Ela acorda invariavelmente às três da manhã. Hora a que ele, como um elefante a pisar um salão de dança, se vai deitar. As luzes ligam e desligam, vezes sem conta, caem os objectos mais improváveis, tropeça no inimaginável, as portas rangem dezenas de vezes. Ele, finalmente, deita-se. Adormece de imediato. Ela levanta-se, esperam-na, pelo menos, três longas horas de insónias. E amanhã tem que trabalhar cedo. Mais uma semi-directa. O número de comprimidos para dormir permitidos já foi esgotado. Terá que ficar à espera (ironicamente, título de um livro que a impressionou, de um autor chinês cujo nome não recorda). Para acalmar e preparar mais um longa noite acordada, vai fazer um chá, pode ser de verbena desta vez. O mosquito está ali, agarrado ao estore. Observa-o. Não tem as pernas traseiras para cima. Será dos que picam? Pouco provável. Na dúvida, leva uma traulitada e cai esmagado.
Seremos mosquitos do Universo?