segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Postre?

O intemporal Sr. Casais, apostador quase a tempo inteiro no tempo áureo do tiro aos pombos, comia que nem um alarve e continuou um parolo simpático enriquecido em tempos como areeiro. Fazia parte da tribo onde eram bem aceites todos os que tivessem a mesma paixão: espatifar pombos saídos de uma aleatória caixa, num campo relvado, fossem doutores, engenheiros, condes, viscondes, comerciantes, latifundiários, agricultores ou industriais...casados, viúvos, divorciados e solteiros, homens, mulheres e nem por isso, a maior parte simultaneamente caçadores, e apostadores que não sabiam pegar numa arma, mas que davam a animação à selvajaria. Pelo Conde de Sória dou 5. E os dedos enchiam-se de pesetas. Falhou, pagavam cinco vezes mais a quem apostara. Matou, metiam as notas todas nos bolsos.
No jantar baile de encerramento do Tiro de Pichón de La Toja (A Toxa), no fausto do Grande Hotel, repetia a cada oferta dos impecáveis empregados:- tudo a que tenho direito. E conseguia comer, não sei como, porque não tinha dentes há anos, mas uma dentadura que não assentava lá muito bem.
O Hotel, com a sua a piscina aquecida de água salgada aveludada era, à época, das poucas construções da ilha, a par com o Campo de Golfe, a Piscina, o Casino, o Centro Termal, a Igreja das Conchas, o Hotel Louxo, meia dúzia de vivendas e, naturalmente, o Campo de Tiro de Pichón.
A ilha ainda não era visitada por dezenas de camionetas por dia, com grunhos e assim assim, que saem do Porto (ou de outras localidades) às 7 horas da manhã, dão a volta à Galiza e estão em casa à hora do jantar, tudo por vinte e cinco euros e com direito a uma surpresa especial que, suponho, será impingirem-lhes um trém de cozinha da Fátima Lopes, um faqueiro do António Tenente, um timesharing em Freixo de Espada à Cinta ou, para castigo mor, na Quarteira ou em Albufeira.
Era um paraíso de sossego dos que iam a termas, quebrado, de onde a onde, pelos folgazões do tiro e do golfe.
O jantar baile de entrega de prémios era de um esplendor à Ancién Regime.
As iguarias e os vestidos de gala atraíam a minha curiosidade entrada na adolescência, com direito a mesa junto dos outros da minha idade. Até tínhamos uma discoteca depois do jantar e baile de gala, onde fazia sucesso o Pedro, uns anos mais velho, lindo de morrer, que veio mesmo a morrer nos seus 19 anos, quando um camião resolveu fazer marcha-atrás numa das madrugadas de nevoeiro na entrada da auto-estrada em Leixões...mas nesse tempo era um adolescente de 14 anos que atraía as atenções das niñas, portuguesas, espanholas e italianas, e estava ali de copo na mão a dançar, como todos nós, e até falava e ria comigo, fazendo-me corar pela honra.
Chegada a hora da sobremesa, o Sr. Casais parecia que rebentava de vermelho empanturrado pelos aperitivos, entradas diversas de marisco, prato de peixe e prato de carne, com todas as repetições a que tinha direito.
O empregado, delicadamente, perguntou:-Postre?
-O quê, ostras a esta hora?

7 comentários:

privada disse...

Bem espero ke Lanzada este ano continue pouco frekentada, pk nao ha guito para ir mais longe. E acredite minha kerida Saphou que Postre e tabelas continuam a dar que falar na actualidade:-))))))
Continua a haver discoteca, agora há kart tbm, pesca submarina, mergulho, bodyboard... é uma zona muito calma

saphou disse...

Adoro a Lanzada e as praias mais pequenas ao lado. Continuei a ir lá até há três anos atrás. Era como cumprir um ritual. Tenho saudades de um restaurante onde comia perto da entrada da ponte...mas desde que o mei pai morreu não consigo ir.

Anónimo disse...

Cinco estrelas Saphouzinha.

privada disse...

tbm nao vou há 2 anos, o k é facto é k as ideias e o interior nao melhoraram, por isso este ano Saphou regresso a Lanzada, k mais nao seja para encerrar um capitulo. Vou vou vou!!!!!!
Mt interessante esta coincidencia. :-))))

privada disse...

Nao sei ke se passa mas ultimamente tenho medo de ir de férias, estoi doido

saphou disse...

Eu tenho medo dos três fs.

privada disse...

3 f???