terça-feira, 28 de setembro de 2010
...e continuamos a ser a chacota do resto do mundo
Pena não haver nenhuma contenção
Rebi-o hoje mor mail. Não tarda está aí por todo o lado, por todo o mundo
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política
sábado, 25 de setembro de 2010
Dói menos de assim o desejarmos
Quando a conheci tinha ela mais de setenta anos. Aceitou contar a sua história para as minhas crónicas de jornalista recém licenciada. Na primeira pessoa do singular.
Nasci na Normandia, e ainda tenho seis irmãs, mas não se importam comigo, eu também nunca me queixo. Estão espalhadas por França e outros países, telefonam-me, às vezes, no Natal. Pode ser karma, sei lá, quando estava no topo do mundo não me preocupava muito com elas.
Cedo vim estudar para Paris e vivo neste apartamento precioso no centro, desde há 42 anos. É o meu refúgio, a minha casa, a única coisa que me resta, mais a minha dignidade e a minha vizinha que é muito minha amiga, arranja-me o cabelo todas as semanas.
Licenciei-me em Física e em Biologia, doutorei-me e Física e sempre trabalhei na Universidade e em várias empresas. Fui rica, pode-se dizer, inclusive cheguei a comprar uma casa em Ibiza. Adorável vivenda junto à praia com uma areia fina e um mar azul turquesa. Passava os meses de verão lá.
Fiz muitos amigos então, cheguei mesmo a ter um curto casamento. Mas a minha vida era o trabalho apaixonante que desenvolvia. Nunca tive filhos.
Um dia, do nada, tinha eu quase 50 anos, apareceu o pânico. Lembro-me como se fosse hoje. Estava no laboratório e tive que fugir, senão achei que morria. Os ataques sucederam-se, deram origem a ansiedade generalizada e a uma depressão endógena. Afastei-me de todos, tinha vergonha daquilo. Comecei a faltar. Ficava paralisada com o medo.
Poucos anos depois, fui dada como inválida para o trabalho e passei a receber uma pequena pensão.
Fui gastando as minhas economias, vendi a casa de Ibiza, o Mercedes de última geração, fui comendo as poupanças até me restar apenas a magra pensão da segurança social.
Continuo a vestir-me todos os dias com as roupas de alta costura que procurei conservar. A minha aparência é impecável, faço questão disso.
Mas os únicos afectos que me restam estão nesta casa de 40 metros quadrados, com esta soberba varanda numa das ruas mais chiques do centro de Paris. Cultivo ervas aromáticas na varanda, para dar sabor ao que encontro para comer.
A pensão de invalidez até agora dava para pagar a renda e sobravam-me 10 euros para o resto do mês. Mas agora nem isso, em breve vou ser despejada para uma habitação social, ou para um lar.
Todos os dias me visto impecavelmente e pego no carrinho de compras. Nas caixas do lixo das grandes superfícies encontro restos de batatas, cenouras, legumes amarelados, com isso faço sopas e alimento-me. Nos dias mais felizes encontro um pacote com chá. Carne deixei de trazer, ia morrendo intoxicada pro causa de um pedaço de carne que trouxe há uns meses.
Já tive que curar uma pneumonia, não sei bem como. Nas ruas de Paris faz muito frio de Inverno e eu tenho que ir aos caixotes do lixo diariamente para me alimentar. Tenho que chegar antes dos homens do lixo, para não passar fome. Muitos já me conhecem e são amáveis comigo, ajudam-me a chegar mais ao fundo para procurar qualquer coisa a que não chego com a minha baixa estatura.
Só a minha vizinha sabe. Ela também vive sozinha. Às vezes faz-me um bolo, para além de me arranjar o cabelo.
O resto do dia passo-o a ler os livros que conservo, releio muitos. Ou então vou para a varanda, tratar das minhas ervas aromáticas. Converso muito com elas.
Tento não pensar no amanhã, quando vier a ordem de despejo, já devo rendas há mais de seis meses.
Esta casa e eu somos uma só. Dói menos se não pensar no que aí vem. Dói menos se assim o desejarmos.
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necessidades
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Dói menos se...
Era já noite alta. O bom senso mandava dormir mas a irreverência adormecida há já algum tempo mandava que despertasse. Estava cansada de se ver definhar. Não foi preciso ir longe. A ajuda estava apenas à distância de um par de cliques. A sublime presença, a amizade que lhe dedicou desde o início fê-la renascer. Dois dedos de conversa e, por artes desconhecidas, os olhos abriram-se para o que sempre estivera à sua frente. Dói menos se assim o desejarmos. O remédio para a enfadonha mas mortífera moléstia não está senão no próprio querer. - “Não foram as circunstâncias do ambiente que te rodeia que mudaram, foste tu” – dissera-lhe ela.
