quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Coincidência criativa

Acordo com um olho desfocado. Chateia-me ter o olho desfocado.
O mundo, porém, não parece compreender isso. Indiferentes ao meu olho desfocado, os telejornais continuam a debitar reportagens sobre multidões à calhoada no Egipto e sobre uns ventos que sopram a trezentos à hora na Austrália. Como se essas notícias fossem mais importantes do que o meu olho desfocado! Como se o devessem ser!
Ninguém quer saber do meu olho desfocado. É porque dormiste demais, com o olho na travesseira.
Incomoda-me que ninguém queira saber do meu olho desfocado.
Como podem não querer saber? Como podem ficar indiferentes ao meu olho desfocado? Como podem não sofrer comigo o que eu sofro com o meu olho desfocado? Como podem continuar a viver felizes, sabendo que tenho o olho desfocado?
Hoje, os blogs vão encher-se de posts sobre as merdas que o Google coloca na sua página inicial em cada dia. Há gente que pensa que não temos acesso à página inicial do Google.
Acordo com o olho desfocado. Chateia-me ter o olho desfocado. 
E não há info-excluídos neste país. Todos se deviam centrar no meu olho desfocado. Se têm de entregar a declaração de IRS pela net, mesmo que nunca tenham visto um computador, ainda que desfocado, deviam centrar-se na tristeza que sinto com o meu olho desfocado. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Superbowl Halftime Great Show : Black Eyed Peas

aconselha-se full screen

O que se está a passar no Egipto e no mundo árabe, em geral, é fascinante

Tantas tiranias a cair como um dominó, umas de forma violenta, outras de forma negociada, e por razões complexas, umas comuns, outras específicas do país. Mubarak está a agir de forma muito inteligente mas, no seu leito de morte, já não poderá dizer a Gamal:
-Achas  gostam de mim filho e que sentirão a minha falta?
-Por si até pedras comem, meu pai.
-Se eles por mim comem pedras, nacionaliza as pedreiras meu filho.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vamos a um debatezinho?





Sei que o fim de semana não é muito bom para estas coisas, mas lá calha.
Tirado do blog Hello Sailors, fotografia incluída, vejam este vídeo, sobre uma tribo no Amazonas que era desconhecida até então. Ver aqui.

A doce laranja amarga deixou um comentário e penso que é um bom começo para saber o que pensam.

Isto levanta uma quantidade de questões, que não sei bem aflorar aqui.
Deixá-los como estão, evidentemente.
Levar-lhes a "civilização" para terem opção de escolha?
Os filhos o que prefeririam?

Vou resumir uma história passada em Moçambique no tempo do colonialismo, que ouvi uma vez contar:

Na aldeia não havia água. As mulheres tinham de percorrer cerca de 15 quilómetros para a ir buscar e outros tantos para voltar.
Então os portugueses, podiam ter sido quaisquer outros, resolveram fazer um poço na aldeia e assim poupar as coitadas das mulheres.
O chefe da aldeia (sei que não são estes os termos correctos) não queria nem ouvir falar do maldito do poço.
Dizia ele, que só traria problemas à comunidade. As mulheres nada teriam de fazer durante todo o dia, irriam começar as brigas por terem de se ocupar com qualquer coisa.
O poço foi feito.
Fez-se bem? Fez-se mal?

É esta a dualidade da nossa "civilização"





A Poison Tree, by William Blake

I was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.

And I watered it in fears,
Night and morning with my tears;
And I sunned it with smiles,
And with soft deceitful wiles.


And it grew both day and night,
Till it bore an apple bright.
And my foe beheld it shine.
And he knew that it was mine,


And into my garden stole
When the night had veiled the pole;
In the morning glad I see
My foe outstretched beneath the tree.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hoy huele a merengue

-Habrá leche merengada?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

É uma emergência, abre e vai até ao fim

Questão filosófica do dia: Liedsen, pois claro

Porque é que uma administração de gestão, liderada por um cotonete, vendeu o levezinho Liedsen pelo preço de uma lufada de ar? Mais parece uma doação mista.
No nosso momento Oprah,  oferecemos conjunto de marca a quem acertar na resposta. Este é hoje o caso mais misterioso de Portugal, por isso não se abalancem sem rede, a questão é de grau de dificuldade cinco, numa escala de um a cinco. E o outfit é Prada, mais caro que o passe do levezinho.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Don't forget to edit a recipe in foòdista

