Se vendem medicamentos em hipermercados, também podem vender livros em bombas de gasolina. Mas sempre pensei que seriam livros populachos, coisa de segunda. Fiquei chocada ao ver o meu eterno venerado no escaparate giratório da GALP. Alí, sem pudores, exposto entre os iogurtes e a comida para cão. De GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ, "A hora má: o veneno da madrugada". Ainda em estado de choque, qual foi a minha reacção? Comprar de imediato o único exemplar. Não fosse um paspalho comprá-lo. Traí um amor que remonta a "Cem Anos de Solidão". Ser obrigada a comer um pacote de batatas fritas com sabor a churrasco, seria uma penitência adequada.
Alguns livros deveriam ser apenas vendidos em templos literários, como a Lello, nos Clérigos.
Funes deve estar a rebolar de contente. Sempre preferiu Borges. Nem admite comparações. Não rirá por muito tempo. Nenhum autor escapa à fúria das gasolineiras.
Por último, uma sugestão de leitura para o interminável Domingo: "Os Anicetos também trabalham", de Linda Hayward e Irene Trivas, Col. Rua Sésamo. Este só se vende em locais de eleição.
3 comentários:
http://www.youtube.com/watch?v=DT4CX5vVWyM
Li "O Amor em Tempos de Cólera" há uns 15 dias. Caí na asneira, ou talvez não, de ler "Alquimia" de Paulo Coelho logo a seguir. Bem, ou o primeiro é mesmo um gigante ou o segundo não lhe chega ao dedo mindinho do pé esquerdo.
Numa gasolineira? É, sem dúvida, um ultraje, mas para nós que o veneramos. Para ele penso que não. Um homem verdadeiramente grande cabe em qualquer moquifo, não importando se o odor é de água de rosas ou de crude.
Aconselho-lhe "Do amor e outros demónios".
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