O dia amanheceu alerta e disposto a percorrer o seu caminho. Bom dia, Alegria! Venham mais cinco, venham mais dez, venham quantos vierem que a pétala pode até murchar mas ficará para sempre o aroma do bem que fez enquanto viçosa. Obrigada amiga!
P.s: Saphou, isto foi com ela, podia ser contigo. Ela mandou dizer-te que dói menos se assim o desejarmos.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Ó faxavor, taxi,
leve-me até Poceirão, na zona do deserto Alcochete jamais, que eu quero apanhar o TGV para Madrid (talvez pernoite em Caia, para descansar, ou permanecer indefinidamente, até ao próximo troço). Naturalmente, quem vem de Madrid no TGV o que mais vai desejar é permanecer em Poceirão, porque Lisboa é muito longe. Poceirão será o novo centro de negócios do país.Poupa-se tempo de viagem.
Porquê Poceirão e não Rinchoa, dependendo dos dias, também a 50 minutos de Lisboa?
Porquê Poceirão e não Rinchoa, dependendo dos dias, também a 50 minutos de Lisboa?
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Socratices
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
foursquare
Quem não tem foursquare, é parolo, ignorante, ou pelintra, ou tudo junto!Saphou, na crista da onda virtual. Já agora, uma colecta para Saphou comprar um smartphone, please! É no interesse público. Como é que fomos capazes de viver sem foursquare até hoje, é uma questão que me atormenta o espírito.
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foursquare
terça-feira, 14 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
D. Rosa Sequeira
Já vos falei da D. Rosa? Ela existiu, embora agora tenha algumas dúvidas.
- Trabalhar e poupar manda o Salazar!
E grande gargalhada, lembram-se disto? Mas, eu já vos contei.
Era aquela senhora que me garantia ter chegado ao Porto, vinda do Brasil numa barca, ela, o marido na cadeira de rodas, a cadela e o homem do leme.
- Mas uma barca era uma coisa muito avançada menino, a maioria chegava de carro de bois.
No dia 15 de Agosto de 1950, não se lembram?
Como é que vocês podem ter esquecido a D. Rosa?!
Quando o Ministério Publico ordenou à Cuz vermelha que a levasse ao Hospital, e ela regressou pelo seu próprio pé, galgou o muro de 12 metros, e quando deram o alerta do seu desaparecimento, argumenta:
- Mas menino, eu estive lá horas e não fui atendida. Vim embora, vou medir a tensão amanha, a que horas ia fazer o jantar? Gosto de comer cedo.
- D. Rosa, a senhora ainda me vai estragar a vida.
- Ah isso não menino, a minha maquina de fazer malha estragou-se, nunca mais encontrei peças para a arranjar.
Como é possível, não se lembram mesmo?
- Vá menino, entre, venha tomar um chá com a velha.
- D. Rosa, a senhora não tem água para fazer chá, já não tem sequer electricidade, e isto D. Rosa vai ruir, a senhora tem que sair.
- Oh menino, parece impossível, é chá de garrafa!
- D. Rosa então, atira com pedras aos homens, não vê que caem do andaime?
- Oh menino, não vê que eu não acerto.
- D. Rosa amanha, vem aqui umas pessoas e vão leva-la, para sua segurança, o vão de escada já caiu.
- Não se preocupe menino. Quinta-feira é que, se tiver força, devo ir ao Pingo Doce, amanha, pode vir, que eu estou por aqui.
Não se lembram da D. Rosa?
É pena, queria saber se a tinham visto, soube que saiu numa maca, só 2 pessoas se atreveram a entrar, foi hospedada num lar. A casa está quase pronta. E desta vez, queria assistir à sua chegada.
- Entraram por aí dentro menino, com aqueles fatos à Armstrong, veja só, disfarçados de americanos, como se eu não soubesse que eram todos comunistas, peguei naquele estadulho, e comecei a gritar:
Parai de roubar, trabalhar e poupar manda o Salazar. E olhe, não houve 25 de Abril.
- Oh D. Rosa vinham ajudar, são os senhores da emergência.
- Emergência, emergência, é viver a vida sem aparência. Venha menino, tome um chá com a velha.
domingo, 12 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
Talvez a ti, talvez a mim.
Faz-me falta escrever mas não se mexem os dedos. Queria esboroar em palavras que falassem o que por cá dentro me vai mas têm sido esconsas as tentativas. Pus-me a ler palavras de outros tempos, reveladoras de outros estados de espírito ou talvez dos mesmo mas encapuzados, não sei. Senti saudades doridas, li as tuas palavras, Saphou, e doeu-me não te saber, não te ter em parte alguma. Todos os dias procuro. A vida tem destas viagens, idas e voltas e outras só idas. Estou cansada de procurar, pois pudera, se nem eu sei quem procuro. Talvez a ti, talvez a mim.
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saramaguices
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