Aqui, coloque a sua receita preferida, não há o perigo de a foòdista ser censurada em feedista, como o saudoso Rexina ou não saudoso Opel um número qualquer. A Foòdista assume-se de início na net como uma Rexona ou um Opel Ascona na first life.(cada vez mais second) Na Foz do Doiro, também há uma Fooding House, que não consta do English Oxford Dictionary, muito acolhedora, apetitosa e bem frequentada, podendo inclusive VExa apreciar tapas cá fora, ao quentinho, em plena invernia, situa~se na esquina da R. Marechal Saldanha com a R. do Cafeína e do Clube Chocolate.

Poesia comestível -Pastrami, by Saphou

Poesia concreta/visual poetry - cuema by Fernando Aguiar

Sobre Fernado Aguiar, leia, não continue um pateta ignorante

sábado, 29 de janeiro de 2011

Jayme Yen: visual poetry

Terá comido os brioches?

Ricardo Araújo Pereira: sobre o terrorismo em Portugal

Crónica de Ricardo Araújo Pereira sobre o terrorismo em Portugal (fonte: aqui)
Clique para ampliar "Terrorismo é uma coisa, estupidez é outra"

"Os serviços secretos de Espanha andam a brincar connosco. Há uns séculos, os espanhóis levaram uns bofetões de uma profissional da indústria da panificação, e não deve passar um dia em que não pensem na vingança. Na semana passada comunicaram-nos que a Al Qaeda ameaça praticar actos terroristas em Portugal. E nós, parvos, acreditámos. Até onde chega a credulidade dos portugueses... Primeiro acreditámos no Sócrates, e agora nos espanhóis. Há que aprender a lição.

Como é evidente, só um terrorista muito estúpido é que vem exercer a profissão para cá. Com a vigilância que existe, hoje em dia, nos aeroportos, os terroristas só podem entrar no País de carro. E vir andar de carro para as nossas estradas é das decisões mais obtusas que uma pessoa pode tomar. É verdade que eles são suicidas, mas não exageremos. Vai uma grande diferença entre ser suicida e ser burro.

Por outro lado, os terroristas que tiverem a infeliz ideia de entrar no País terão de construir a bomba cá. Não se faz uma viagem Paquistão-Portugal com um engenho explosivo debaixo do braço. Há que ir a uma loja comprar peças. E é aqui que as chatices começam. «Esta peça, só mandando vir do estrangeiro, chefe. Daqui a duas semanas mete-se o Carnaval, por isso agora só em Março.»
Se o explosivo levar combustível, pior ainda. Eles que vejam o preço a que está a nossa gasolina, a ver se continua a apetecer-lhes rebentar coisas. É muito fácil apanhar terroristas em Portugal. São os tipos de turbante que estão nas bombas da Galp a chorar. Os que lá andam a chorar sem turbante somos nós.

E depois temos as contingências inerentes a uma actividade tão perigosa como é o fabrico de um engenho explosivo. O terrorista corre inúmeros riscos, o maior dos quais é ir parar a um hospital português. Basicamente, o sistema de saúde português oferece-lhe três hipóteses: pode morrer no caminho, pode morrer na sala de espera e pode morrer já dentro do hospital. É certo que o esperam 71 virgens no Paraíso, mas aposto que, para morrer num hospital português, o terrorista fica em lista de espera até as virgens serem septuagenárias, altura em que a virgindade perde muito do seu encanto.

Quando, finalmente, os terroristas conseguem reunir condições para construir a bomba, o prédio que tinham planeado mandar pelos ares já explodiu há dois meses, ou por mau funcionamento da canalização do gás, ou porque o esquentador de quatro ou cinco condóminos está instalado na casa de banho. Portugal pode ser um bom destino turístico, mas para fazer terrorismo não tem condições nenhumas."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O meu blog chega a Vanuatu!

Um orgulho. Obrigada Vanuatu e bons mergulhos!

Como a gente envelhece e algumas se recusam a aparecer: as três graças!


