segunda-feira, 20 de abril de 2009

Suspeito

que Vital Moreira, pelo tom de voz baixo e arrastado, pela pronúnxia e pelo ar ensonado depois das 22h, tenha estudado num seminário. O tom de voz usual dos deputados causa-lhe, por certo, enxaquecas. Os tipos gritam demais. Então, quando guincha a Ilda Figueiredo, vestida de alface, há que tomar de imediato um Tramal. Mas é interessante, do ponto de vista psicológico, ver o Professor Doutor colocar o pupilo Rangel na linha, dizendo, inclusive, "que o julgava um jurista com algum mérito", que "é muito apressado a apreciar os factos", que julgava que ele "conhecia algo da história da ética republicana", entre outras. O homem domina Rangel, mesmo falando baixinho e não dizendo nada de jeito. Fala da cátedra coimbrã. Não interessa o conteúdo. O público delira. O académico consegue descontrolar Paulo Rangel, que demonstra um inesperado inconsciente temor reverencial e não domina o discurso como tão habilmente faz frente ao "Engenheiro" e como lhe é habitual. Força Paulo! Mas não. Tal como o camaleão, Vital Moreira está sempre parado e preparado para enrolar aquela presa. A irmã da Amélia desespera e pede que o público não aplauda. Isto hoje está com piada. Apenas Miguel Portas, que se está nas tintas para as cátedras coimbrãs, dá luta e ultrapassa o pseudo seminarista. Trata-o por tu, acusa-o de demagógico e manda-o ler o Tratado de Lisboa. Atinge o auge quando afirma: "Vai ler o Tratado, pá!". Isto, mesmo com a dor de cabeça provocada pelos guinchos de Ilda Figueiredo ao lado. Vital Moreira sabe que com este não tem hipótese: cala-se, recolhe ao canto. O importante, de quaqluer forma, era atingir o pupilo. Nuno Melo tem a sua graça e não teme, manda umas bocas com sotaque do noarte. Vá lá Paulo Rangel, mostre o seu valor. Tome um tónico. Marimbe-se para o peso da Universidade de Coimbra. Não tem nada a temer. E não lhe fica bem recorrer ao expediente fácil de que Vital Moreira usa a técnica estalinista. Nem os expedientes fáceis lhe são habituais. Até agora, lamento, mas Paulo Rangel 0 - Vital Moreira 1. O próprio Rangel reconhece que Vital Moreira é especilista na guerrilha das palavras. O complexo universitário é tramado. O Professor Doutor passou o tempo todo a puxar as orelhas ao licenciado, e este não conseguiu evitar.

6 comentários:

100anos disse...

Aqui no meu refúgio alentejano não vi debate nenhum.
Mas sempre lhe digo que o avô cantigas já só sabe dizer lugares comuns - a sorte dele é que ninguém lhe dá a resposta adequada no momento certo - por exemplo, a essa boca ao Rangel sobre o julgar um jurista com algum mérito a resposta certa era "pois eu já não posso dizer o mesmo do senhor, já que não me lembro da data em que vi algum texto jurídico seu publicado".
O Vital é um balão cheio de vento - lixa-se com F grande no dia em que apanhar alguém com um alfinete na mão e vontade de o usar.

António Conceição disse...

Suspeito que 100anos tem razão.

Anónimo disse...

É o domínio da Universidade de Coimbra, caraças.

Blimunda disse...

Eu não relataria melhor aquilo que me pareceu uma luta de garnizos Destaca-se, sem dúvida, o inalterável monocórdico tom de Moreira contrastando com o timbre de copos e tabaco de Portas gritando "Ó Ilda, tira os putos da barraca", enquanto que Rangel puxa da sua rebelde insubserviência e sede de protagonismo para atacar o jurista. Melo nem vai à bola nem deixa de ir. A irmã do Amélia mostra-se, a cada dia que passa, menos eficiente. Quanto ao tema e aos substânciais e aos eventuais esclarecimentos retirados do debate – O

AR disse...

Pró PS: vírus vital
Contra PS: vital vírus

AR disse...

O Vital aceitou reformar-se na Europa, porque (acha que) merece.

Ah, dembular pelas livrarias e boulevards, casaquinho de malha, croissants quentinhos cheta gorda na algibeira...oh, la bonne chance du veillard...!
Et puis:
Un veillard qui meurt, c'est comme une bibliothèque qui brûle !