Grécia? Pfffffffffffffff
OK. Eu conto. Estou em Atenas poluída, é sexta-feira, só há carros de
matrícula par. Senão não se respira naquela (pi). Época recente, mas era
pré-eBay. Acabou a conferência. Entro numa fancy shop. Vou comprar uma
Louis Vuitton. Porquê? Porque faz parte do sonho bacoco da classe média
em vias de extinção. Nem gosto delas, sequer. Prefiro a Bimba y Lolla,
tem mais salero.
Enfim, como não há preços (montra em execução?)
pergunto ao Oikos Panatinaikus, que simpaticamente me atende, o preço.
Uiiiiiiiiiiii! Não andei a roubar bancos, nem mesmo a caixa das esmolas
de todas as Igrejas de Braga.
Não obrigada. Mas o gajo insiste. Não
posso, no money no vice, como dizem em Portugal. Hasta
luego...preparo-me para sair e ele chama-me e leva-me pela mão para um
local mais secreto (mas os 50 momentos... ainda não tinham sido
escritos, nem havia 47.000 portugueses otários a fazer fila para a
estreia e a comprar bilhetes no OLX, pelo triplo do bilhete).
Não se
preocupe, diz o Oikos. Temos estas aqui. Nem se nota a diferença e
custam um quarto do preço. São replicas perfeitas aqui da Turquia. Mas
vocês não são os representantes da Louis Vuitton aqui em Atenas? Sim,
mas não importa, desde que eles não saibam. E sorri. Não é perfeita? 200
euros, só por ser tão simpática. We have a deal. Ok. Mas só em dinheiro
e sem recibo. Claro, no problemo. Levo duas.
Depois a recepcionista
do hotel, que se está a ver grega, conta-me que é usual não participar
os óbitos para continuarem a receber o fundo de desemprego e também que a
ligação directa a electricidade da rua é prática corrente.
Ser
assim aldrabão e não pagar faz parte da nossa maneira de estar na vida, é
genético. Muitas pessoas podem pagar as contas, mas não o fazem,
acrescenta.
Por isso, não me venham com merdas e tentar comparar os
gregos com os portugueses, nós somos os palermas que dobram o pijaminha e
estão na fila da frente a levantar a mão para responder ao Prof. que
queria que o deixassem dormir.
A Grécia está-se a ver grega porque é a Grécia. E ainda por cima ganharam-nos no Euro 2004. Twice. Bastards!
Esperemos que não arraste toda a gente na arca das alianças com a extrema-direita. Lembrem-se da história recente, 39-45.
E agora Bom Dia para Vossas Mercês porque aqui a Maria tem que se
levantar porque pica o ponto às 8h 30m. Mais uma directa. Já pareço a
Mrs Adams.
Mais tarde espero contar como os chineses aceitam devoluções em 15 dias no comércio à distância. Hilariante.
Não muito editado porque não estou para isso e faço parte da tertulia
da vírgula, onde só há uma regra: não separar com vírgula o sujeito do
predicado. E viva a rebaldaria e que reine a anarquia.
Agora vou para o Paraíso.
E a Grécia? A Grécia, à parte as ruínas de uma grande civilização,
traduz-se em queijo de cabra cortado aos bocados, oliveiras,
azeitonas,alface duvidosa e ruínas. Típica contretização da quarta ou
quinta geração de uma família ilustre e culta.
O avô era um respeitado e culto filósofo.
O filho continuou a seguir a trilha do pai, mas numa versão diferente. Passou de pitagórico a epicurista.
O neto começou a delapidar o património. O bisneto viveu dos
rendimentos que restaram porque o neto quinou de peste bubónica ainda
aos 19 e o trisneto fuma marijuana desde os 7 anos e aos 15 é um
criminoso viciado no crack. Será que o quadrineto vai salvar esta merda?
A coisa é cíclica...Perguntem a um vidente. Mas, nas familias é normal
aparecer um redemptor. PODEMOS? no me preguntes a mi!
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