Ela sentou-se e começou a escrever:
Para os meus filhos, com todo o meu carinho:
Não tenho nada para dar
Estou vazia de alegria
As minhas entranhas são
tristeza e amargura
Adoro-vos.
Mas não vos sirvo para nada
Só vos prejudico.
Sou culpada.
Sim. Culpada.
Culpada de não sofrer calada,
Culpada de não encarar a vida de frente,
Culpada da solidão a que me entreguei,
Culpada de estar doente,
Culpada de sentir saudades da minha infância,
Culpada dos carinhos que não tenho,
Culpada dos sonhos que ficaram para trás,
Culpada do MEDO
que me tolhe
e não me deixa viver.
Sou Ré. Culpada.
Mereço a pena que me derem lá do Alto
ou lá do baixo.
Culpada.
Culpada.
Culpada.
Dobrou a carta, calmamente, pegou na velha pistola que já era do seu avô, meteu-a dentro da boca. Ninguém ouviu o disparo.
28 comentários:
Credo, por favor não me assuste, olhe que eu morro do coração!
Com os comentários animadores que li em baixo, fica-se em baixo, realmente...
A doença de Méniere não é nada de especial, é mais ou menos como um nível de bolha nas mãos do Funes...
Tinham passado 3 dias sobre o seu funeral. Os corpos arrastavam-se pela casa lamentando o tempo perdido. Sentado no ultimo degrau o filho, segurava a correspondencia do dia.
Uma carta selada da Venezuela, dirigida a ela, só a ela, orque depois dela ninguem mais habitava aquela casa.
Hesitou, não sabia o que fazer, dentro dele uma vontade infinita de redescobrir aquela mulher. A carta chegava tarde, não lha podia entregar mas tbm não a podia devolver.
Era uma carta personalizada, pensou em abrir e quem sabe responder, em nome dela, como se ela fosse, ou se ele fosse o que dela restou.
Subiu para o quarto dela com o envelope. Não estava mais ninguem em casa.
Mofina, ela não tinha doença de Méniere.
Privada, isso é violação da privacidade!
A mãe, em toda a sua ausência de morta, lançou uma gargalhada de escárnio e revelou-lhe toda a verdade: NÃO ÉS MEU FILHO.
Virou-se rapidamente em todas as direcções, de onde vinha aquela voz, agora clara e certa como a da sua mãe nunca foi.
O pai abriu a porta. - Foste tu que disseste isso? - perguntou-lhe em jeito de furia.
- Filho calma . - respondeu ele, era imensa a dor que o consumia a ele tambem, parecia um charro todo ele derretia.
- Não me convences, ouviste. Nem me toques. Ainda me has de explicar porque é que a porta estava trancada naquele dia, foste tu que a fechaste aqui - acusou - E a cadeira , porque é a mae iria por duas cadeiras em frente ao tocador?
- Filho... não vsite no correio hoje uma carta da Venezuela?
Eu sabia, velho infame, mataste a mamã para ficar com o dinheiro que ela tinha na Costa Rica. Não tentes negar que não sabias de tais negócios!
Mas agora, tenho tudo nas minhas mãos...
E a pistola na boca
é a saída fácil para
toda esta culpa?
Nao venhas com essa que a mae não era de saidas faceis!
- Meu filho tens que a calar a dor , tu sabes...
- Largue-me deixe-me, nunca mais me toque ouviu?! As suas mãos ainda cheiram a polvora.
- Se eu te explicasse tu não ias entender, o nosso amor era assim, tu um dia... eu nunca faria isso
- Cale-se, a sua cegueira o seu ciume, foi isso que matou, não precisaba sequer de arma, voce esquece meu pai, que o ciume é uma faca de 2 gumes
- Meu filho que me dera poder ajudar-te, diz me a carta, recebeste a carta
- Mas que merda tem a carta, a carta é para a mae e que eu saiba graças a si , ela já cá não esta
- Sim, meu pai, confesso... oh, quanta dor! Mas, vamos é dividir a coisa a meio, topas?
— Por quem me tomas, desgraçado?...
- Quer ficar com tudo para si! Voce sempre foi assim, tudo ou nada. Pois no patrimonio da minha mãe não mexe!
- Dá-me a carta que já te explico, não é o que estas a pensar, deixa que te poupe a isto, confia em mim, pro favor confia neste velho que já não vale nada.
- Confiar em si? Como a mãe confiou? O que é que o pai percebe de confiança? Quantos dias ela chorou por um aconchego, por uma parede para se encontar e o pai que fazia? Embargava obras , ou pensa que não me lembro.
- Senta-te vamos ler juntos a carta... não chores, vais ver que vais entender.
- A mae morreu para fugir de si, ouviu ?!
- Senta-te deixa que te mostre
O olhar dele era agora gelido focado na parede, sabia que a partir dali teria de ser pai e mae daqueles jovens. Cada um no seu lugar e um lugar para cada um. Nao lhe saía da cabeça a frase.
O Porto era um cidade bonita.
O jovem rasgou a carta. Era de uma mulher, Laura Valle. Nem queria acreditar no que lia.
— Mas que embuste vem a ser este? — A mãe, encostada a ombreira da porta, fumava com a fúria estampada no rosto. — Laura Valle és mi nombre!
Pasmados fitaram-se nos olhos e de um só salto postraram o joelho esquerdo no pavimento, que era de soalho de castanho, e qual violino no telhado, de mãos erguidas ao alto rosto virado para a esquerda, pareciam ensiado pensava ela , enquanto eles redopiavam pelo quarto em passos nunca dantes imaginados e vozes que nem ela propria lhes reconhecia
- Oh mama mia Mamma mia here we go again, my my how can we resist you, yes we been broken hearted, blue since the day you parted
- why why we let you go!
mamma mia, now we really know! Oh Oh we can resist you ! Oh Oh
Larga já a playstation, Alfredo Maria!
- Volto eu para isto? Para continuarem com os v. jogos electronicos e blogs neodepressivos? Calma??? Como posso ter calma, ninguem entende a minha solidão???
- A seguir vem uma que pode cantar, mae, tenha calma fogo, tá sempre a stressar, o pai tem razão fume um charro
- Charros é isso, são essas palavras que voces tem para mim, pois entao vou reiventar a historia e desta vez morrem voces
Quero saber quem é que rasgou a carta, sabendo que o papel higiénico tinha acabado, logo hoje que o linguado ao Méniere, me deu volta à tripa
o que para aqui vai. Assaltaram o blog? Ninguém reparou que não se ouviu o disparo? O final é aberto: não se ouviu porque ela não chegou a disparar; ou, não se ouviu porque não estava lá ninguém!
Todavia, todos assumiram a morte da mulher vazia e fizeram este forrobódó!
Que tragico!!!!! Tudo isso eh por causa da depressao (economica, nao biologica)?
Tem ou não tem uns amigos capazes de superiorizar o La Feria, esperamos que esteja mais animada caso contrario vou já buscar o meu manual de relações conjugais e o amor
Para si tudo
Mofina acho que temos que okupar o Rivoli, aí é ke esta cidade veria o ke é espetaculo
Ke anda a fazer agora os links nao dao, ai ai nao sei se nao me arrependo da historia
obrigada a todos mil beijos
Quem disse que a amizade virtual não é fundamental?
já arranjou os links vou me embora :-)
Não percebi a história dos links.O que é que estava mal?
manual das relações conjugais e o amor, privada? Não são simplesmente incompatíveis? Tudo se resume a uma frase.
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