A raiva é o reverso do medo. Quanto mais medo, mais raiva, quanto mais raiva, mais medo, e a bola de neve aumenta até à implosão ou explosão. O medo é a raiva reprimida. Duas faces de uma moeda. Se alguém se sente profundamente ferido, ou chora em silêncio num canto, ou leva tudo à frente. Em ambos os casos, são sentimentos densos, má vibração, que causa dano ao próprio, a ponto de ficar com infecções ou doenças mais graves.
Não a deixaram dormir. Entupida em comprimidos, foi deitar-se cedo, porque já não aguentava mais aquela gente. Mas às duas da manhã foi acordada por dois elefantes, e não podia entupir-se mais em comprimidos... ficou acordada até às 6 horas da manhã a olhar para o nada e a enraivecer-se, cada vez mais.....quando, finalmente adormeceu, foi de novo acordada pelos que têm actividades no turno da manhã, e a raiva foi crescendo, até começou a temê-la.
Decidiu tomar banho, mas só havia água fria, os do turno da manhã aqueceram-se com ela. A raiva tornou-se um furacão, era capaz de levar tudo à frente, matar sem remorso, dar cabo de tudo...se fosse psicopata. As vinganças imaginadas ficaram-lhe na raivosa mente a entupir o raciocínio.
Tentou almoçar, mas impediram-na, porque os tipos da noite, ainda a dormir, tinham prioridade.
A raiva apoderou-se dela definitivamente, começou a disparatar para todos os lados, com ou sem razão, que importava: não a tinham deixado dormir, tomar banho, nem almoçar....
À espera do AVC ou do enfarte, dado o estado alterado, olhou fixamente para a televisão.
No meio de um cenário de total destruição, viu crianças e adultos no Haiti, a sorrir com genuína alegria, por terem conseguido abarcar no colo bolachas vitaminadas e um pouco de água. Sorriam, apesar de terem perdido a casa, a família, os amigos, o país...
Sentiu-se o ser mais estúpido do universo e arredores, mas nem por isso a raiva acalmou. Apenas ficou com uma raiva calada, apática, à espera das réplicas que se iriam suceder.
11 comentários:
Costumo fugir do medo usando a raiva, tipo javali.
Quando não posso fugir mais, ataco.
Pois é...
Não sei...
A minha raiva nunca tem nada a ver com o medo
ou por outra, tenho é medo de desfazer alguém quando a raiva me invade
És uma resistente, nunca desistas.
Saphou, a raiva é destrutiva, eu bem sei. Mas destruição não é coisa boa. É reconfortante mas não é boa.
E depois? Depois há muitos tipos de sofrimento mas todos fazem doer, não é? Uma chatice, viver. Pior que isto só morrer, mesmo.
E às vezes penso se será de facto pior.
Mas os que me amam falam mais alto.
Sendo que hoje vender um produto é vender um sentimento, proponho-te que canalizes esse teu sentir, tão universal, para qualquer coisa que possamos produzir, nao importa o quê, apenas que conserve todo esse sentimento. Cafés e restaurantes e quintas não. Qualquer coisa, tipo, tambem sentes essa raiva hoje, essa solidao , essa frustação, essa vontade de dar corda aos penantes entao és do nosso estilo, compra XX , associa-te!
Ok vou-me embora, antes que comece para aqui a falar do sentimento que se segue a essa raiva, e que aparece sempre, ou quase sempre, na segunda feira.
Uma pessoa que caia aqui pela primeira vez terá toda a legitimidade em pensar que vives rodeada de inimigos e eu sei que não são. São pessoas que amas e que te amam. Não pode ser raiva.
Já pensaste em fazer os mesmos horários? Tipo quando uma mãe tem que dormir durante o dia porque sabe que o seu bébé estará acordado à noite?
Sao pessoas? Ora bolas , pensei ke eram alucinações. Sendo assim mais vale desistir do negocio, é muito corriqueiro, e depois é um mercado crescente, e a nossa representação seria pequena, era tipo vender colheres de sopa, num dá nada.
Alias oh Blimunda, desculpa mas desta vez, foste tu que te enganaste, desde quando medo e raiva e elefantes sao pessoas? Quê tipo Buda? !
Ora Saphou vamos lá fomentar a nossa iniciativa, estás a ver, isto é tao vendivel ke o produto até é associado a pessoas, pessoas com um determinado estilo, já agora temos ke associar um telemovel fashion ao anuncio do produto.
Desde os 51 anos que o meu pai, quando é contrariado, diz que sente uma pontada no coração, e avisa, quem insiste em o contrariar (e nunca param), que vai ter um ataque cardíaco. Já é assim há 35 anos, e Deus queira que assim continue por muitos mais anos. Isto, só para dizer à Saphpou que os prognósticos maléficos dela, dão saúde a quem os faz.
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