terça-feira, 21 de julho de 2009

Conto obrigatório na Pré-primária, ou de como a vingança se serve fria

Hoje à noite deu-me para fazer um conto. Mas a coisa saiu tão estranha que não o vou assinar com o meu nome, fica anónimo, assim não passo por vergonhas. Também posso usar o pseudónimo de Toninho Cardosão, Arsénio Podia Ser, ou até Funes.

Deixo à vossa apreciação.

Era uma vez um senhor muito rico que tinha três filhos: o Chanfras, o Tronchas e o Gordunhas.
Quando o pai morreu, deixou aos filhos um gato, uma foice e uma burra.
O Chanfras, que não regulava bem, reclamou logo para si o gato. Os outros concordaram e ele saiu para a rua todo contente a cantar que era o Marquês de Carabás e que ia casar com uma bela e riquíssima princesa. Levou o gato à primeira sapataria que encontrou e tentou enfiá-lo num par de botas. Como é natural, o gato assustou-se e começou a arranhar tudo à sua volta. Por desgraça, nos seus movimentos de felino acossado, acabou por arrancar um olho ao dono. O sapateiro chamou o 112 que levou o infeliz Chanfras às urgências do hospital mais próximo, de onde saiu internado para um asilo de alienados.
Não melhor sorte teve o Tronchas. Como era o mais atilado dos filhos do senhor muito rico, percebeu bem que a foice era o único legado que não tinha boca e que não dava despesas. Reclamou-a para si, com a ideia firme de a vender a um qualquer ceifeiro. Se bem o pensou, melhor o fez. Com a foice em seu poder, dirigiu-se ao Baleizão e começou a perguntar de porta em porta se alguém queria comprar uma foice. Contudo, ninguém na terra sabia que instrumento era aquele e todos o mandavam embora, cuidando que ele os queria roubar, como aquela senhora que tinham visto no telejornal da RTP e que dizia que era dos serviços sociais, para melhor lhes captar a confiança. Só mais tarde, em Trigaches, é que encontrou um velhote que se lembrava do que era uma foice, mas que lhe perguntou: "ó homenzinho, para que quero eu essa merda?". Ao Tronchas ocorreu-lhe então que talvez o Partido Comunista lhe comprasse a alfaia e dirigiu-se ao centro de trabalho do partido na cidade de Beja. Mas também aí ninguém sabia o que era uma foice. Desiludido entrou num café um pediu um bagaço. E atrás desse outro e mais outro. Ao fim de muitos bagaços, completamente bêbado, travou-se de razões com outro bêbado do mesmo café. No meio da discussão - que ninguém se lembra já como começou - o Tronchas pegou na foice que tinha deixado em cima do tampo de mármore da mesa e cravou-a na carótida do outro que caiu logo no meio do chão, a espichar sangue até ao tecto. Morreu em poucos segundos. Ora, este outro não era senão um judeu do "Centro Simon Wiesenthal" que andava no Alentejo a caçar nazis escondidos da segunda guerra. Foi um azar dos diabos. A Mossad meteu-se ao barulho, raptou o Tronchas e fê-lo julgar em Tel Aviv, pelo crime de genocídio. Foi condenado a 370 anos de trabalhos forçados. Hoje, parte pedra 16 horas por dia no deserto do Negev e só consegue sobreviver escondendo umas pequenas pedritas nos bolsos do uniforme que vende à noite aos prisioneiros do Hamas, para eles fazerem umas intifadas ao fim-de-semana.
Ficou o Gordunhas com a burra. Tinha lido num livro que uma puta romana chamada Messalina se banhava em leite daquele animal, para ficar com a pele mais macia. Lembrou-se então que podia ganhar muito dinheiro a vender leite de burra às raparigas da freguesia que gostavam de ir à sexta a noite à discoteca, para serem apalpadas. "Aposto que elas são mais e melhor apalpadas, se tiverem a pele macia" - pensou para com os seus botões. E foi logo buscar um banco com a ideia de ordenhar a burra. Só que a burra não tinha leite e o Godunhas não percebia nada de ordenhas. Estupidamente, sentou-se atrás da burra e mal lhe passou a mão pelas tetas levou um tremendo coice na cabeça que o mandou em coma para o hospital.
- Teve sorte - exclamou o médico que o examinou - se em vez de estar sentado, estivesse de pé, levava o coice nos tomates.
E ria-se muito, enquanto arrancava pequenos pedaços do osso frontal do Gordunhas que se lhe tinham enterrado no cérebro.

6 comentários:

mac disse...

De quem era a vingança?

mac disse...

Saphou, 57 países, 3 visitantes da Arábia Saudita, 3 da Turquia, 2 da Coreia do Sul e 1 da Europa?!?

Tem de me ensinar o caminho das pedras.

saphou disse...

A vingança é minha mac, porque Funes colocou-me em tribunal, como poderá ver no blog do vice, no poema que ele diz ter criado um dia de manhã, de Ricardo Reis.

Sr. Víctor disse...

Adorei o conto, embora esteja mal escrito.
Quem é o autor da derivação?

Blimunda disse...

Esta foi bem feita!

SAPHADA disse...

É anónimo.