quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ferias Grandes IV

Era Domingo. O Gaspar chegou no seu Renault Fuego, amarelo cor do sol, todo quitado. Os meus avós acertaram-me um cachaço para ir tirar as penas que trazia na cabeça e vestir-me em condições, o que incluía lavar a cara e correram de braços abertos para as visitas. O Gaspar gritou ao Jorge que lhe trazia uma surpresa.
Os dois ali na porta, nunca fomos tão cúmplices, sabíamos que o nosso pesadelo tinha começado. O coração dele batia e o meu também. Sem mais, corri para agarrar o meu alvo de setas francês, que escondi debaixo da cama, dentro do meu saco à Sport Billy. Ele de mãos enfiadas nas traseiras das Liberto brancas oferecidas pela Espanhola, nem se mexeu, estava petrificado.

A minha avó quase usou o esfregão verde para me tirar o sarro das bentas , pôs-me uma risca ao lado e o cabelo colado ao crânio, passei de Indio a Ministro antes de me sentar à mesa . O meu avô só queria saber novidades do menino da terra do vinho fino, quando quem era da terra do vinho fino era eu.
A namorada do Tio Jorge era interessante, nunca tinha visto umas mamas assim, mexiam-se sozinhas e faziam pregas na blusa. Engolia uma garfada de salada e aquilo tremia. Passei o almoço a olhar para ela, assim evitava encarar o embirrento, de camisinha branca e calções pelo joelho, o meu primo - O teu priminho da Régua. Vês como se porta bem, sempre colado ao braço da mãe.

O Tio Jorge detestou a comida, estava salgada, eu comi bem, gostava das costeletas do Barroso, fazíamos grandes churrascadas eu e o meu avô, agora com aquele empecilho, tudo seria diferente. - Privada deixa estar aí o teu primo. - No meu banco, o banco que eles tinham construído para mim.

Começaram a perguntar pelos meus pais, e isto e aquilo, e o Porto. Vim fazer companhia ao Tio Jorge e mais uma vez o epíteto de menino mal-educado que se levanta da mesa. Pois, mas o priminho nem com talheres sabia comer. - Cala-te Privada, hoje não vais à Barragem! O Tio Jorge não me apoiou. Estava pior de que eu.

A namorada ali oficializava a relação. Ela só tinha conhecido o Jorge - diziam. E era capaz de ser verdade, só por aí se justificava querer algum dia casar com um estreloucado daqueles. Sem património, sem juízo e sem ideologia. Um bloquista dos anos 80. O Gaspar começou a falar das boas intenções do seu sogro, pai da namorada do Tio Jorge. O avô promoveu-o naquele dia, de vagabundo que vivia de noite e dormia de dia, a grande padeiro, um homem bom, de juízo, cujo único sonho era ter uma família e uma casa própria. Fiquei pasmado, sempre pensei que o sonho dele era uma moto de pista.

Olhei em jeito de interrogação, mas ele não dizia nada. Como de costume às 3 horas apareceu a Espanhola de calções e biquini, acompanhada do rancho de espanholitos com quem eu seguiria para a Barragem. Podia ser que juntos conseguíssemos afogar o meu primo.

Sei o que estão a pensar: Neste momento a miúda da Régua acerta um estalo seco no Tio Jorge, com uma voz grave e profunda, chama-lhe Traidor, e sai. E já agora leva o empecilho.
Não. A relação com a Espanhola era uma relação colorida. No Verão amavam-se e pronto. Espanha era já na altura um país de orgasmos. Hoje esta afirmação não espanta, ate os jogadores de futebol são bonitos, mas foi naquele tempo que os Espanhóis começaram a construir o paraíso. Não se passou nada. A Espanhola cumprimentou todos com entusiasmo, fomos para a barragem e passado umas horas o Tio Jorge foi lá ter. O empecilho era mais esperto do que eu imaginava, não foi, não sabia nadar o menino, e a barragem era perigosa. Mas o dia não terminava ali…

10 comentários:

Blimunda disse...

E que raio de parentesco tinha a mulher das mamas gelatinosas com o Gaspar e o priminho e estes dois entre si? Não sei porquê, mas os teus romances apresentam-se-me sempre com um "q" de promiscuidade familiar!

privada disse...

Buaa tu nao leste os capitulos anteriores! A mulher é cunhada do Gaspar, que é pai do priminho e irmão do Tio Jorge.
Tens razao pá, tenho ke começar isto de novo. As personagens nao me estao a sair bem.

Blimunda disse...

Ai desculpa, filho! Li, li! A minha cabeça é que anda nas nuvens!

João Rito disse...

Olha o Privada armado em escritor! Continuas o mesmo sapateiro, carago! Vai ao email.

Blimunda disse...

Quésta merda, Pri?!!!Rito? Dass!!!! Não respondas, não respondas, pá! Nunca se sabe!

privada disse...

Ei pá como é ke advinhaste ke estava a falar de ti, telapatia?!

Camaradas apresento-vos o meu primo, yeah, o tal, João Rito, porque Rico nao aceitavam no sobrenome. Não se preocupem k lá nos securitas não o deixam practicamente usar a net.

Sê bem vindo, como vês estou aqui no blog de 2 escritoras conceituadas, a vida tem me corrido bem, é assim para quem se esforça. Vai dando noticias.

Blimunda nem me digas nada.

Blimunda disse...

Não posso! O tal que não afogaste por se manifestar mais esperto do que tu? Afoga-o agora, pá! Convida-o cá para casa que damos um jeito na banheira. Com nome de embaixador não deve ir longe!

privada disse...

Sempre foi um estraga historias, ia afoga-lo no proximo episodio numa queda fantastica no corgo, em k ele gritava sufocado e me pedia perdão. Agora vou manda-lo de volta para a Régua. :-))

Está a chover aki, está triste isto.

João Rito disse...

Parabéns à equipa pelo blog. Cuidado o Privada tem mais de 50 primos, afogados pela blogoesfera.

Blimunda disse...

Suponho, primo Rito, que todos com a não permissão ade acesso ao perfil activada!