalho
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Os desfiles de Carnaval
em Portugal são patéticos, fazem-me lembrar os tempos negros da revista com as coristas de meias rotas e o teatro a cheirar a bafio. Ressalvam-se as poucas festas carnavalescas, genuinamente nacionais, em que não colocamos mulheres, homens e assim assim seminús a imitar os brasileiros, com a pequena diferença de que aqui está a nevar e lá estão 40 graus de temperatura. Os portugueses são uns merdas, sempre a tentar imitar tudo. Aumentem o volume da auto-estima e mantenham as tradições adequadas às condições climatéricas, ao menos. O aquecimento global ainda não chegou a Ovar! Aprendam alguma coisa com os Caretos de Podence e outros afins.
P.S.: Agradeço a alguém de Podence a oferta/venda de uma roupa fantástica daquelas que nos transformam a personalidade.
P.S.2: Funes, mesmo sem roupagem, é Careto o ano todo.
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Patetices
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
My name is Constâncio, Vítor Constâncio.
Será por ser Carnaval que Vítor Constâncio foi nomeado para Vice-Governador do BCE? Estavam todos com os copos? Ou, então, Portugal é de uma exigência extrema? Lá fora é que somos bons e o resto é treta! Aqui era dado como um inapto para controlar os banqueiros, acusado de omissão...
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Vítor Constâncio
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