O inicio da queima inquisitorial começava com um cortejo de antigos alunos na rua da Junta de Freguesia, mesmo colada ao cemitério. Ela hesitara em ir ver, porque não lhe despertava particular interesse. Tinha vivido intensamente 10 anos de queima das bruxas e feiticeiros e já estava farta.
Lembrava-se que começava com o desenterrar dos mortos sem extrema unção e a preparação dos caixões.
Lembrava-se que começava com o desenterrar dos mortos sem extrema unção e a preparação dos caixões.
Num impulso, no entanto, decidiu ir. Apressou-se. O cortejo já estava a começar.
Chegou e obteve um lugar privilegiado mesmo na rua em frente, que contornava o cemitério.
Os caixões já tinham começado a desfilar: uns castanho-escuro, outros creme, outros brancos, apenas um dourado e um vaso de um cremado. Ela achou estranho não estar mais ninguém a assistir. Voltou para casa no final. Muito poucos este ano. Uma pobreza. A Academia já não sabia fazer as coisas. Parece que os mantinha todos vivos.
A dada altura, começou a ouvir barulhos estranhos do lado de fora da porta do seu quarto, a meio da noite. Pareciam ser de madeira a raspar nas paredes.
Pediu ao companheiro para ver o que se passava, com o coração a saltar-lhe pela boca. Cada vez roçavam mais na porta e temia pelos que dormiam em outros pontos da casa.
-Podes ver o que se passa?
Ele acordou ensonado. Indiferente, abriu a porta e espreitou.
Ousou espreitar com ele: no corredor estreito, desfilavam caixões uns atrás dos outros, a flutuar, e vinha um homem com eles.
Ela fugiu para debaixo dos lençóis.Mas ele disse indiferente:
-´E apenas o vizinho que morreu há dez anos e foi encontrado no mês passado, a avisar que deixamos a porta do prédio por trancar, contra as regras do condomínio e não podemos esquecer a onda de assaltos que se tem verificado na rua desde que começou o congresso do PS, aqui mesmo ao lado.
Acordou, ainda era noite. Estava toda a suar. Petrificada. E se o Teixeirinha estivesse mesmo ali na porta do seu quarto a diminuir-lhe mais 5% no salário em atraso.., orçamentado com as vestes do FMI, em parceria público-privada com paramentos da Santa Igreja Romana Apostólica?
6 comentários:
Se o Teixeirinha estivesse mesmo ali atiravas-lhe com um pdf para cima. Quem sabe ele se contentava em convertê-lo em jpeg e ia embora feliz e contente.
Desta vez ninguém me leva a melhor. Quero o dos tons azuis e verdes.
ahhahahahahhah Boa
Não, azul é para dragonas
A privada tb pode usar azul
Ficas com o rosa fucsia, mui de moda
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