A Blimunda, sempre com cara de quem vai bater em alguém; a Marta continua um amor; a Mac anda a fechar um bocado os olhos e não rapa o bigode, mas vê-se que está prestes a disparatar com alguém.. Eu tirei a fotografia porque a Mofina estava na quinta e também porque estou muito despenteada e nem trouxe o lenço hoje. Vim directa da lota.

Um belíssimo bilhete postal ilustrado com um belíssimo cliché. Edição Costa, R. do Ouro, 295, Lisboa, nº 875. Exemplar circulado em 2 de Maio de 1904.
Existe uma edição anterior, cerca de 1899, Edição Cardoso, com a legenda "Typos da Foz do Douro (três velhas peixeiras da Foz, como as que retratou Raúl Brandão)", com o cliché original de Carlos Pereira Cardoso, uma foto tipia sépia e branco.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sobre Inception (A Origem). Ao fim de 24 horas de reflexão

conclui que gosto de A Origem (Inception), embora continue a achar que Nolan se perdeu um pouco pelo meio. Nunca duvidei de ter gostado da realização, da música e, sobretudo, da interpretação de Leonardo di Caprio. Hoje sinto que gosto mesmo do filme, do argumento, o produto final. Não consigo evitar. E não consigo deixar de pensar nele. Talvez algum extractor me tenha colocado a sonhar no terceiro grau, implantando a ideia no meu subconsciente. Até sinto saudades de ver o filme outra vez, algo que ontem consideraria tortura. Sinto que atingi a compreensão. Sou fenomenal. Mesmo inteligente e fantástica. Estamos contentes connosco. A não ser que seja um sonho dentro de outro sonho, dentro de outro sonho. Mas o meu totem diz-me que estou acordada.
(isto é só para insiders, o parolame fica de fora, não apanha uma!)

Manual do crime perfeito: três opções para crime violento

- colocar um tipo a mijar na Sibéria com 40º negativos (congela a urina e a bexiga). Não há testemunhas da coacção física, pelo que morreu de morte natural.

-apontar a arma à cabeça do tipo e obrigá-lo a mijar de cima da ponte para a catenária. Morre electrocutado. Suicídio. Não há testemunhas. Saiu da tasca depois de umas cervejas, sózinho, numa noite sem lua.

- dar muito feijão a um tipo, dias a fio, e obrigá-lo a acender o isqueiro atrás do rabo, permanentemente, sob ameaça de bazuca. Morte por queimaduras de 1º grau, as labaredas atingem os fundilhos e expandem-se. Ninguém o mandou colocar-se ao pé do lança-chamas. Não há testemunhas.

PS: os dois primeiros casos são adaptações livres de clássicos da medicina legal, lembrados por Funes, o tiú.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Don't forget to congratulate the Special One on his Birthday. Parabéns José Mourinho e arruma com o Sevilha

Ainda a propósito da barracada das eleições e dos leitores de chips, enfim, da tecnologia

Há dias que não consigo afastar este pensamento. Em tempos, estendidos na toalha ao sol, num dia ameno na praia, gozávamos os gajos que passavam com uma enorme aparelhagem em cima do ombro, colada ao ouvido, em altos berros. Mal sabíamos que o karma nos iria cair em cima, multiplicado por x.
Os tios e tias, primos e primas, e o povão em geral, independentemente da raça, idade ou credo, agoram andam com uma cena mais pequena, colada ao ouvido, ou com auricular, opcional, a falar aos berros, ou não, consoante a ocasião, a abanar o capacete, a ouvir música, aos berros ou não, consoante a ocasião, a ignorar a pessoa com quem estão a almoçar, a espatifar o carro da frente...,  a berrar para conseguir comunicar com os filhos, para não falar da radiação, cujos efeitos ninguém conhece, e dos prédios embelezados com umas avantesmas no topo. 
Evoluímos alguma coisa? Involuímos, manifestamente.
Mil vezes preferível o gajo da praia. Já ando atrás de uma aparelhagem dessas, o pior é que agora são nano e eu quero causar estrilho.
Se as eleições fossem à antiga,também ninguém sentiria falta dos leitores de chips para o Cartão do Cidadão. PQP, vou para uma comunidade amish, mas só se abrirem a excepção de me permitirem levar uma hiper, mega aparelhagem aos berros encostada ao ouvido, o que é pouco provável.