sexta-feira, 24 de julho de 2009

Homenagem ao leitor apressado

"Quem nos ensinará a "colocar" a atenção? Há uma altura a partir da qual tudo muda de velocidade. Eu não sou, neste trabalho, um desses escritores que desejam conservar o leitor a seu lado o mais tempo possível, entretendo-o. Nada para o sono, tudo para o despertar. Despachem-se, escolham e partam! Lá fora há uma ocupação. Se for preciso, saltem capítulos, comecem por onde lhes apetecer, leiam em diagonal: isto é um instrumento com múltiplas aplicações, como a faca dos campistas. Por exemplo, se receiam chegar tarde demais ao âmago do assunto que lhes interessa, saltem estas primeiras páginas.
Saibam apenas que elas dão a conhecer a forma como o século XIX fechou as portas à realidade fantástica do homem, do mundo, do Universo; a maneira como o século XX as reabre, e como as nossas leis morais, as nossas filosofias e a nossa sociologia, que deviam ser contemporâneas do futuro, não o são, continuando acorrentadas a esse caduco século XIX. Não foi lançada a ponte entre a época das espingardas e a dos foguetões, mas pensa-se nisso. É para que se pense ainda mais que nós escrevemos. Apressados como estamos, não é sobre o passado que choramos, é sobre o presente, e com impaciência.
Pronto. Já sabem o bastante para poderem folhear rapidamente este início se for necessário, e ler mais adiante."
In O Despertar dos Magicos, Pawels e Bergier

2 comentários:

Blimunda disse...

Agora não posso. Estou com pressa.

Argonauta disse...

Vale a pena ler, sem pressa...