É uma discriminação ser feriado no dia 25 de Dezembro. Portugal é um país laico. Ou há feriados para todos os dias importantes de todas as religiões, ou não há feriados para ninguém. O melhor é haver feriados para todos, já que somos um país parco em festividades (compare-se com a Alemanha, por exemplo). Todavia, os ateus deverão ir trabalhar nesses dias, para serem coerentes. Se as empresas estiverem fechadas, deverão prestar trabalho comunitário.
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
Quanto ao número de feriados por religião, resultaria de estatísticas: o número de feriados seria proporcional ao número de crentes (mas crentes praticantes ou só crentes? Mais um problema delicado).
A questão das seitas é duvidosa e levanta o debate profundo sobre a diferenciação entre uma religião e uma seita. O tema deverá ser tratado em sede parlamentar, com comissões especializadas.
Também são discriminatórios os enfeites de Natal em lugares públicos, podendo causar graves traumas em hindús, muçulmanos e judeus, nomeadamente. Ou há enfeites públicos para todos, ou não há enfeites para ninguém. Quanto aos ateus, como não acreditam no Além, não nos parece que sejam afectados. Levam, portanto, com os enfeites em cima. Tanto lhes faz que sejam Pais Natal ou Anões de Jardim. É apenas uma questão estética.
Nada de Presépios nas escolas do Estado, nem festas ou Árvores de Natal em locais públicos, sejam árvores normais, Samsung ou Zon, para não traumatizar as crianças, adolescentes e adultos de outras religiões. Os ateus terão direito de objectar a participação nos eventos religiosos de qualquer tipo.
As iluminações natalícias caseiras são outra questão de relevo, quando atinjam o espaço público. É duvidoso se será legal o vizinho judeu ter que gramar com o Pai Natal que trepa a varanda do 3º Direito/Frente. Ou o muçulmano do 2º Esquerdo ter que passar pelo Rudolfo sempre que entra no prédio.
É lamentável que uma questão tão fracturante este ano ainda não tenha surgido. No ano passado não escapou (sobretudo no país vizinho), mas aqui todos assobiaram para o lado.
As próprias férias de Natal, inclusive judiciais, levantam questões de inconstitutionalidade. Não sei como é que nenhum magistrado não levantou ainda o véu.
Alguém do Bloco de Esquerda deveria começar já a intentar providências cautelares. Não porque acreditem no Além, mas em nome dos crentes não cristãos oprimidos pelo Natal.
Acrescento que nos EUA, país sempre na vanguarda (resta saber de quê), já não é politicamente correcto dizer "Merry Christmas". Um tipo prevenido e sensato diz "Happy Holidays".
11 comentários:
Complicado.
Embora (supostamente) o estado seja laico, em a maioria da população ser cliente de uma religião, seja ela cristianismo, marianismo (a igreja romana!), judaísmo, islamismo, etc, etc... justifica a observância das datas "sacras" dessa religião.
Se eu sou um cristão num país onde a maioria é islâmica, vou ter que me adaptar ao calendário deles...
E, vice-versa.
Eu estou no gozo! Mas não imagina o debate que foi no ano passado... Claro que não concordo com nada do que disse no post. É só para provocar. besos.
O que não pode é num estado (supostamente) laico, um sujeito auto-proclamado representante de deus na terra (no caso, o tal "Papa") interferir em questões como controle de natalidade, uso deste ou daquele método contraceptivo, etc e tal...
Eu se fosse ministro de estado diria pro tal sujeitinho "no meu estado, eu não rezo missa, e vc não intefira em assuntos de estado"...
O problema é que uma igreja tem muita força.
Imagina a pressão política que tem uma quantidade estúpida de "fiéis"... Dá pra derrubar um político...
Claro que a gente sabe
que o natal não é uma festa cristã.
É uma festa consumista.
Assim como tantos outros "dias especiais": páscoa, pais, mães, namorados, aniversário, etc, etc, etc...
http://z.about.com/d/animatedtv/1/G/K/5/epgrinch_small.jpg
Pois eu acho que a porra toda está no pib. Se se vai acabar com essas festanças consumistas todas vai haver um declive acentuado no (mal)dito produto interno bruto. Além de que acabando os feriados a malta tinha que ir trabalhar e a malta a trabalhar não consome só se consome. Daí que está visto. Há que conservar a tradição e aprofundá-la se possível aumentando os dias de, os feriados de e se calha até se inventam mais uns dias santos de. Não há coisa mais odiosa do estes (mal)ditos dias de.
http://artedartes.blogspot.com/2008/12/deus-de-novo-once-more-with-feeling.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Santa_Claus
(...)
Images of Santa Claus were further popularized through Haddon Sundblom's depiction of him for The Coca-Cola Company's Christmas advertising in the 1930s. The popularity of the image spawned urban legends that Santa Claus was in fact invented by Coca-Cola or that Santa wears red and white because they are the Coca-Cola colors.[24] In reality, Coca-Cola was not the first soft drink company to utilize the modern image of Santa Claus in its advertising – White Rock Beverages used Santa to sell mineral water in 1915 and then in advertisements for its ginger ale in 1923. Furthermore, the massive campaign by Coca-Cola simply popularized the depiction of Santa as wearing red and white, in contrast to the variety of colours he wore prior to that campaign; red and white was originally given by Nast.[25][26]
(...)
(...)
Such condemnation of Santa Claus is a phenomenon not limited to the 20th century, but rather originated among some Protestant groups of the 16th century and was prevalent among the Puritans of 17th-century England and America who banned the holiday as either pagan or Roman Catholic. Following the English Civil War, under Oliver Cromwell's government Christmas was banned. Following the Restoration of the monarchy and with Puritans out of power in England,[31] the ban on Christmas was satirized in works such as Josiah King's The Examination and Tryal of Old Father Christmas; Together with his Clearing by the Jury (1686) [Nissenbaum, chap. 1].
(...)
Esta saphou é de uma ironia tramada.
Também acho. Adorei como goza com o Bloco de Esquerda e afins. Five points.
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